segunda-feira, 31 de julho de 2017

Júlio Cirino — Ilha Terceira - Cantorias

Desgarrada

José Eliseu

Mulheres na Cantoria

Peter

Assistência

O cantar ao desafio, nos Açores, é conhecido por “cantoria”. Por a letra ser de improviso, no início nem os cantadores sabem o rumo que a “cantoria” vai tomar. Por vezes faz-se chacota da gravata de um dos intervenientes ou ao nariz de outro, ou à ilha a que pertence, ou a qualquer outro pormenor que chame a atenção dos cantadores. O visado procura defender-se e contra-atacar quando lhe for possível.
A “cantoria” é versejada em quadras ou sextilhas. Por vezes inicia em quadras e acaba em sextilhas. 
A “cantoria” começa com a saudação ao povo da freguesia ou a alguém mais ilustre que esteja no arraial ou no salão. Os cantadores também se saúdam reciprocamente. Depois segue-se a “cantoria” propriamente dita que termina com a despedida e novas saudações.
Na ilha Terceira, para além da “cantoria”, temos “as velhas” (cantigas brejeiras e de escárnio) e as “desgarradas” (com música do fado de Lisboa, mas com letra de improviso). 
Estes cantares são acompanhados pela “viola da terra”, com 12 cordas de arame, e por uma viola de acompanhamento. Fábio Ourique, fadista afamado nos Açores, por vezes é acompanhado na “cantoria” à guitarra por Tiago Lima e à viola por Emanuel Silva, seus acompanhantes nas “Sombras Negras do Fado”.
Todos os anos as cantigas ao desafio são levadas aos Estados Unidos e ao Canadá, a convite de inúmeros emigrantes açorianos que por lá vivem.
Apesar de alguns cantadores nem serem de cá, os que mais se ouvem são o José Eliseu, o Bruno de Oliveira (de S. Jorge), o João Leonel, o Tiago Clara (de S. Miguel), a Maria Clara, o José Esteves, o Roberto Toledo (puto de 12 anos, que já se safa muito bem) e tantos outros. Temos ainda o decano dos cantadores terceirenses, o Ti João Ângelo, já com mais de 80 anos. No passado tivemos o Charrua, o Caneta, etc., etc. 

Obs.- Aconselho a audição da “cantoria” que escolhi por uma parte ser dedicada a um grupo de professores da Gafanha da Nazaré que por cá passou. Nesse grupo estava integrado o Rogério Fernandes (guitarrista de fado de Coimbra) e o Pedro Lagarto (treinador de andebol).
Quem estiver interessado em ouvir, por favor digite: José Eliseu e Bruno Oliveira, S. Sebastião 2015.
Para ouvir “As Velhas”, basta digitar: As velhas da Terceira com Bruno Oliveira & João Pinheiro.
Quanto à desgarrada, podemos ouvi-la, digitando: 5 cantadores na desgarrada açoriana. 
Este grupo é constituído por dois “coriscos” (alcunha dos habitantes de S. Miguel, também conhecidos por “japoneses”), dois “patacos falsos” (de S. Jorge) e um “rabo torto” (da Terceira).
Depois desta explicação preliminar, já se pode compreender melhor a desgarrada que recomendo. 

Nota - fotos extraídas da rede social.

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