terça-feira, 4 de outubro de 2005

Um artigo de Francisco Perestrello, na Ecclesia

Cinema Português em Foco
Em data recente a Fundação Gulbenkian subsidiou a formação de 25 novos realizadores (e realizadoras), suportando o custo de um curso no Reino Unido. Sendo um curso de curta duração irão entrar em breve no mercado de trabalho e, também, no mercado da arte. Virão carregados de esperança e prontos para dar o seu melhor.
Todos sabemos que para se atingir alguma notoriedade no cinema é necessário navegar no campo da longa metragem e conseguir que esta ou estas encontrem sala para estreia comercial, evitando o mergulho directo na televisão ou no vídeo, o que dará uma projecção bem mais limitada. E, em sala, Portugal estreia entre uma dezena e uma dezena e meia de longas metragens em cada ano, mesmo que se tenha em conta o lento crescimento numérico que se tem verificado nos últimos tempos. Teme-se, assim, que não será fácil a absorção de 25 novos cineastas, qualquer que seja a sua preparação e valor.
Entretanto estrearam, nos últimos dois meses, apenas dois filmes portugueses. Foram eles «Um Rio...», que embora mal recebido pela crítica se encontra ainda em exibição em 7 salas, e «Alice», a primeira obra de Marco Martins que se reveste de um interesse muito especial em função do tema.
O argumento de «Alice» revela o esforço de um pai e o sofrimento de uma mãe a quem uma filha de 4 anos desapareceu sem deixar rasto. Todos os meios possíveis são utilizados por um pai desesperado, que instala câmaras fotográficas em prédios de Lisboa para colher imagens dos transeuntes e, eventualmente, encontrar por aí uma pista sobre o paradeiro da filha.
Nuno Lopes, também ele sem experiência no cinema, é um actor que nos transmite bem a dureza da situação em que o protagonista se encontra e nos dá a dimensão de um drama que, infelizmente, atinge muitas famílias pelo país fora. É um filme sombrio, até pela forma como a luz e a cor são utilizados em cada imagem, em cada sequência. É um trabalho com densidade dramática e uma análise cuidada de um problema humano.
Um filme português bem fora do estilo e dos géneros que por cá em geral são adoptados.

"IGREJA AVEIRENSE"

Nova Revista na Diocese de Aveiro “Igreja Aveirense”
A Comissão Diocesana da Cultura propõe-se publicar semestralmente os documentos da Igreja Aveirense que se destaquem pela sua importância histórica e pastoral. Em “Nota Informativa” enviada oportunamente ao Correio do Vouga e ao boletim de Informação Pastoral anunciava este propósito que correspondia a um desejo, expresso várias vezes em instâncias diocesanas, designadamente no Conselho Presbiteral, e a que o nosso Bispo deu plena anuência. Esta publicação vem preencher uma lacuna grave: a de conservar em arquivo documental a vida da Igreja diocesana, na multiplicidade das suas manifestações mais expressivas: Documentos e Textos Episcopais, actos da Cúria, programas de Vigararias, Secretariados e Movimentos, iniciativas de pastoral de conjunto nos arciprestados e nas «unidades pastorais», e noutras formas que se revelem particularmente significativas. Por isso, a Comissão solicitou e continua a solicitar a todos os responsáveis por estas áreas pastorais o envio de «relatos breves» de pessoas e de factos dignos de registo, de projectos em realização, e de sugestões que julguem importantes para que a revista corresponda aos objectivos que se propõe alcançar. Pede igualmente que façam a indispensável divulgação pelos meios que julgarem mais adequados e que colaborem generosamente com a sua oferta para custearmos as despesas, sempre incómodas. Preservando a memória histórica, a Comissão acredita contribuir para a construção de um futuro melhor, mantendo vivo o projecto que no presente se vai fazendo realidade por graça de Deus, a acção da Igreja e o esforço de cada um e de todos. Georgino Rocha

IMIGRANTES: Portugal dificulta reagrupamento familiar

Portugal é um dos 16 países que ainda não aplicaram a directiva europeia sobre o "direito dos imigrantes ao reagrupamento familiar", cujo prazo terminou ontem. A Comissão alertou os países em falta e promete "tomar as medidas processuais apropriadas". A directiva sobre o reagrupamento familiar é mais abrangente do que a legislação portuguesa e aplica-se a todos os imigrantes que residam legalmente num país da UE há pelo menos um ano. Inclui os filhos de casamentos anteriores do imigrante, desde que o progenitor com quem partilhe a guarda da criança dê autorização; e aos solteiros de maior idade, que sejam incapazes de assegurar o seu sustento. Já há muito que as organizações vocacionadas para o apoio aos imigrantes vêm denunciando esta situação, sem que os nossos governantes as oiçam, o que não podemos deixar de lamentar, tanto mais que se prega entre nós, com alguma insistência, o respeito pela família. Por isso, este nosso alerta, numa altura em que urge provocar uma mobilização geral, no sentido de se respeitarem os direitos de quem optou pelo nosso País para encontrar uma vida melhor. Fala-se muito, com alguma razão, é certo, do sentido humanista dos portugueses, mas a verdade é que, por vezes, nos esquecemos de dignificar as pessoas. Os imigrantes, que afinal estão na base do progresso económico e social de Portugal, precisam da nossa solidariedade a todos os níveis, pois é sabido que a família unida está na base do equilíbrio das pessoas, equilíbrio esse que é fundamental ao bem-estar e ao rendimento profissional dos trabalhadores.
Fernando Martins
Fonte: Ecclesia

Um artigo de António Rego

Onde está o aborto?
No excesso de ruído que nos invade está instalada a confusão geral sobre o aborto. Desde as variáveis de nome para atenuar agressividades ou acentuar perspectivas ideológicas, passando por alterações no enfoque da duração do feto, início de vida, até à definição de vida humana, pessoa, licitude e descriminalização. E nada disto é simples nos envolvimentos filosóficos, biológicos, legais e humanos que acarreta, seja qual for a opinião de quem, em última análise, suporta as consequências últimas desta complexa teia: a mulher. Ou melhor, a vida inocente que em nada disto tem a palavra, como não teve na chamada à existência.
Estamos perante uma situação humana que não pode flutuar ao vento dos humores e engenhos políticos circunstanciais que engrenam, com jogos de poder, estratégias de agenda política ou cartazes de comício. A vida humana é, em si, suficientemente sagrada para se preservar de gritarias e falácias, onde se diz mais o que convém dizer, do que aquilo que mais respeita a pessoa.
Andámos, nos últimos tempos, com atabalhoamentos de calendário do Referendo sobre o aborto, sem o povo perceber se o que está em causa é o Presidente da República (este ou o próximo), o Governo, as oposições, o tapete político para exigir pronunciamentos que embaracem as próximas presidenciais (já suficientemente baralhadas), com uma pressa enervada em referendar o que o povo já referendou. (Se o povo tivesse dito sim ao aborto, quem se atreveria a exigir agora outro Referendo? Que aconteceu realmente de novo de então para cá, que vicie e anule a escolha popular que já foi feita?).
Sem nada disto resolvido, uma outra questão (lebre?) se levantou: ”decidir o aborto em duas semanas”, como é titulado a quatro colunas na imprensa. E uma chuva de novas confusões cai sobre a opinião pública. A Ordem dos Médicos acha a medida do Governo “bem intencionada mas impraticável”. Outros ginecologistas e obstetras têm diferente opinião, chegando a dizer-se que “seria um escândalo haver médicos que de manhã são objectores de consciência nos hospitais públicos, e à tarde deixam de o ser nas clínicas privadas”. De que aborto estamos a falar? Já houve referendo e não notámos nada? Já está decidido o que “deve” ser? Já se legisla com presunção de vitória?
De tudo isto, o mais grave é desordem à volta da palavra aborto - como se se tratasse duma ligeira indisposição digestiva após alguma refeição mais lauta.Estamos perante uma questão humana gravíssima – a vida - que se não pode envolver em desarrumações de consciências elásticas, acomodadas a todas as situações.

segunda-feira, 3 de outubro de 2005

Para acabar com os acidentes rodoviários?

O Governo de José Sócrates aprovou a utilização de sistemas de videovigilância, para efeitos de fiscalização rodoviária. Esta é mais uma tentativa para fazer reduzir, de forma acentuada, os acidentes rodoviários em Portugal.
A PSP e a GNR vão receber novos equipamentos que lhes permitam aceder ao cadastro do condutor e inserir, directamente, a multa no sistema da Direcção Geral de Viação.

AVEIRO: "Festival de Outono"

 UA - Painel de Zé Penicheiro 

 AVEIRO: Capital da música, até 5 de Novembro

Chama-se «Festivais de Outono», é uma iniciativa da Universidade de Aveiro e da Fundação João Jacinto de Magalhães, com o apoio da Câmara Municipal e do Teatro Aveirense. Vai inundar Aveiro com uma série de concertos de diferentes géneros, épocas e estilos musicais e juntar artistas de grande relevo nacional e internacional.
A não perder, entre 1 de Outubro e 5 de Novembro, em várias salas de espectáculo da cidade.

(Para ficar a saber mais, clique aqui)

Um artigo da vice-presidente da Comissão Europeia, no DN

FALEMOS DA EUROPA...
A União Europeia chegou a um impasse? A Constituição vai entrar pela calada? Como podemos reforçar a democracia na UE? Quais os problemas que a Europa pode ajudar a resolver? Estas perguntas legítimas, que muitos se colocam, merecem uma resposta franca.
É um facto que o processo de integração europeia sofreu um grave revés com a rejeição da Constituição Europeia pelos eleitores franceses e holandeses. Embora seja pouco provável que o Tratado Constitucional entre em vigor num futuro previsível, as ambições que transmite - uma União mais democrática, mais transparente e mais eficaz - continuarão a constituir uma importante referência. É também indiscutível que o futuro deste tratado só poderá ser decidido de forma democrática.
A actual situação não é fruto do acaso. Não existem análises, diagnósticos ou remédios simples. Mas uma coisa é certa - se os cidadãos europeus não acreditarem que "a União Europeia é feita para eles e por eles", o projecto europeu corre o risco de sofrer não só um impasse mas talvez mesmo um retrocesso.
(Para ler todo o texto, clique DN)