sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

GOSTEI DE LER



SOIS VÓS


Quando no meu corpo (e muito mais no meu espírito)
começar a notar-se o desgaste da idade,
quando se precipitar sobre mim, de fora,
ou nascer em mim, por dentro,
o mal que apouca ou aniquila,
no momento doloroso em que subitamente
tomar consciência de que estou doente ou estou velho,
nesse momento derradeiro sobretudo em que
eu sentir que escapo a mim mesmo,
absolutamente passivo nas mãos
das grandes forças desconhecidas que me formaram,
em todas essas horas sombrias,
dai-me, meu Deus, o compreender que sois Vós
(contanto que a minha fé seja assaz grande)
que afastais dolorosamente as fibras do meu ser,
para penetrardes até à medula da minha substância,
para me levardes para Vós.


Teilhard de Chardin

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In Correio do Vouga

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

GRANDES AVEIRENSES



D. JOÃO EVANGELISTA
DE LIMA VIDAL

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D. João Evangelista de Lima Vidal, primeiro bispo da restaurada Diocese de Aveiro, depois de muitos anos ao serviço da Igreja e do País. Foi, para mim e para muitos, de uma importância crucial na restauração da Igreja Aveirense. Como Bispo da Diocese de Aveiro, soube abrir caminhos para uma sociedade mais cristã e, por isso mesmo, mais fraterna. Mostrando grande amor à Igreja e aos aveirenses, soube intervir na sociedade, com oportunidade e poesia, falando e escrevendo com rara sensibilidade sobre as nossas gentes e coisas.
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Nota: Solicitaram-me, há dias, que indicasse cinco Grandes Aveirenses.
Os que escolhi, de entre um rol que dificilmente terá fim, vão ser aqui apresentados, na certeza de que poderia ter optado por outros. Mas foram estes.
De qualquer forma, aqui deixo o desafio aos meus leitores, para que não deixem de me indicar as suas escolhas. Terão de ser homens e mulheres já falecidos, aveirenses de qualquer quadrante ideológico e de qualquer época.
F.M.

PODER LOCAL DESCONSIDERADO

GAFANHA DA NAZARÉ:
GNR JÁ OCUPA
NOVO QUARTEL
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Há atitudes que não se compreendem. Ainda não há muitos dias, o presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, Ribal Esteves, anunciava que estaria para breve, em data que não conhecia, a transferência da GNR para o novo quartel. Hoje, no Diário de Aveiro, é anunciado que, afinal, a GNR já mudou para as moderrnas e amplas instalações, ao lado da via rápida que liga Aveiro às Praias da Barra e Costa Nova.
Pelo que se vê, o Poder Local foi desconsiderado. Nem sequer por uma simples nota, pelo que se deduz da notícia, foi a autarquia avisada. Não sabemos as razões, mas há falhas que não se compreendem nem são de admitir.
Numa democracia como a nossa, em que o Poder Local foi amplamente dignificado, penso que ainda temos muito que andar para se atingir um elevado grau de responsabilidade e de respeito pelos outros. Por que razão os responsáveis pela GNR quiseram desconsiderar as autarquias ilhavenses?
Custa-me aceitar que na base desta atitude estejam motivos políticos. Estarei enganado?
Fernando Martins

CARLOS BORREGO EM ENTREVISTA AO DA

O aquecimento global e as alterações climáticas são questões incontestáveis, como refere o professor Carlos Borrego. Nesta entrevista, o investigador da Universidade de Aveiro aponta medidas que deveriam ser tomadas na região de Aveiro



Carlos Borrego:
Alteração climática
«é uma realidade
incontestável»




As alterações climáticas já são uma realidade?
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Neste momento, todos nós já demos conta de uma série de mudanças em termos do que era o clima normal. Portanto, se havia algumas dúvidas no cidadão comum, hoje parece-me que se dissiparam. Cientificamente, já não há dúvida nenhuma. Desde o início da década de 1990, foram provocadas mudanças climáticas que não têm só a ver com a componente natural, já que, nas alterações que entretanto se produziram, houve, sem dúvida nenhuma, a introdução de factores antropogénicos que deram origem a um aumento da velocidade no que causa essas alterações. Não estamos a dizer que não haja alterações naturais, podem acontecer perfeitamente, e se calhar estamos numa situação em que estão a evoluir, mas nós, com a nossa intervenção, viemos acelerá-las. Portanto, a alteração climática é uma realidade incontestável.


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Leia mais no Diário de Aveiro

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Avenida José Estêvão - Arranjo urbanístico


Quem se habituou a circular pela Av. José Estêvão, de ponta a ponta, vai estranhar quando as obras forem feitas. Tanto quanto se sabe, vai ser criada uma zona pedonal junto à igreja matriz, conforme prevêem projectos entregues no Concurso de Ideias para o local. 
A partir dos semáforos e até ao cruzamento que dá para o Centro Cultural não poderão circular veículos automóvel. Os peões, aí, serão reis.

CUFC - ESTÓRIAS DA RIA


NB: Para ver bem, clique na imagem.

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

UM ARTIGO DE ALEXANDRE CRUZ

Princípios
e critérios do voto
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1. Qualquer opção consciente impli-cará um sério discernimento prévio. A qualquer eleição ou referendo terá de presidir um sentido de ideal, de princípio, sendo este a base de critérios certa para um voto em consciência consciente; sim (consciência consciente), porque poderá haver consciência inconsciente de tudo o que está em causa numa opção a assumir…
Sublinhamos, precisamente, a urgente necessidade dos “princípios” para haver “critérios” sustentados; sem estes (nem uns nem outros) a opção poderá, enganada, recair sobre os mil e um acessórios deitando ao mar o essencial. Será mesmo necessário parar para pensar, não deixando, assim, que o assunto se fique pela rama da emoção, do sensacionalismo ou numa mera óptica do que parece mais prático…
2. Talvez, reconstruindo um caminho dos acessórios até ao essencial, poderemos dizer em assuntos de fronteira que haverá uma série de critérios que não poderão nortear uma decisão consciente: não poderá ser o critério economicista do dinheiro dos impostos aplicado ou não; não o critério da ideia de progresso ser ir atrás dos outros como se pertencer à maioria – lógica da quantidade - dos que fazem isto ou aquilo fosse certificação da Verdade.
Não ao critério do moralismo seja político, filosófico ou religioso; não ao critério utilitarista de um ser humano fazer o que quer de Outro abrindo a porta quando dá jeito e fechando quando não apetece; não mesmo ao critério demográfico, pois mesmo que a população fosse muita o que é (essencialmente) bem ou mal não deixa de o ser por haver muita ou pouca população. Não o ler as soluções só a partir das consequências (no ilusório apagar do fogo) ocultando a origem, tudo o que está antes, as causas essenciais.
3. Qualquer voto pensado indicará sobre: o que queremos do futuro como padrão de referência para a sociedade? Que referenciais em termos de dignidade humana (em que todos dizem acreditar)? Os dias têm sido de debates e números; argumentos e contra-argumentos em que muitas vezes entra-se na “coisificação vazia” da aventura de dignidade mais admirável que é a nossa viagem até chegarmos à vida.
Tem sido, na generalidade, exemplar o esforço de isenção das religiões em Portugal que, assim, proporcionam que não se confundam os planos do que está em causa; tem sido, na generalidade, infeliz a cumplicidade de partidos políticos e figuras de estado em assunto que deverá ser essencialmente do pendor da sociedade civil. Tem sido oportunidade tolerante, apesar de tanto ruído, das posições SIM e NÃO se encontrarem e escutarem mutuamente nos argumentos de cada diversidade, dando assim oportunidade aos portugueses de pensarem e discernirem para votar algo que em sociedades avançadas na dignidade humana seria simplesmente invotável.
4. Mas, e se de repente todos ficássemos surdos e mudos; e se nos debates se fizesse silêncio e em vez de palavras apostássemos no critério da vanguarda científica. Sim, em silêncio humildemente acolhermos toda a lição da Verdade das profundidades maternas que acolhem o mistério incalculável da vida humana a começar, transformando-se criativamente desde o primeiro segundo até chegar aos milhões de segundos (3.153.600 em média por ano de vida) que hoje transportamos.
Em que bases assentarão os votos? Que princípios e critérios presidirão à opção? Uma ideia será certa: não poderão ser critérios práticos e utilitaristas a decidir a opção consciente; esta sabe ler e discernir entre aquilo que é acessório e o que é o essencial como opção de ideal colectivo. No “princípio”, a que hoje – mais que em qualquer outra geração - poderemos aceder pelo critério isento da ciência e deixá-la falar… estará a noção de que a própria genialidade da ciência ilumina a consciência recta.
5. A sensação de que qualquer voto que seja exercido tenha como motivação apagar o fogo prático das consequências sem haver horizontes capazes de ver o essencial será mais um sinal confirmado de défice civilizacional (sim, em muitos dos países europeus…). Que ao menos o fascínio da ciência, que hoje nos mostra como fomos e somos a partir da profundidade materna, seja luz de vanguarda humanista no zelo pela dignidade humana. Será nesta luz que se obterão pontos de equilíbrio em tudo o resto…
É que há Outro (dependente mas autónomo, como nós hoje, afinal) para além de mim, o que nos diz que todas as questões sofridas de justiça, saúde, défice de EDUCAÇÃO HUMANA para a saúde e para os valores fundamentais,… tudo, vem muito depois do essencial. Daqui a uns 20 anos os países europeus, com a sofisticação científica clarividente sempre crescente, vão olhar para trás e reconhecerem-se indignos por terem perdido tudo (se perdermos a vida perdemos tudo, toda a raiz da ética pessoal e social). E perguntam-se (se tiverem capacidade de questionamento): que herança deixámos aos vindouros?!...
6. Talvez valha a pena (não nos perdermos nas questões acessórias que sendo importantes são necessariamente relativas e) ir ao “PRINCÍPIO” de tudo. No caso de dúvida, no princípio (vendo imagens do embrião humano no ventre materno), com isenção absoluta e não se ficando no “nim” (do ser-humano-cidadão indiferente), concluiremos que a ciência ilumina a consciência (consciente). Factos são factos e se lhes damos toda a importância então dê-se primazia ao facto mais surpreendente que é a VIDA em todas as suas fases de caminhada. Uma primazia que não exclui mas inclui…

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