Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo XVIII do Tempo Comum
Resposta surpreendente que, vinda de quem vem, assume foros de directiva de acção. Resposta estranha dada na sequência de um pedido solícito e desabafo preocupado de um grupo de homens condoídos pela sorte da multidão. Resposta alternativa desconcertante face à evidência da situação e à previsão prudente do seu desfecho. E não era para menos! Mt 14, 13-21.
A preocupação dos discípulos era explicável e coerente: a multidão com fome e sem alimentos de reserva nem locais próximos para os comprar; a noite a chegar e, com ela, os perigos da viagem e as restrições da lei; a paciência descontraída de Jesus, exteriormente voltado apenas para os doentes; a urgência crescente de uma solução eficaz. Por isso, decidem interceder junto do Mestre: Despede as pessoas, que arranjem de comer, que vão às aldeias onde é mais fácil comprar. Tudo muito coerente!
Esta atitude contém a lógica embrionária do que virá a acontecer ao longo da história: a advertência lúcida de um mal eminente, o afastamento do outro e deixá-lo entregue à sua sorte, a quebra da solidariedade, o tranquilizar a consciência com o encaminhar do problema, o despedimento (até por causa justa), a satisfação sentida por haver cumprido a lei ( antes do anoitecer). Eles que se arranjem!