quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Um artigo de António Rego

Questão de vida ou de morte
O que mais enfureceu os ocidentais na reacção do mundo muçulmano à publicação das caricaturas de Maomé foi a ameaça de cercear a liberdade dos artistas e pensadores. Ou, melhor ainda, o risco que corre quem escreve o que pensa sobre qualquer matéria. A liberdade de expressão sentiu-se ofendida por aqueles que se ofenderam com a expressão da liberdade. Estamos num aparente jogo de palavras. Mais que isso, de interesses, que se refugiam nas palavras para imporem os seus pontos de vista. Assim a ética vai ganhando colorações circunstanciais como o bailarino vai rodando e ritmando o corpo consoante a música o exige.
O debate sobre o referendo ao aborto, em Portugal, está a tomar alguns contornos bizarros. Existem áreas sociais e políticas que não têm o mais pequeno rebuço em propagandear o seu ponto de vista e o seu terreno claro de luta, com um inequívoco sim ao aborto. Dessas tribunas emerge a sugestão de que a Igreja mudou de opinião e não faz qualquer campanha contra o aborto. E intercala nessa oratória o pressuposto de que a Igreja se não deve pronunciar sobre a matéria, por não ser religiosa. O político na tribuna partidária, parlamentar ou ministerial, pode confessar-se publicamente sobre o tema - com isso fazendo opinião - quando a sua posição é sim. Na Igreja, o presidente duma celebração está "proibido" de dizer o que pensa e o que pensa a Igreja porque isso é fazer campanha. (Há já escritos com essa teoria).
Tanto dum lado como do outro há regras de decência e linguagem que devem pautar os discursos, na apresentação honesta de argumentos e razões pró ou contra. Mas não se pode pedir aos que dizem não ao aborto uma linguagem doce e dúbia para não ferir a opinião dos que vigorosamente o defendem até ao absurdo. A vida concede direitos e argumentos inquebrantáveis. E ninguém que apoie o aborto até às nove semanas e. seis(?) dias, pense que está a apoiar a vida. Chame-se o que se chamar estamos perante uma questão de vida ou morte. Nunca a Igreja em dois mil anos hesitou sobre esta matéria. Reconhecendo, embora, que a questão não é religiosa mas humana. Tal como a pobreza, a violência, a guerra, o racismo não são questões religiosas. Mas têm a ver com o Decálogo.
A liberdade não pode ser coarctada em nome duma imaginária mudança de óptica da Igreja em matéria tão vital.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

PHAROL DA BARRA

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PHAROL DA BARRA AÍ ESTÁ

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PHAROL DA BARRA, assim mesmo, com ph com valor de f. Esta é mais uma foto de um postal que circulou pelo País e quiçá pelo estrangeiro, em nome das nossas belezas. Estou convencido de que há pelo concelho de Ílhavo, e não só, outras fotos sugestivas que vale a pena partilhar. Esta que hoje vos mostro veio do Ângelo Ribau, um amigo que noutros tempos se dedicava à fotografia com paixão, fazendo gala de utilizar, para ver como era, as primitivas técnicas fotográficas. Mas ainda hoje mantém o mesmo gosto, nem que seja nas muitas fotos que guarda com carinho.

POBREZA

MANUELA SILVA, PRESIDENTE DA COMISSÃO NACIONAL DE JUSTIÇA E PAZ:
"ERRADICAR A POBREZA
É UMA TAREFA OBRIGATÓRIA"

Comissão Nacional de Justiça e Paz (CNJP) é um órgão laical da Conferência Episcopal Portuguesa. As comissões de justiça e paz nasceram na sequência de um apelo feito pelo Papa Paulo VI, em 1967, na sequência do Concílio Vaticano II, com o objectivo de contribuírem para a difusão e aprofundamento da doutrina social da Igreja e para constituírem uma ponte visível entre a Igreja e a sociedade civil. Em Portugal, a primeira comissão nacional só aparece em 1982, em Lisboa, quase 20 anos depois do Concílio. Um atraso que, provavelmente, ficou a dever-se ao período difícil que se vivia no país, com a Guerra Colonial e o salazarismo. Existem vários grupos de trabalho permanentes na CNJP, dois deles com grande representação. O Grupo de Reflexão sobre Economia e Sociedade tem-se debruçado, fundamentalmente, sobre a questão do emprego/desemprego, da globalização e dos seus efeitos, da sociedade civil, da necessidade de uma cidadania responsável e participativa para fazer face aos grandes desafios que se colocam nas sociedades contemporâneas e na área da responsabilidade social das empresas e da ética empresarial. O Observatório sobre a Produção, Comércio e Proliferação das Armas é um grupo mais recente, com cerca de dois anos. Tem um estatuto próprio, trabalha sob a sua inteira responsabilidade, embora em estreita colaboração com a comissão. Foi nessas condições que organizou desde Novembro de 2005 até Maio de 2006 uma audição pública que teve por tema “Por uma sociedade segura e livre de armas”. Foi aprovada uma lei [Lei nº 5/ 2006, de 23 de Fevereiro] sobre o uso e porte de armas que responde às necessidades de segurança que a CNJP defende e que prevê a recolha facultativa. Essa lei dá possibilidade às pessoas que têm em seu poder armas ilegais de legalizarem essa posse ou de se desfazerem delas, entregando-as voluntariamente. “A comissão está interessada em contribuir para difundir essa informação e motivar as pessoas para que cumpram a lei e aproveitem a amnistia que a mesma prevê.” :
Leia a entrevista no SOLIDARIEDADE

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

JUSTIÇA EM PORTUGAL

A LEI É IGUAL PARA TODOS?
Na tomada de posse do novo Procurador-Geral da República, Fernando Monteiro, o Presidente da República lembrou que, “sendo a lei igual para todos, a todos deve igualmente ser aplicada”. Isto já toda a gente sabe. Como toda a gente também sabe que uma coisa é o que se diz no papel e outra o que acontece na prática. Veja-se o famoso processo da Casa Pia. Em circunstâncias normais, com gente normal, isto é, com gente de pouco dinheiro, o caso há muito estaria resolvido. Como aconteceu, aliás, nos Açores, em que uns pedófilos foram condenados, em pouco tempo, enquanto outros acusados foram absolvidos. No fundo o que é que eu quero dizer? Quero dizer que, apesar de a lei ser igual para todos, é mais igual para uns do que para outros. Quem tem dinheiro move montanhas à sombra de lei, legitimamente, diga-se de passagem, porque nos códigos há sempre pontas por onde se lhes pegue, e quem não tem dinheiro tudo vê resolvido sem rodeios, sem requerimentos, sem grandes advogados que ganham bem. Resta saber se uns e outros são tratados com a mesma justiça.
Será que em Portugal a lei é mesmo igual para todos? F.M.

Um poema de António Pina

A Canção dos Adultos Parece que crescemos mas não. Somos sempre do mesmo tamanho. As coisas que à volta estão É que mudam de tamanho. Parece que crescemos mas não crescemos. São as coisas grandes que há, O amor que há, a alegria que há, Que estão a ficar mais pequenos. Ficam de nós tão distantes Que às vezes já mal as vemos. Por isso parece que crescemos E que somos maiores que dantes. Mas somos sempre como dantes. Talvez até mais pequenos Quando o amor e o resto estão tão distantes Que nem vemos como estão distantes. Então julgamos que somos grandes. E já nem isso compreendemos.
Manuel António Pina,
a fechar a colectânea poética
"O Pássaro da Cabeça"
(1985; 2ª ed. – 2005).

Apresentação de livro na Biblioteca de Aveiro

Em 18 de Outubro, às 21.30 horas
"Lavrar o Mar",
de Daniel Sampaio
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Doze anos depois da publicação do seu conhecido livro "Inventem-se Novos Pais", Daniel Sampaio actualiza as questões de relacionamento entre pais e filhos adolescentes. "Lavrar o Mar" propõe um novo olhar sobre o quotidiano das famílias: é tempo de responsabilizar os jovens pelos seus comportamentos, é o momento para deixarmos de os considerar seres imaturos a quem não podemos pedir contas.
Nesta obra, salienta-se a decisiva importância de uma infância organizada à volta do amor e da disciplina, como garante de uma adolescência saudável; estimulam-se novas formas de diálogo entre pais e filhos, sem esquecer que a decisiva palavra tem de caber aos mais velhos; e são dados numerosos exemplos de possíveis conflitos quotidianos como os horários, os dinheiros, os prémios e os castigos, a Internet, o sexo, o álcool e as drogas. Em correspondência com Eulália Barros, o tema da escola é revisitado e são apontadas novas linhas de reflexão sobre o ensino e a aprendizagem. Escrito de forma clara e acessível, mas sedimentado numa vasta experiência do autor no trabalho com adolescentes, "Lavrar o Mar" é uma obra indispensável a pais e educadores e um oportuno momento de reflexão para os mais jovens.
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Fonte: Biblioteca Municipal de Aveiro

OBSERVATÓRIO SOCIAL

A Cáritas quer conhecer
a situação da pobreza
em Portugal
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A Cáritas Portuguesa está a preparar o lançamento de um Observatório Social, organismo que terá como objectivo fazer o ponto de situação da pobreza em Portugal, anunciou, em Fátima, o presidente naci-onal da Cáritas. Segundo Eugénio Fonseca, que falava aos jornalistas à margem da reunião da Comissão Permanente da Cáritas Portuguesa, este Observatório visa obter dados, por amostragem, sobre a pobreza no nosso país. Numa fase inicial, que deve estar em funcionamento no primeiro trimestre de 2007, vão fornecer dados para o Observatório cinco paróquias de cada uma das 20 Dioceses, esperando a Cáritas ter dados actualizados, no período de uma década, de 25 por cento das paróquias nacionais. De acordo com o presidente nacional da Cáritas, o Observatório permitirá obter dados sobre «as causas dos problemas sociais que afectam os portugueses, quantos portugueses são pobres, que idades são mais atingidas pelo fenómeno da pobreza e que tipo de pobreza existe». «No fundo, vai permitir ter recursos de leitura social », disse Eugénio Fonseca, admitindo que «hoje não se sabe, por exemplo, quantas pessoas é que a Igreja apoia em Portugal». O Observatório deverá ter dados actualizados semes-tralmente. Entretanto, da reunião da Comissão Permanente da Cáritas Portuguesa, que decorreu ontem em Fátima, saíram algumas propostas para linhas de acção da Cáritas para os próximos anos, das quais se destaca a necessidade de existir, em cada paróquia, um grupo de acção social organizado, a par da tomada de consciência de que os cristãos devem ser chamados a partilhar o que têm. A definição do lema “Igualdade de oportunidades para todos” para o Dia Nacional da Cáritas, em 11 de Março do próximo ano, foi outra das propostas saídas do encontro. Estas orientações deverão ser confirmadas na próxima reunião do Conselho Geral da Cáritas Portuguesa, a realizar em Novembro nos Açores.
: Fonte: Diário do Minho, citado pela Ecclesia

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NOTA: Penso que esta proposta da Cáritas Portuguesa é de grande interesse social. Por ela, vamos ficar a saber que tipo de pobreza existe no nosso País, meio caminho andado para se actuar com consistência e oportunidade. Fala-se muito dos muitos pobres que temos, um pouco por todo o lado, e também se diz que há bastantes pobres envergonhados. Mas a verdade é que não se conhece qualquer estudo, actualizado, que nos diga onde estão eles, com realismo. Ora este projecto, que promete uma actualização semestral, vai servir, disso estou certo, para respostas atempadas, no sentido de se evitar a miséria e o desespero. Oxalá a Cáritas possa contar com a contribuição de todos, Estado, instituições, autarquias, Igrejas e pessoas, para se ficar a saber onde estão os pobres, quem são e do que necessitam.

F.M.

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