Gostaria de ter paciência, força física e gosto pelos serviços do quintal. Para uns, como a Lita, o quintal é um refúgio, um prazer, direi mesmo, uma paixão. Por ali anda, serena, sem pressas, dando sementes às galinhas e ao galo, repartindo uns petiscos pelos gatos. Enche uma taça de barro de água fresca, onde a passarada dá uns mergulhos e bebe uma boas pingas.
No regresso, há sempre couves frescas, laranjas, ovos, limões e um ar de felicidade que só eu sei quanto é autêntico. Mas eu, não. Olho o ambiente, aprecio os pinheiros, contemplo as nuvens sem as habitar, dou uma volta e se não tenho um cadeirão à mão regresso às minhas comodidades caseiras.
Dirão os meus amigos que não sei apreciar a importância do contacto real com a natureza, rejuvenescendo-a com alguns cuidados. Estão enganados. Faço o que posso sem exceder as minhas resistências e competência, mais débeis as primeiras.
Gafanhão que se preza, sabe muito de quintais e lavouras e eu não fujo à regra. Porém, olho à volta pelas ruas por onde passo e quase só vejo casas semeadas. Há poucas décadas, os aidos e demais terrenos brilhavam de viçosos, mas hoje estão cheios de ervas daninhas. Se a fome atacar, voltarão a brilhar.
F. M.