segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Mensagem de Advento e Natal


Neste Advento e Natal de 2007, como Organizações Católicas de apoio aos Imigrantes, queremos, enviar uma mensagem de paz e esperança, de alegria e solidariedade a todos os homens e mulheres do nosso país, solidarizando-nos com todos, mas, de uma forma muito especial, com todos os que, devido a circunstâncias adversas nos seus países de origem, escolheram ou se viram forçados a escolher Portugal para viver e trabalhar.
Vivemos tempos difíceis! As situações de crise económica, política e social repercutem-se, cada vez mais, na vida concreta das pessoas, e manifestam-se de maneira especial, na falta e precariedade de emprego e, por consequência, num maior empobrecimento de grande parte da população, fazendo aumentar os conflitos sociais, originando vagas de migrações que buscam, longe das suas terras, os meios para viver com o mínimo de dignidade.
A situação actual de crise económica afecta todos, mas especialmente os pobres e com mais força os imigrados, frequentemente em situação irregular e precária, sendo explorados, sem direitos efectivos e sem esperança. Nós, porque conhecemos directamente a realidade dos imigrantes, queremos partilhar com todos e de uma forma especial com os cristãos, pistas para reflexão e partilha afim de que na nossa caminhada de Advento possamos criar atitudes que, face ao fenómeno das migrações, nos ajudem a viver um Natal centrado no mistério da explosão de alegria surgida em Belém com Jesus, o imigrante por excelência, que integrou a história da humanidade.

Fórum de Organizações Católicas de Apoio aos Imigrantes (FORCIM)

ARES DO OUTONO





O Forte da Barra, em dia de Outono frio e húmido, não deixou de ser agradável à vista. Passei por lá e registei estas imagens que partilho com todos, em especial com os emigrantes que daqui partiram para um dia voltarem às origens.

DIA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA



Hoje celebra-se o Dia da Pessoa com Deficiência. Para recordar que os deficientes existem e que têm direitos. Se pensarmos bem, todos nós temos, de alguma forma, uma qualquer deficiência. Mas não me refiro a esses, os que, por exemplo, têm de usar óculos para poderem ver melhor. Refiro-me aos que estão mais limitados para viverem no dia-a-dia. São esses que precisam que os tratemos como pessoas de pleno direito, embora carentes de infra-estruturas para se movimentarem com naturalidade. E para viverem dignamente.
Há, em Portugal, e decerto no mundo civilizado, instituições vocacionadas para apoiarem a pessoa com deficiência. E aí, se muitos de nós quisermos, poderemos contribuir para facilitar o mundo aos que estão nessa situação.
Há sempre algo que poderemos fazer pelos outros. Quem sabe se amanhã não seremos nós a precisar.

Na Linha Da Utopia

TÃO ANTES DO TEMPO QUE… 1. Não esquecemos uma história, já lá vão uns cinco anos, numa grande superfície comercial da região. Lembramo-nos que era o dia 7 de Novembro e os locais de comércio estavam a ser engalanados para a chamada quadra comercial natalícia. Nesta história real, havia um avô, uma mãe e uma criança. Três gerações diferentes diante do mesmo acontecimento. O choro da criança era a todo o custo o pedido exigente à mãe para lhe comprar aquele brinquedo. Ela, talvez para conseguir acomodar a situação, parecia na disposição de fazer a sua vontade… Entretanto, intervém o avô, guardião da tradição, com um chavão que gravámos na memória: “não, o Natal é só em Dezembro!” 2. O “século” que vivemos vai elegendo o comercial acima de tudo, já nem se conseguindo um domingo à tarde (em certas quadras) que seja para estar em família, conversar, passear ou descansar. A concorrência aberta, bom sinal no sentido pluralista, não havendo “bela sem senão”, faz do chegar primeiro o lema de todas as casas. E com o passar dos anos vem-se ampliando toda a antecipação de tudo, em que quando se chegam aos dias festivos já pouco faz sentido. Saturação. O “mágico” das quadras especiais, como o Natal, vai-se diluindo pelo tempo fora… Que bom seria que esses mesmos valores correspondentes (ao menos da tradição) também fossem passando, mas parece que quanto a esses o Pai Natal Comercial abafa, este tornou-se dono e senhor. 3. O homem do saco vermelho já há muito que anda por aí, e até vai tendo direito a entradas triunfais como se ele merecesse toda a adoração. Em vez de “amor e paz” a sua palavra mágica é “prendas”e mais “prendas”, num ter que se gasta e vai arrefecendo o tão essencial calor humano da ternura dos gestos sensibilizantes. É um facto. E se os grandes têm a distância crítica de quem sabe a origem e o sentido do Natal (e em que os gestos calorosos são o seu prolongamento festivo), já aos pequenos, predominantemente, pelo que vemos, pouco lhes interessa alguma mensagem. E mais, de tanta sobrecarga de prendas e coisas tanto antes do tempo, quando chegar o dia nada tem sentido, nada tem valor. 4. Este ano a meados de Setembro começou a “vender-se” Natal. Para o ano, será em Agosto? Pela quantidade das coisas vamos perdendo o calor dos gestos... Verdade? Exagero? Os vindouros serão o que “lhes damos” hoje. Seja o AMOR o presente mais dado. Não estraga, é gratuito, tem todo o futuro e representa mesmo o verdadeiro Natal! Até nesta mensagem da “memória” os avós são tão necessários. Alexandre Cruz

domingo, 2 de dezembro de 2007

Na Linha Da Utopia

A ESPERANÇA 1. A esperança é o encontro com o desejado (bom e belo) futuro. Uma esperança que supera toda a ciência e tecnologia, pois que abarca a totalidade da existência, como encontro do que se é com o que se procura, envolvendo tudo o que se sente de mais profundo. Nesta fase histórica da globalização comunicacional do séc. XXI, que sobrecarregada nas mudanças de paradigmas de pensamento-vida gera um ansioso pessimismo, falar e propor esperança é perspectivar e antecipar um amanhã melhor que relativiza o poder das “coisas” ou dos “sistemas” e eleva a dignidade humana como centro de toda a experiência histórica. 2. Que bom seria que todos os líderes das grandes instituições, ciências sociais e humanas, filosofias, e religiões, esboçassem o seu Tratado da Esperança como compromisso com o futuro do século…e nesse caminho de reflexão sentissem o comum desígnio humano como transcendência, numa realização humana que se completa para além da historicidade sempre limitada. Diremos que neste aprofundamento dos valores essenciais da paz, amor, esperança, sentido da vida, todas as energias ganham proximidade, parceria, dando assim, “razões” para acreditar na esperança, pois esta não pode ser palavra “vã” que se professa sem se alimentar da interioridade…pois só depois se manifestará na (vida ética da) exterioridade histórica concreta. 3. Como que procurando partilhar uma mensagem esboçada nas raízes do ocidente, Bento XVI na recente Carta Encíclica (Spe Salvi – Salvos na Esperança) propõe-se a essa reflexão, na qual constrói o caminho da esperança, do Humano ao Divino, que para os cristãos brota na Primeira Pessoa. Nesta proposta da Esperança Cristã que culminará com a reflexão da época patrística (Agostinho de Hipona) e do magistério eclesial, o papa cita Platão, Lutero, Kant, Bacon, Dostoiesvski, Engels e Marx. Numa visão de confronto reflexivo, visando uma distância crítica em relação aos sistemas técnico-sociais que, levados ao absoluto, podem asfixiar a esperança. 4. A esperança, como brotar contínuo de um sentido da vida que não “seca”, não se compra nem se vende, nem se produz em laboratório ou se detecta nas tecnologias da comunicação, por mais aperfeiçoadas que venham a ser. A esperança exige a “entrega” para além de si mesmo e para além das visões da história humana, sempre procuradora de verdades maiores. A viagem dos anos da vida apura a esperança, e em circunstâncias onde as forças da lógica racionalista humana nada valem… essa luz de esperança existencial (no fundo, sempre procurada) brota anunciando um amanhã melhor. Não é algo da ordem das pressas técnicas, exige a capacidade de sabedoria poética, elevada ao infinito! Não haja dúvida, na junção de todas as reflexões da esperança, o edifício da Nova Humanidade ganhará alicerces para todo o futuro! Alexandre Cruz

DIA DA ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA




Comemora-se hoje o Dia da Abolição da Escravatura. A oportunidade desta comemoração é evidente. A escravatura desde sempre existiu à face da Terra. E continua a marcar a existência de muitos seres humanos. Foi oficialmente abolida em muitos países, mas ainda existe em muitos outros. Até naqueles onde se julga que a escravatura foi erradicada há muito.
Quando se fala de escravatura, logo nos vêm à mente cenas de pessoas acorrentadas e ligadas, como bichos, a trabalhos forçados. Seres humanos tornados animais de carga. Sem direitos, sem voz, sem projectos de vida, sem felicidade. Eram comprados e vendidos como gado nas feiras. Eram propriedade absoluta de quem os comprava, com direito a fazer deles o que quisesse.
Contudo, e sem podermos esquecer esse tipo de escravatura, não podemos ignorar a realidade dos tempos actuais em países civilizados e democráticos. É sabido que há novas e subtis formas de escravatura. Escravos do sexo, escravos de negócios sujos, escravos de patrões cegos pelos lucros fáceis, escravos do dinheiro que todos os sentimentos abafa, escravos de ideologias desumanizantes, escravos de máfias que os exploram sem piedade. Mais ainda: crianças forçadas a trabalhos de adultos, crianças escravizadas na pedincha, crianças-soldados em guerras que não entendem, crianças-artistas sem tempo para brincar, crianças abusadas por adultos tarados, crianças sem direitos de crianças.
O rol das novas formas de escravatura seria interminável. Mas o que disse já será minimamente suficiente para reflectirmos sobre a escravatura que ainda existe entre nós. Para que um dia todos os homens e mulheres deste mundo sejam pessoas livres.

Fernando Martins

ACOLHER A DEUS QUE VEM



Deus faz-se humano e quer acolher-nos. Pretende encontrar-se connosco e ser nosso amigo e companheiro. Vence todas as barreiras para se fazer próximo e dar a conhecer este seu desejo. Quer ajudar-nos a ser humanos, abrindo-nos horizontes de realização plena. Quer indicar-nos o caminho a percorrer, os valores a cultivar, as opções a fazer, as atitudes e os gestos a vivenciar. Quer envolver-se na história humana, potenciando capacidades e ajudando a superar limitações. Quer ser verdadeiramente o Emanuel, o Deus connosco.
É este o sentido profundo do Advento que marca o início do Ano Litúrgico. É uma espécie de tempo novo em que o modo de ser e de agir de Deus se vai dando a conhecer progressivamente. E também a maneira como reage a humanidade.
A história bíblica constitui um rico documentário desta relação mútua. Deus mantém-se sempre fiel. O povo nem sempre e faz outras opções. Surgem então os profetas que recordam o propósito divino, as promessas feitas, a aliança celebrada. E anunciam que o Emanuel vai nascer. É necessário estar atento e vigilante, preparar-se para o acolher, pronto e disponível lhe corresponder.
Jesus é este Emanuel. O seu nascimento é o Natal cristão. A atitude mais correcta é a vigilância do espírito, fruto de uma consciência lúcida e de um coração sensível. A resposta mais acessível e coerente é o cultivo da liberdade para, sem medos nem inibições, o acolhermos com alegria e verdade.
A atitude vigilante supõe e exige forças dinâmicas que nos fazem viver um humanismo de qualidade: a esperança, a sobriedade, o trabalho, a responsabilidade, a oração que constitui como que a seiva de todas as outras.
A esperança tem como alicerce a promessa feita e Deus não falha. A sua vinda é certa. O envolvimento no seu projecto depende de nós. A sobriedade faz-nos ser donos de nós mesmos e partilhar generosamente os bens com os necessitados. O trabalho desenvolve capacidades indispensáveis à nossa realização e à dos outros. A responsabilidade leva-nos a dar a melhor resposta aos desafios que nos chegam, quer provenham das situações humanas, quer da urgência de testemunhar de modo credível o Evangelho.
Estas forças dinâmicas, além de tornarem mais humana a nossa vida, dão um contributo valioso à humanização da sociedade. O natal da nova humanidade está a surgir e pode ser apressado. Precisa do esforço de todos, especialmente do contributo de pessoas enraizadas na fé, alegres na esperança e empreendedoras no amor gratuito.



Georgino Rocha

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