«O ressuscitado está presente nos sinais previamente escolhidos: a vida humana, a reunião fraterna, a oração a Deus, o bem-fazer aos necessitados, os factos sociais relevantes que indicam um novo rumo na humanidade, a escuta da Palavra, a celebração dos sacramentos na assembleia cristã, o valor do sofrimento por amor, a preocupação por comunicar aos outros a experiência da fé que se vai fazendo, a esperança no futuro definitivo e tantos outros.»
“Ide e ensinai”, ordena Jesus com toda a sua autoridade na declaração final que precede a sua Ascensão. Os discípulos vivem um “feixe” de sentimentos que vão da dúvida ao reconhecimento e à adoração. Acolhem a ordem/envio com docilidade e “temor” pois os horizontes da missão são desproporcionados às suas forças e capacidades. Ir por todo o mundo, ensinar todas as nações, fazer discípulos de todos os povos, baptizar os que acreditam constituem expressões que configuram a amplitude da sua nova responsabilidade. E eles, seres humanos frágeis e hesitantes, limitados nas capacidades e nos conhecimentos, marcados e formatados pelos hábitos de trabalho duro e da cultura judaica, eles a sentirem a desproporção do que lhes é incumbido e a realidade das suas forças, sem contar com a adversidade de certas circunstâncias.
Quem se atreveria a aceitar tal mandato ou, pelo menos, não pediria algum esclarecimento? Quem não sentiria a tentação da debandada, deixando o lugar vago à-espera que outros viessem fazer o que era da sua responsabilidade? Quem não hesitaria em fazer “ouvidos moucos” a tal imperativo, ainda que se retardasse o ritmo do que estava planeado? Estas e outras interrogações trespassariam qualquer coração humano que contasse apenas com os seus recursos. A probabilidade do fracasso era grande.
Mas os discípulos não dão sinais de reagir desfavoravelmente, não manifestam qualquer temor e dispõem-se a tudo. Reconforta-os, sem dúvida, a promessa/garantia de Jesus: “Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos” e ainda: Enviar-vos ei o Espírito para que esteja em vós e habite convosco.
Animados por este Espírito, descobrem as novas formas de presença de Jesus. Já não é como antes. A morte no Calvário foi a sério. E a ressurreição, ainda mais. Agora é diferente. O ressuscitado está presente nos sinais previamente escolhidos: a vida humana, a reunião fraterna, a oração a Deus, o bem-fazer aos necessitados, os factos sociais relevantes que indicam um novo rumo na humanidade, a escuta da Palavra, a celebração dos sacramentos na assembleia cristã, o valor do sofrimento por amor, a preocupação por comunicar aos outros a experiência da fé que se vai fazendo, a esperança no futuro definitivo e tantos outros. São eles que indicam e podem desvendar a presença de Jesus ressuscitado. A ascensão significa esta transposição de presenças. Oculto à vista humana é bem visível aos olhos da fé. O Espírito Santo ilumina o nosso olhar para captar, penetrar, compreender e orar esta nova realidade. A linguagem espacial de “sobe e desce” é bíblica, denota uma conceção diferente do universo e pretende tornar acessível o que ocorre com Jesus após a sua ressurreição.
Os discípulos reanimados pelo Espírito partem em missão, dando origem à mais bela história de amor que faz da autoridade um serviço à verdade que liberta e da debilidade humana a força especial do agir de Deus na história. Vive esta realidade maravilhosa. Acolhe a missão que Jesus te/nos confia.