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Papa nos Emirados Árabes Unidos |
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Anselmo Borges |
1."Deus, o Todo-Poderoso, não precisa de ser defendido por ninguém e não quer que o seu nome seja usado para matar e aterrorizar as pessoas".
Quando li este passo no "Documento sobre a Fraternidade Humana" a favor da paz mundial e da convivência humana, assinado no início desta semana em Abu Dhabi, pelo Papa Francisco e pelo Grande Imã de Al Azhar, Ahmed al-Tayeb, lembrei-me da mesma afirmação que há anos ouvi ao então Bispo de Nampula e que transcrevi na abertura do livro que coordenei, "D. Manuel Vieira Pinto. Cristianismo: Política e Mística": "Porque é que Você, que é Bispo, quando vem falar comigo, nunca me fala de Deus e da religião, mas do povo, da defesa dos seus direitos e da sua dignidade?", perguntou o Presidente Samora Machel a D. Manuel Vieira Pinto. "Porque um deus que precisasse da minha defesa seria um deus que não é Deus. Deus não precisa que O defendam. O Homem sim.", respondeu D. Manuel.
Este é um princípio decisivo para quem queira estar na religião/religiões com dignidade: Deus não precisa que O defendam; as pessoas sim. Porque é isso que Deus quer, o seu único interesse são as pessoas. Já Santo Ireneu o disse: "Gloria Dei homo vivens": a glória de Deus é o homem vivo, realizado, pleno, feliz. Quantas vezes a pretensa defesa de Deus e da sua glória levou à humilhação, ao espezinhamento, à brutalidade sobre outros homens, a guerras, a terrorismos... Em nome de Deus!
2. De 3 a 5 deste mês de Fevereiro, quando se celebram os 800 anos do encontro entre Francisco de Assis e o sultão Al-Malik, o Papa Francisco, recebido com as maiores honras de Estado pelo príncipe herdeiro de Abu Dhabi, esteve nos Emiratos Árabes Unidos para uma visita que também fica para a História. Dois acontecimentos fundamentais ocuparam as 48 horas da visita: promover e fortalecer o diálogo inter-religioso, especialmente com os muçulmanos, e uma Missa para os católicos, que serão uns 900.000 no país.