segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O lamaçal: ética e política

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias de sábado

1. Tenho aqui escrito muitas vezes que, ao contrário do q ue se pensa, fé e acreditar não são em primeiro lugar categorias religiosas. Trata-se do fundamental da existência, no sentido de que, sem fé, crédito, confiança, ninguém pode viver bem. O que mais falta faz no país não é precisamente a confiança e o crédito? A nossa vida está baseada, em todos os domínios, na confiança (vem de fides, fé) e no crédito (vem de credere, crer, acreditar) que damos aos outros e à vida e que eles nos dão a nós, de tal modo que podemos crer e confiar em nós próprios, abrindo futuro pessoal e colectivo.
Assim, a crise em que o país está mergulhado é a pior, porque minou a confiança. No meio deste lamaçal, em quem se pode confiar?

“Crescer na FÉ e Anunciar a Alegria do Evangelho"

O mais recente livro 
de Georgino Rocha



“Crescer na FÉ e Anunciar a Alegria do Evangelho — Reflexões dominicais e festivas” é o mais recente livro de Georgino Rocha. Trata-se de uma obra celebrativa do seu jubileu presbiteral que traduz, de forma visceral, as suas vivências ao serviço do Reino, desde a sua ordenação que aconteceu há 50 anos, concretamente no dia 15 de agosto, em cerimónia presidida pelo então Bispo de Aveiro, D. Manuel de Almeida Trindade. 
Este livro, que acaba de vir a lume, vem juntar-se à sua já muito completa bibliografia e surge na senda de outros em que, de forma dinâmica e responsável, o autor se interpela e nos interpela quanto ao empenhamento eclesial, culural e social de todos, a partir da leitura da Palavra de Deus, tendo por pano de fundo os tempos litúrgicos de cada domingo e outros dias festivos. É portanto uma obra essencial para se sair do ramerrão dos nossos quotidianos, sendo certo que, muitas vezes, ouvimos e vivemos a correr o que a Igreja nos propõe para a partilha prática da fé no dia a dia de cada semana.
Li com gosto o Prefácio do agora Bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, e outros textos do autor, bem como algumas reflexões, muitas das quais me levaram a meditar sobre a Palavra de Deus para a atualidade, que Georgino Rocha, por amável deferência, me cede regularmente para publicação no meu blogue Pela Positiva. Por isso, posso afirmar que, desta feita, com a edição deste trabalho, fiz questão de reler algumas meditações, com o sabor que o livro, e só ele, de forma palpável, nos dá. 
Corroboro as afirmações de D. António Francisco no Prefácio, sobretudo quando garante que “Crescer na FÉ e Anunciar a Alegria do Evangelho” «é um hino de louvor a Deus ao jeito do salmista que logo pela manhã faz sua a Palavra de Deus, a medita, contempla, reza e partilha com os companheiros de cada jornada». 
Na Apresentação — Voando nas asas da aurora —, Georgino Rocha cita o Papa Francisco, dizendo que «A fé não afasta do mundo, nem é alheia ao esforço concreto dos nossos contemporâneos». E citando de novo o Papa, frisa que a mesma fé «faz compreender a arquitetura das relações humanas… ilumina a arte da sua construção, tornando-se um serviço ao bem comum (Lumen Fidei, 51)».
Olhando para si próprio, o autor agradece ao Senhor «os prodígios e as maravilhas» que Ele operou na sua vida e no seu ministério, implorando a «bênção divina para continuar a crescer na fé e anunciar a alegria do Evangelho até alcançar a meta» . E finaliza a Apresentação assim: «Tenho-me sentido bem no regaço da Mãe e aguardo confiante, apesar dos meus pecados, o colo de Deus-Pai.»
O autor dedica esta obra a D. Manuel de Almeida Trindade que o ordenou, aos padres de Calvão, em especial Augusto Gomes,  Messias Hipólito e Filipe Rocha, seu irmão, que o apoiaram, aos seus pais e familiares, bem como às "mestras da doutrina", que nele plantaram as primeiras "raízes" da sua vida de discípulo missionário.
Crescer na FÉ e Anunciar a Alegria do Evangelho — Reflexões dominicais e festivas” foi editado pela Lucerna, contando com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro. A capa é de Rita Maia e Moura e a execução gráfica é da Artipol. 
O apresentação pública deste livro será brevemente, em data a anunciar.

Fernando Martins

Uma árvore no meu coração


NESTE NATAL

“Neste Natal quero armar uma árvore dentro do meu coração
E nela pendurar, em vez de presentes,
Os nomes de todos os meus amigos.
Os amigos antigos e os mais recentes.
Os amigos de longe e os amigos de perto.
Os que vejo em cada dia e os que raramente encontro.
Os sempre lembrados e os que às vezes ficam esquecidos.
Os das horas difíceis e os das horas alegres.
Os que sem querer eu magoei ou sem querer me magoaram.
Os meus amigos humildes e os meus amigos importantes.
Os nomes de todos os que já passaram pela minha vida.
Muito especialmente aqueles que já partiram
e de quem me lembro com tanta saudade.
Que o Natal permaneça vivo em cada dia do ano novo.
E que a nossa amizade seja sempre uma fonte de luz e paz
em todas as lutas da vida.”


De autor desconhecido. Publicado na Revista XIS, no Natal de 2003

domingo, 30 de novembro de 2014

Advento e Natal



Começa hoje o Advento, tempo litúrgico que nos conduzirá ao Natal de Jesus. Natal de Jesus e natal de cada um de nós, se soubermos descobrir e sentir que na simbologia do nascimento do nosso Salvador está ou pode estar o princípio de vidas renovadas, por isso abertas ao transcendente e à partilha com todos os homens e mulheres do tempo que vivemos, em especial os mais sofredores. 
Até ao Natal, tentarei publicar algo que nos ajude nesta caminhada de bondade, de ternura, de partilha e de solidariedade. Poemas, imagens e textos expressivos de artistas de vários quadrantes, mas também dos meus leitores e amigos que tiverem a gentileza de  entrar  no mundo do ciberespaço, que o mesmo é dizer de todos quantos, em qualquer canto da terra, se cruzarem com o meu blogue.
Bom Advento e Bom Natal para todos.

Fernando Martins 



Melhor do que esperar é ser esperado

Crónica de Frei Bento Domingues 

 
A esperança merece todos os elogios. 
Sem ela é impossível viver. 
Mas melhor do que esperar é ter a certeza
 de que somos desejados e esperados

1. Hoje é o primeiro Domingo do Advento. Mudou o cenário exterior das celebrações litúrgicas, quanto a paramentos, velas, textos e músicas. Estas modificações de ornamento só merecem atenção se exprimirem a urgência de um novo impulso na alma profunda da Igreja, isto é, dos cristãos, assim como nas reformas das instituições mais resistentes à mudança.
Tornou-se convencional dizer que o Advento convida à vigilância e à meditação, para entrar no misterioso sentido do tempo. Não apenas o que é medido pelo relógio e desfolhado nos calendários, no fluxo cósmico das estações, no ritmo biológico que vai dizendo o nosso desgaste inexorável. No entanto, como diz S. Paulo, não nos deixemos abater. Pelo contrário, embora o nosso aspecto exterior vá caminhando para a sua ruína, a nossa vida interior renova-se dia a dia (…) pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno (2 Co 4, 16-18).
A pergunta mais importante desta quadra litúrgica não é sobre as nossas experiências de outono da vida, mais chuvoso ou mais ameno. Poderia talvez ser formulada assim: qual é a graça regeneradora, para não aceitarmos - usando as palavras do Papa Francisco – que milhões de seres humanos, nossos irmãos, vegetem e morram com o estatuto de sobrantes e descartáveis?

sábado, 29 de novembro de 2014

O verdadeiro chefe

"O verdadeiro chefe não é aquele que faz tudo por si mesmo,
 mas aquele que sabe fazer-se ajudar"

Lyautey



O lamaçal: ética e política

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

1.Tenho aqui escrito muitas vezes que, ao contrário do que se pensa, fé e acreditar não são em primeiro lugar categorias religiosas. Trata-se do fundamental da existência, no sentido de que, sem fé, crédito, confiança, ninguém pode viver bem. O que mais falta faz no país não é precisamente a confiança e o crédito? A nossa vida está baseada, em todos os domínios, na confiança (vem de fides, fé) e no crédito (vem de credere, crer, acreditar) que damos aos outros e à vida e que eles nos dão a nós, de tal modo que podemos crer e confiar em nós próprios, abrindo futuro pessoal e colectivo.
Assim, a crise em que o país está mergulhado é a pior, porque minou a confiança. No meio deste lamaçal, em quem se pode confiar?

Nota: Transcrito do DN online. Texto completo na segunda-feira