sábado, 17 de janeiro de 2009

CASA ZÉ-ZÉ respeita a tradição

Caldeiradas de enguias de sabor único 


Eu sei que gostos não se discutem, mas cá para mim, caldeiradas de enguias só no ZÉ-ZÉ, na Gafanha da Nazaré. Conheço-as desde a minha juventude, como já referi no meu blogue. E hoje, por estranha coincidência, no dia em que se recorda o falecimento do meu amigo ZÉ-ZÉ, de seu nome de baptismo Manuel José da Silva, que nos deixou em 17 de Janeiro de 1983, já lá vão, portanto, 26 anos, voltei a saborear uma esplêndida caldeirada de enguias. A regá-la, apenas um vinho da casa, muito bom. A fechar, um doce caseiro e um café.
Tive o prazer de ser servido pela sua neta Elsa, que conheço desde menina. Na cozinha, mostrou o seu bom gosto o neto Duarte, actual responsável pela casa. Os herdeiros do ZÉ-ZÉ continuam, assim, a respeitar a tradição de uma casa, cujo primeiro alvará data de 1936. A enguia é rainha por estas bandas desde a primeira hora, tanto quanto sei. E o segredo da sua fama, como frisou a Elsa, está na família. Não há registo escrito da lavra do ZÉ-ZÉ, mas a sua neta garantiu-me que está bem guardado e gravado nos genes familiares. Daí, portanto, a fidelidade dos sabores a que nos habituou o fundador da casa.
Questionada sobre a relação entre a caldeirada à ZÉ-ZÉ e as outras, logo adiantou que não pode compará-las porque não as conhece. O que sabe é que a caldeirada criada pelo seu avô é conhecida em todo o lado. Há clientes que, periodicamente, aqui vêm de propósito para se deliciarem com um prato diferente. A sala apresenta-se decorada com motivos marítimos, ao jeito da região. E não faltam registos de quem veio, comeu e gostou. Por exemplo, em destaque, há um prato com dedicatória oferecido por um grupo de funcionários de um Banco, de Coimbra, com data de 4 de Abril de 1976, comemorativo de visitas gastronómicas entre 1967 e 1976, na quinta-feira santa. Reza assim:

"Para sair O totobola Jogamos todos Com fé Mas só nos sai Caldeirada Preparada no Zé-Zé"

A CASA DA LEITURA: Um espaço a ter em conta

O meu blogue lembra hoje, com certo destaque, um espaço já aqui referenciado à margem: CASA DA CULTURA. Chamo a atenção dos meus leitores para o que se diz na apresentação do “site”: “A Casa da Leitura nos seus distintos níveis de leitura, oferece não apenas a recensão de mais de 1400 títulos de literatura para a infância e juventude, organizados segundo faixas etárias e temas, com actualização periódica semanal, como desenvolve temas, biografias e bibliografias. Tudo dirigido preferencialmente a pais, educadores, professores, bibliotecários, enfim, a mediadores de leitores. Em simultâneo, responde às dúvidas mais comuns sugerindo um conjunto de práticas destinadas às famílias e aos mediadores.” Agora, há que seguir as propostas da CASA DA CULTURA, no sentido de sugerir a crianças e jovens o que vale a pena ler.

A MAIOR RIQUEZA: SEMELHANTES

Há algo essencial que aqueles que quereriam imortalizar-se, mediante a clonagem, esquecem: mesmo os clones, quando dissessem "eu", di-lo-iam de modo único e intransferível. Não é isso, aliás, o que acontece com o gémeos verdadeiros? De facto, cada um de nós é sempre o resultado de uma herança genética e de uma história única, história com cultura. Nenhum de nós é sem o outro, sem outros. Sem tu, não há eu. Fazemo-nos uns aos outros em interacção. Só com outros seres humanos nos tornamos humanos. A nossa identidade é constitutivamente atravessada e mediada pela alteridade, concretizada em outros. Ora, não havendo outros sem a interpenetração de biologia e cultura, é inevitável o diálogo intercultural. O encontro com o outro acontece sempre no quadro da cultura, porque não há outro "puro", sem cultura. Assim, na presente situação do mundo, em contexto de multiculturalismo, não basta a mera junção de culturas, vivendo umas ao lado das outras e respeitando-se mutuamente. É preciso passar do multiculturalismo da justaposição ao pluralismo cultural interactivo, deixando-se desafiar por uma identidade interrogativamente aberta. Neste quadro, há hoje a tendência para valorizar sobretudo a diferença: é a diferença que nos enriquece, diz-se. Quem pode pôr essa afirmação em dúvida, quando se percebeu que a identidade é atravessada pela alteridade? No entanto, se podemos entender-nos, é porque somos fundamentalmente iguais. Como recordava recentemente, em Santa Maria da Feira, num debate sobre o diálogo intercultural, o filósofo Fernando Savater, a semelhança entre os seres humanos é que cria a riqueza e funda a humanidade. Reconhecemo-nos, porque somos semelhantes. Só porque o fundamental é a nossa semelhança é que há igualdade de direitos e só porque não há diferença de direitos fundamentais é que há o direito à diferença. Afinal, "não há ninguém tão convencido da diferença como um racista". Claro que, no encontro com o outro, nunca se pode esquecer que o outro é um outro eu e ao mesmo tempo um eu outro, de tal modo que nunca nenhum de nós saberá o que é e como é ser outro enquanto outro, eu outro. Mas o que mais nos interessa é a semelhança, pois, nas diferenças, somos todos humanos, reconhecendo-nos. Se me perguntam pelo fundamento último da dignidade humana, digo que é a nossa comum capacidade de perguntar. O que nos reúne é uma pergunta inconstruível, sem limites, que tem na raiz o infinito e nele desemboca, sendo as culturas tentativas de formulá-la e perspectivar respostas. Aqui, assenta a convivência fraterna e digna da Humanidade, reconhecendo todos como humanos. Mas, como também lembrou Savater, inimigos maiores desta convivência são a pobreza e a ignorância. Rejeitamos os pobres, porque metem medo: nada nos dão e obrigam-nos a dar. A ignorância é outra fonte de susto: quando se não reconhece a semelhança, teme-se o diferente. Aí está, pois, a urgência da solidariedade, assente no reconhecimento da semelhança. Nesta solidariedade, justiça e caridade têm de abraçar-se. Sobre este abraço, Bertolt Brecht, o famoso escritor marxista, que lia a Bíblia, escreveu estes versos inultrapassáveis: "Contaram-me que em Nova Iorque,/na esquina da rua vinte e seis com a Broadway,/nos meses de Inverno, há um homem todas as noites/que, suplicando aos transeuntes,/procura um refúgio para os desamparados que ali se reúnem.//Não é assim que se muda o mundo,/as relações entre os seres humanos não se tornam melhores./Não é este o modo de encurtar a era da exploração./No entanto, alguns seres humanos têm cama por uma noite./Durante toda uma noite estão resguardados do vento/e a neve que lhes estava destinada cai na rua.//Não abandones o livro que to diz, Homem./Alguns seres humanos têm cama por uma noite, / durante toda uma noite estão resguardados do vento / e a neve que lhes estava destinada cai na rua. / Mas não é assim que se muda o mundo, / as relações entre os seres humanos não se tornam melhores. /Não é este o modo de encurtar a era da exploração." Anselmo Borges,
In DN

Eis-me de regresso

Ontem foi dia de folga no meu blogue. Descansar também é preciso. Não cultivando o ócio, mas olhando para outros assuntos. Deu tempo para ler, para um encontro sobre a história de uma instituição, para uma caminhada longa na Av. José Estêvão, para responder a e-mails de amigos, para ouvir música. Eis-me de regresso ao contacto com os meus leitores., nesta ânsia de estar no mundo da comunicação. Vida sem comunicação não faz sentido. Bom fim-de-semana para todos.
FM

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A propósito do prémio atribuído a Cristiano Ronaldo

"Há nestes prémios um frágil desequilíbrio (não é equívoco!) entre quem será melhor no seu desempenho. Será quem abre ou quem fecha, quem faz chegar a bola lá à frente ou quem evita que o adversário dê uma “abada”!? Imagine-se aquele futebolista que treina, carrega com o “piano”, ganha menos, faz brilhar os outros e ninguém olha para ele? São esses que fazem o passe, evitam que os outros sejam melhores. Depois, a máquina da propagando faz o resto."
Manuel Oliveira de Sousa

Música na Escola

Filarmonia das Beiras oferece
música a alunos do 1.º Ciclo
Nos dias 12, 13 e 15 de Fevereiro, a Filarmonia das Beiras vai oferecer às crianças do 1.º Ciclo do Município de Ílhavo o projecto Música na Escola, dando-lhes a oportunidade de vivenciarem e sentirem a experiência de assistir a um concerto de música clássica. Haverá marcação prévia das escolas e os concertos, dirigidos pelo maestro António Vassalo Lourenço, decorrem no Centro Cultural de Ílhavo.

VINDE VER

Mas onde mora Jesus?
:
É este o convite-apelo que Jesus dirige a André e a João que, cheios de inquietação e timidez, lhe haviam feito uma pergunta curiosa: “Mestre, onde moras”? A curiosidade estava alicerçada na confiança da palavra do seu mestre João Baptista e, sobretudo, na força encantadora do olhar de Jesus. A resposta não podia ser mais atraente e sedutora. Foram, viram e ficaram. Passaram a andar, a seguir e a conviver. Deste modo, se vão fazendo discípulos e apóstolos. Além de histórico, este episódio tem um alcance simbólico. Nele se condensa a vocação de cada pessoa. Deus chama-te. Pelo teu nome. Em momentos fugazes. Servindo-se de meios normais. Oferece-te a sua companhia. Quer comunicar-te o seu jeito de ser humano. Quer fazer contigo uma experiência feliz e confiar-te uma missão. A nossa vida está marcada por imensas chamadas. Todas ficam registadas como no telemóvel, mesmo as não atendidas, embora nem sempre identificadas. A nossa consciência nas suas zonas mais profundas vai fazendo o seu arquivo vivo que, de vez em quando, emite sons que dão origem a aspirações adiadas que aguardam a hora da realização. Também nós chamamos outros e, se somos correspondidos, quantas conversas e alegrias ocorrem, quanta satisfação alimenta a nossa auto-estima, quantas iniciativas de bem se promovem. Mas onde mora Jesus? – continua a perguntar a nossa vontade de obter respostas objectivas. E com razão, embora a vida humana ultrapasse imenso o objectivado, o materializado e o quantificado. Jesus encontra-se na consciência humana que tem valor em si mesma e se dignifica procurando a verdade, na igualdade fundamental a todos reconhecida por natureza e pelas culturas ou pelo direito, na libertação dos egoísmos que permitem ao ser humano desabrochar as suas capacidades de solidariedade generosa, na humanização da vida, na ecologia social, na erradicação da pobreza imposta, no sentido nobre da vida, na comunhão universal, na harmonia cósmica. Viver com Jesus é aprender a ser humano com horizontes rasgados de proximidade e de Infinito.
Georgino Rocha