terça-feira, 26 de março de 2019

Gafanha da Nazaré — aventuras, desportos, jogos e brincadeiras

Júlio Cirino com Dinis Ramos e Manuel Serafim, dois amigos da infância
Grupo Coral da Universidade Sénior
“Gafanha da Nazaré — aventuras, desportos, jogos e brincadeiras” é o mais recente livro de Júlio Cirino. Vem na sequência de “Gafanha da Nazaré — Memória Histórico-Antropológica”, carregado com recordações que, para além do mais, contribuirá para a unidade de um povo com origens diversas. E se no primeiro abordou temas mais voltados para a problemática da formação e ocupação do espaço que habitamos, com riqueza de pormenores relacionados com gentes e costumes, neste segundo trabalho o autor foi à cata de assuntos que dão substrato ao dia a dia dos nossos antepassados até hoje, como está claro no subtítulo do livro. 
Sentimos, com gosto, quanto o Júlio Cirino soube estruturar este trabalho, apoiado na sua intervenção social, cultural e desportiva, denotando tarefas de um sem-número de contactos, pesquisas e achados quase inacessíveis, para mostrar à saciedade aventuras, desportos, jogos e brincadeiras, com uma sensibilidade que chega a comover. E a visão do que viveu, ouviu, leu, aprendeu e ensinou, com as credenciais que advêm do seu envolvimento na área desportiva, como praticante, mas sobretudo como treinador de atletas de expressão regional, nacional e internacional, refletem-se nesta obra.
O currículo do Júlio Cirino está bem patente na badana da capa, onde se diz que trabalhou com as seleções de Cuba e Alemanha, enquanto treinou atletas nacionais de lançamentos, tendo participado, nessa qualidade, em quatro Jogos Olímpicos. Teresa Machado foi, em nosso entender, a atleta que mais alto subiu, sendo considerada pelas maiores autoridades do atletismo mundial como «das melhores executantes do lançamento do disco de todos os tempos», lembra o autor, no espaço que lhe dedicou. 
Quem se debruçar sobre “Gafanha da Nazaré — aventuras, desportos, jogos e brincadeiras”, não deixará de reconhecer a interminável lista de entrevistados e citados, mas também notará a sua excelente memória. O que viveu e sentiu, o que experienciou em jogos e brincadeiras, o que ouviu e observou, o que questionou e refletiu, o que buscou de porta em porta, o que surribou à procura das nossas raízes, de tudo se serviu para adubar as nossas recordações, quantas delas fechadas a sete chaves, por razões que o tempo diluiu. E tudo transplantou para deixar aos vindouros como registo precioso da nossa memória coletiva.
Há neste livro aventuras para nos abrir o apetite com viagens de sonho, exemplos de coragem e amor à vida, sinais e gestos de inconformismo político, mas ainda a noção de que os gafanhões são desportivamente mais ecléticos. E fica também, para nosso deleite, a certeza de que temos conterrâneos campeões, em diversos setores, alguns dos quais estariam condenados ao esquecimento. 
Com este trabalho, o Júlio Cirino evocou o segredo de andar de bicicleta sem chegar ao selim, lembrou jogos e brincadeiras de outras gerações, tornou presente clubes que nasceram e morreram ao sabor da maré, ficando até hoje o que todos conhecemos, graças aos ares que respiramos. Ares que foram, entretanto, alimentando novos jogos, novas aventuras, novas brincadeiras. 
A obra do Júlio Cirino foi apresentada no passado dia 15 de março, pelas 21 horas, na biblioteca da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré. Durante a sessão, foram evocados e aplaudidos aventureiros e campeões, bem como outros gafanhões marcantes nas áreas desportivas. A sessão contou com a intervenção do Coral da Universidade Sénior da Gafanha da Nazaré e do Grupo Portas d’Água, que brindaram os presentes com algumas interpretações. Foram lidos saborosos excertos do livro por dois companheiros de brincadeiras: Manuel Serafim e Dinis Ramos. 

Fernando Martins 

1 comentário:

  1. Fiquei com pena de não poder ter acompanhado toda a apresentação, pois só lá fui adquirir o livro e felicitar o autor, já que nesse dia, me encontrava um pouco adoentado!...
    Sei que o livro vai ser um sucesso, muito especialmente para todos aqueles que interviemos naquelas tropelias e utilizámos aquele linguajar dos nossos pais e avós.
    Um abraço de parabéns, Cirino!

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