quinta-feira, 19 de março de 2009

Reflexão serena sobre a mulher com as luzes e sombras

Há poucos dias celebrou-se o Dia Mundial da Mulher. Multiplicaram-se as entrevistas e reportagens nos meios de comunicação social, não faltaram artigos a falar do tema, ouviram-se opiniões de psicanalistas, sociólogos e juristas, mulheres das mais diversas condições foram ouvidas, tanto na rua, como nos estúdios, outras escreveram sobre as suas vidas.
Nunca se diz tudo, é certo. Mas, quando se segue, com alguma atenção, um acontecimento como este, e se analisam ecos vindos de todo o lado, fica-se com a sensação fria de que se falou muito, mas se disse pouco, e se passou ao lado de problemas sérios e importantes, perdendo-se, talvez, a ocasião de reflectir com a preocupação de ver na globalidade e de tocar o essencial do tema em causa.
Também na Igreja, embora esta tenha sido e seja, historicamente, o espaço onde a mulher mais tem sido defendida e dignificada, o problema não está por completo resolvido, se é que há problemas humanos com resolução definitiva. Não se trata apenas de ver o que falta outorgar-lhes como serviço ou tarefa e, de fora, se atirar pedras, por razões que nem sempre se explicam por uma verdadeira compreensão do que é a Igreja e a sua missão nas diversas culturas onde se professa a mesma fé. Também, por esta razão, o problema não se resolve uma vez por todas, nem à base de leis ou de opiniões superiores, muito menos de grupos de pressão. Já é bom que se aceite que o problema da mulher não está por completo resolvido, embora o tempo não aceite muitas delongas.
Porém, o problema da mulher é mais grave na sociedade ocidental e em diversas culturas do mundo, suficientemente conhecidas. Como nos toca mais o que melhor conhecemos, olhemos para o nosso espaço geográfico e reflictamos a partir daí.
Ninguém pode negar que muitos passos se deram e estão dando a favor de um estatuto mais humano e justo da mulher. Estão à vista, se confrontados com séculos atrás. Porém, a visão redutora de uns, a pressão ideológica de outros, a deficiente leitura dos fenómenos sociais, a emancipação sociológica sem limites humanos, naturais e sociais, vêm provocando novos problemas e não ajudando a uma equilibrada solução dos antigos. Hoje, para os que se julgam pioneiros da inovação social, há duas classes de mulheres: as que deitam abaixo todas a barreiras, e essas são louvadas e apoiadas, e as que mantêm princípios e valores, teimam em ser interiormente livres ante as pressões de uma sociedade acrítica, e essas são julgadas como retrógradas e consideradas obstáculo à modernidade e seus postulados.
Não vi ninguém falar das esposas e mães que não abdicam de ser uma coisa e outra; das mulheres fecundas, espiritual e socialmente, dedicadas a causas a que dão vida; das jovens que, para viverem um ideal em que acreditam e poderem dar sentido à sua vida, têm de entrar na clandestinidade pessoal, porque, neste país democrático, professores, colegas e até familiares, põem a ridículo as suas legítimas opções e fazem tudo para desvirtuar os seus propósitos; das mulheres, transformadas em objectos diários de prazer de um machismo irresponsável, de gente importante ou que se julga tal; das que deixam tudo e partem para serem mães e irmãs em terras e missões difíceis onde o amor escasseia; das vítimas de leis que lhes tiram a palavra para a darem a prepotentes, que fazem da sua influência e dos seus interesses pessoais a sua força; das que são, pela sua oração e radicalidade de entrega a valores permanentes que não perdem cotação, os permanentes pára-raios de uma sociedade progressivamente extraviada…
E todas estas são mulheres. O Dia Mundial também lhes dizia respeito. Se as mulheres perdem a dimensão e a referência espiritual das suas vidas, a sociedade fica mais pobre, na família, no trabalho, na convivência… Quem as ajuda a ser mulheres, sempre e só mulheres.
António Marcelino

COMO OS HOMENS "VERTICAIS"


Cai não cai é o que muitos pensam. Até agora não caiu e já a conheço há muito. Não cai porque tem as raízes bem presas à terra. É como os homens "verticais". A idade e o cansaço da vida podem obrigá-los a ficar inclinados, mas mantêm-se sempre de pé, como as árvores!

Dia do Pai

Homenagem
“As árvores morrem de pé!” Poder-se-ia aplicar com toda a propriedade a esta criatura, pela sua postura, pelo seu modelo de vida,! O seu porte erecto, a sua verticalidade em todos os campos de actuação, a sua dignidade, não envelhecida pelo contágio das cãs que lhe emolduram o rosto, despertam a admiração que nutre por este homem, a sua orgulhosa descendente. Reúne toda a sabedoria que as suas quase nove décadas de existência, atravessando dois séculos, lhe consentem. Detentor de uma cultura e intelectualidade anacrónicas na época em que nasceu e cresceu, passeia-se na vida com a mesma frontalidade, com que sempre viveu. Soube respeitar os seus semelhantes, cumpriu até à exaustão os deveres familiares, sociais e políticos de que foi acometido. Pontualidade, dignidade, integridade, constituíram um valioso património humano que legou à sua prole. Recordo ainda, com muita vivacidade, a forma sábia, pragmática, com que resolvia problemas do quotidiano, que se lhe deparavam e que atestam os seus profundos conhecimentos de psicologia. De formação académica, possui apenas (!?) o exame da 4ª classe feito com distinção e rivalizava, em competência e aplicação, com a sua malograda companheira, que assinaladamente o abandonou, a 11 de Setembro do ano que ora terminou. O seu maior sonho fora o prosseguimento de estudos, numa instituição de ensino técnico, para alargar os horizontes e pôr a render os talentos com que a Providência o dotou. E… foram tantos! As suas responsabilidades laborais, desempenhadas por turnos, a sua jovem família rapidamente acrescida e o desejo veemente de que nada lhe faltasse impediram-no de concretizar esse sonho. Ostenta, ainda hoje, na panóplia de documentos que preenche a sua carteira, um cartão de matrícula na E. Comercial e I. de Aveiro, que exibe, num misto de nostalgia e orgulho. Tivesse Salazar dado a oportunidade, nos tempos que já lá vão, a algumas cabeças dotadas e outro galo cantaria! Se, na altura, existisse já a escolaridade obrigatória dos nossos dias, esta criatura teria ido longe. Foi-o mesmo assim, nos valores, na formação humana que transmitiu aos seus descendentes, aliados à oportunidade que lhes deu de singrar na vida, cada qual, à sua maneira. Todos venceram, para gáudio do progenitor! Recordo, ainda, a forma sábia, inteligente, como reagia e dava resposta a quem o interpelava. Quando me debatia com dificuldades e o desânimo se apoderava de mim, e devo confessar que muitas vezes esse violador de donzelas incautas, me possuiu... o pai, serenamente, numa atitude inteligente de dissuasão, respondeu imperturbável: - Deixa lá, minha filha! Não ficas sem trabalho! Tenho muitas terras para cavar! Nos estudos, que fazia na Faculdade de Letras, sentia esse desânimo quando me obrigavam a “imiscuir-me”, naquele maldito Fausto… em que a figura do Mefistófeles me dava voltas à cabeça. Aí, apetecia-me mesmo pôr-me a cavar e ir ter com o meu pai, à terra do tio Sam! Agora, à distância, tenho que agradecer, a Goethe, o seu precioso contributo, na decisão de acabar o curso! Tinha chegado a manifestar a intenção de desistir! Uff! Ouvi, engoli em seco e hoje, quem quer ver-me a cavar, no sentido literal do termo, é pelo amor à terra, à Natureza, ao bucolismo que a vida do campo me proporciona! Deambular pela horta, passear-me pelo ar quente e simultaneamente fresco e limpo, do pinhal adjacente, são a melhor terapia que posso ter encontrado para refrigério do meu cansaço intelectual... vulgo, stress!
Mexer nas plantas, na terra É p’ra mim um doce alívio! E com a verdade se encerra Eu gosto deste convívio!
E… o meu pai… não pretendeu mostrar a ninguém, muito menos à filha universitária, que era latifundiário!!! Na Gafanha, não os há! É uma realidade alheia ao povo das gafanhas!
M.ª Donzília Almeida

quarta-feira, 18 de março de 2009

Forte da Barra não está esquecido

Porto de Aveiro e Câmara de Ílhavo apostam em recuperar o Forte de Barra
O antigo Forte da Barra, edifício de interesse público em estado bastante degradado, vai ser recuperado no âmbito de um protocolo assinado entre o Porto de Aveiro e a Câmara Municipal de Ílhavo (CMI). Tratando-se de uma propriedade do Estado, aqueles duas entidades souberam dar as mãos para lhe devolver a dignidade a que tem direito. Dentro de um ano, reza o acordo, o estudo para a requalificação ficará concluído, definindo-se, simultaneamente, o programa da implementação do que for viável e necessário. Para o presidente da CMI, Ribau Esteves, já existem “três ou quatro privados interessados” em aderir ao projecto de restauro, pelo que é de prever que tudo decorra com a celeridade possível. Entretanto, aquelas entidades também formalizaram um conjunto de intervenções em cooperação, algumas das quais já aplicadas, nomeadamente, a requalificação do Jardim Oudinot, as obras de ligação da ferrovia e a execução da terceira via de cintura portuária. José Luís Cacho, director da APA (Administração do Porto de Aveiro) adianta que “a Câmara de Ílhavo é nossa parceria estratégica, com quem temos uma excelente cooperação”, lamentando apenas que o grande investimento actualmente em curso no crescimento portuário não permita usar mais recursos financeiros, no “cumprimento de responsabilidades sociais”.

O Alentejo na Memória de Júlio Resende

Centro Cultural de Ílhavo: terça-feira, 24, 18 horas
No dia em que o Centro Cultural de Ílhavo comemora o seu primeiro aniversário, terça-feira, 24 de Fevereiro, é inaugurada, pelas 18 horas, uma bela exposição do mestre Júlio Resende, com obras do espólio do "Lugar do Desenho - Fundação Júlio Resende". Deu-se preferência à fase alentejana do artista, explorando as temáticas e técnicas do desenho, desenvolvidas durante este período de produção do pintor.

ARTES de João Ricardo e José Luís Ribeiro no CAE

(Clicar para ampliar)
Arte para recordar e para meditar
Na Sala Zé Penicheiro, no CAE (Centro de Artes e Espectáculos) da Figueira da Foz, está patente ao público uma exposição conjunta de João Ricardo e José Luís Ribeiro, até 5 de Abril. Pintura do primeiro artista e escultura do segundo mostram bom gosto e sensibilidade que merecem uma visita atenta. João Ricardo de Carvalho Pinho da Cruz expôs pela primeira vez em 1975, em Maputo, cidade onde nasceu. Presentemente, está representado em Lisboa, Porto, Aveiro, Coimbra, Setúbal, Viseu e Figueira da Foz, entre outras localidades do nosso País e do estrangeiro. Recebeu o 1.º Prémio do Concurso de Pintura ao Ar Livre da Câmara Municipal de Vouzela. Gostei dos quadros que apresentou, ontem, na Figueira da Foz, com reflexos de recantos que nos são familiares e que ocupam um lugar especial nas nossas memórias. José Luís Gomes dos Santos Ribeiro apresenta escultura em madeira e cerâmica. Natural de Angola, expôs pela primeira vez em 1984. Nos primeiros anos, explorou a madeira como suporte de múltiplos entrançados de algas, cartilagens, pedras e sementes. Posteriormente envereda para o barro. Por último, tem procurado interpretar contextos de culturas envelhecidas, que procuram lançar raízes na modernidade. Os meus olhares fixaram-se, para reflectir, sobre trabalhos que desafiam o nosso o imaginário. Vale a pena uma visita. FM

Com a Poesia por tema

21 de Março - um dia com o Grupo Poético de Aveiro

O objectivo destas actividades consiste em intervir com a palavra dita em vários espaços, procurando chegar a um maior número possível de pessoas.

Aveiro - Inauguração da Livraria Buchholz - Praça Marquês de Pombal - 16h00 Ílhavo - Colaboração com a Confraria Camoniana - 15h30m - Biblioteca Municipal de Ílhavo Comboio Urbano - Aveiro/Estarreja- Estarreja/Aveiro Partida de Aveiro às 15h19 Partida de Estarreja às 15h58
Biblioteca Municipal de Aveiro -17h00 Aveiro - Café Cafeína - 18h00 Todos podem participar. Venha ler o seu poema preferido com o Grupo Poético de Aveiro.