no Diário de Notícias
Pela enésima vez estamos perante a barbárie, porque perdemos a memória: esquecemos a História, esquecemos o que nos disseram os nossos avós, os nossos pais.
A quem é que, perante as imagens de horror desta guerra na Ucrânia ditada por um megalómano humilhado e insensato - mortes incontáveis, a tragédia de valas comuns, milhões de deslocados e refugiados, mulheres, crianças, idosos em total desamparo, na falta de tudo, quando nada é poupado à destruição: maternidades, escolas, hospitais -, não vieram já as lágrimas aos olhos?
O Papa Francisco não se cansa de clamar contra a guerra e apelar à paz: "Em nome de Deus peço-vos : parem este massacre!" "Um massacre sem sentido" e de "uma crueldade inumana e blasfema". Por ocasião da celebração da Páscoa ortodoxa, no fim de semana passado, ele, a ONU, o Conselho Mundial das Igrejas apelaram a um cessar-fogo, também para abrir a possibilidade de corredores humanitários, mas não foram ouvidos. Quero sublinhar que, atendendo às celebrações pascais, o arcebispo de Munique, cardeal Reinhard Marx, foi particularmente duro na saudação pascal. Chamou "perversos" aos líderes religiosos que, como o Patriarca de Moscovo, Kirill, apoiam a guerra na Ucrânia, lamentou que ao longo da História "os cristãos tenham usado a violência sob o sinal da cruz", algo que se repete hoje "na guerra actual, com cristãos baptizados a matar outros cristãos e recebendo o apoio de líderes das suas Igrejas".