sábado, 17 de outubro de 2020

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza


O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza celebra-se hoje, 17 de outubro, com o objetivo de alertar para a necessidade de defender um direito básico do ser humano. Foi criado em 1992, mas nunca se conseguiu alcançar o almejado objetivo. E com a pandemia em curso todos sabemos que a erradicação da pobreza é meta inatingível a curto prazo, se é que alguma vez o será. Contudo, que ao menos à nossa volta tenhamos a coragem de contribuir para que ninguém seja privado do pão e do essencial para viver  sem fome. 
Sabe-se, há muito, que uns 20% da população portuguesa passam fome ou estão no limiar da pobreza, sem que as estruturas estatais consigam evitar esta lamentável situação, de forma definitiva. No entanto, não podemos deixar de louvar as instituições particulares e as pessoas mais sensíveis que lutam, dia após dia, para matar a fome a quem nada tem para comer. É nossa obrigação, em nome da solidariedade, contribuir com tudo o que pudermos para que a ninguém falte o mínimo para sobreviver dignamente. Não apenas neste dia, mas durante todos os dias do ano. 

F. M. 

Mais vale só...


Mais vale só que mal acompanhado, diz um velho e sempre atual ditado. O barquinho por ali ficou à espera de se tornar útil. Ou então optou pelo estado de pose para a fotografia, em moldura bem conhecida das gentes lagunares. Aqui a ofereço para este fim de semana.

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

MAIS QUE UMA QUESTÃO DE IMPOSTOS

Reflexão de Georgino Rocha 
para o DOMINGO XXIX


«Pagar o imposto – questão tão actual – é dever de todo o cidadão, 
não um dever cego, mas ilustrado por uma consciência informada 
e desejosa de cooperar para o bem comum da sociedade»

As controvérsias dos opositores a Jesus vêm crescendo. Os domingos anteriores narram algumas dessas controvérsias. Quase sempre, as perguntas são capciosas e as parábolas respondem com sabedoria, habilidade e subtileza. No evangelho de hoje surgem os fariseus aliados aos herodianos que “passam ao ataque”. Mt 22, 15-21. Trata-se da questão dos impostos a pagar (ou não) a César, imperador de Roma que dominava também naquelas terras. 
«É lícito ou não pagar tributo a César?», questiona a delegação enviada. É uma pergunta armadilhada que não pode falhar. Havia que pôr cobro ao agitador Nazareno que se movimenta tão livremente na esplanada do Templo e desafia o mais sagrado das práticas judaicas. 
Leva consigo uma estratégia aliciante: tecer elogios que, se não fossem hipócritas, eram verdadeiros e reconheciam o agir correcto do Mestre. Pagar ou não tributo, eis a questão crucial. Se dizia sim, era colaboracionista com o ocupante romano e, por isso, insolidário com o povo oprimido. Se respondesse não, caía sob a alçada da lei e podia ser acusado de subversivo e revolucionário. E o exército imperial não tardaria a fazer-lhe o que havia feito a Judas, o Galileu, aquando da sublevação por ocasião do censo destinado a conhecer a população e a introduzir nova carga de impostos, cerca de seis anos antes de Cristo. 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Covid-19 ataca em força



O Covid-19 ataca em força e o Governo decreta o uso obrigatório de máscara na rua e a utilização da aplicação StayAwuay covid em contexto laboral ou equiparado, escolar e académico, sob pena de multa até 500 euros. Isto significa que o coronavírus continua a agir, aumentando dia a dia o número de infectados, ao mesmo tempo que mata os mais fragilizados. Os trabalhadores do SNS estão exaustos e vão permanecer nessa situação, infelizmente  sem fim à vista. 
Pelo que tenho visto e lido, vamos ter ainda muito que sofrer. Os cientistas prosseguem no esforço de encontrar a chave de uma vacina e medicamentos que respondam ao ataque do vírus que campeia por todo o mundo,  provocando estragos mortíferos, deixando no escuro sequelas inimagináveis. 
Esforço-me por cumprir o determinado pelos entendidos e aconselhado pelo bom senso. Máscara que utilizo por sistema, mesmo em casa quando entra alguém, mas nada me garante que não possa vir a ser contaminado. No entanto, pelas reportagens da comunicação social e por conhecimento pessoal vou percebendo que não falta gente avessa a ter os cuidados necessários, no sentido de evitar ser infectado ou a infectar com quem se cruze. 
Todos sabemos que a grande maioria das pessoas consegue resistir aos ataques do coronavírus, mas os idosos, os mais fragilizados pela doença ou pela idade, permanecem na linha da frente dos condenados. 
Vêm estas considerações a propósito da decisão do Governo que veio recordar-nos, com veemência, que é mesmo preciso respeitar o uso da máscara e evitar situações de risco. Pela aplicação acima referida, hoje não me cruzei com infectados. 

F. M. 

Cais dos Pescadores

Gafanha da Encarnação - Costa Nova do Prado



 

RECORTES: Mia Couto

Do romance Jesusalém

                                                   

                                                                          

Livro Um 

                                                                    A HUMANIDADE

                                                Sou o único homem a bordo do meu barco.
                                                Os outros são monstros que não falam,
                                                Tigres e ursos que amarrei aos remos,
                                                E o meu desprezo reina sobre o mar.

                                                […]
                                                E há momentos que são quase esquecimento
                                                Numa doçura imensa de regresso.

                                                A minha pátria é onde o vento passa, 
                                                A minha amada é onde os roseirais dão flor, 
                                                O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
                                                E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.


                                                    Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, 11 de outubro de 2020

Nada de novo. Tudo novo

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO



A nova encíclica de Bergoglio é um grito brutal. 
Quanto ao seu poder mobilizador, é o que ainda não sabemos.

1. Pode parecer estranho, mas a questão política tornou-se inseparável da fidelidade à memória cristã mais antiga.
Creio que foi de um de poeta brasileiro que li, há muito anos, uma brevíssima narrativa sobre a insuportável visão de um crucificado. Manuel Bandeira nunca podia entrar em casa sem dar com os olhos nesse horror. Teve, várias vezes, a tentação de descrucificar aquela imagem. No momento em que ia executar esse gesto libertador, recuou: enquanto houver vidas humanas crucificadas, não posso arrancar da cruz a vítima inocente, condenada por uma coligação dos poderes de dominação das nações gentias e dos povos de Israel, executada com declarado apoio popular. É assim que se lê nos livros mais santos da humanidade [1].
Por outro lado, segundo S. Paulo, foi também, desde o começo do movimento cristão, que se tentou eliminar essa memória vergonhosa. Era, com efeito, uma estupidez e uma loucura, tanto para a cultura grega como para a cultura judaica, no seio do império romano, apresentar como salvador um crucificado, um derrotado, um anti-herói, um condenado à pena de morte mais horrorosa. Não podia ser essa a imagem de um caminho novo para o sentido da vida verdadeira.