É URGENTE EDUCAR
PARA A INTEGRIDADE
Ontem, nas comemorações da implantação da República, o Presidente Cavaco Silva alertou para a urgência da luta sem tréguas contra a corrupção, mal que grassa um pouco por toda a parte. Diz que a corrupção "tem um potencial corrosivo para a qualidade da democracia, que não pode ser menosprezado", e sublinha que "no combate por uma democracia de melhor qualidade devem ser convocados todos os portugueses”. Refere, ainda, que esta “é uma tarefa que compete, em primeira linha, aos titulares de cargos públicos".
Ao contrário do que muitos dizem, não foi esta a primeira vez que um Presidente da República apelou ao combate contra a corrupção. Outros Presidentes, antes dele, já o fizeram. Mas a verdade é que este cancro da nossa sociedade, como de outras, é de cura difícil.
Apesar de ser uma doença gravíssima, isso não justifica que fiquemos indiferentes ou alheios a quaisquer estratégias que levem a erradicação dos corruptos, de que muitos de nós certamente já fomos vítimas. No sector público e no sector privado.
Claro que o nosso empenhamento não pode passar só pela denúncia de situações de corrupção ou de compadrio, até porque tais atitudes são, quase sempre, de comprovação difícil. Onde estão os corruptos que passam recibo dos dinheiros que recebem, ou que exijam, por escrito, verbas para avançarem com processos ou para resolver problemas que fazem parte das suas funções profissionais? Não conheço.
Penso, contudo, que as soluções não passam só pela denúncia e castigo dos corruptos, que pululam um pouco por toda a parte. As soluções, a meu ver, têm de se apoiar em critérios que apostem na educação e na formação de novas mentalidades. Precisamos de homens e de mulheres que saibam educar as crianças e jovens para a cultura da verdade, da justiça, da honestidade e da cidadania. Enquanto as crianças e jovens não forem industriados, nas famílias, nas escolas, nas mais diversas instituições e nas Igrejas, para a exigência e vivência da integridade, em todas as circunstâncias, jamais teremos cidadãos imunes à corrupção, quer como corruptores quer como corruptos.
Fernando Martins