Reflexão de Georgino Rocha
para o Dia Mundial da Paz
Esta invocação à Santa Mãe de Deus abre a segunda parte da Ave Maria, oração decorrente do diálogo do Anjo Gabriel com ela aquando da anunciação. Nasce e flui como resposta do povo cristão perante a contemplação das maravilhas enunciadas na primeira parte: Maria, a cheia de graça, convidada a alegrar-se, que fica surpreendida e preocupada com a mensagem recebida, que é escolhida para ser a Mãe de Jesus, o filho do Altíssimo, que quer saber o como de tudo isso que contrasta com a sua opção de noivado com José, que confia na verdade narrada, que se disponibiliza para ser a obediente serva e assumir tão grandioso projecto. Maria, a reconhecida por Isabel como Mãe do Senhor, a bendita entre as mulheres que gera no seu ventre um fruto precioso, Jesus.
“Deus, em Jesus, teve uma Mãe. Uma simples e humilde mulher daquela aldeia que era Nazaré quando Jesus veio a este mundo. Maria educou a Jesus como todas as mães educam os seus filhos…Que Mãe tão genial que soube educá-Lo tão «divinamente». J. M. Castillo La religión de Jesús, 46-47.
“Rogai por nós, Santa Mãe de Deus” reza, na Salve Rainha, a fé do povo cristão em súplica confiante ao sentir as aflições da vida e os males do mundo, ao fazer a experiência da fragilidade humana e das provocações adversas, ao dar largas às aspirações do coração que quer ser fiel à Palavra do Senhor e à Igreja que a proclama, e participar da sua missão na terra e gozar da sua recompensa no Céu.
Maria é a Mãe de Deus por ser a Mãe de Jesus, seu filho carnal. No seu seio, Deus adquire forma humana, faz-se um de nós, humaniza-se. Faz-se célula germinal e vive as fases marcantes da concepção à idade adulta. Querer encontrar Deus é procurar em Jesus a verdade do ser humano, o espírito filial, a relação fraterna, o cuidado solícito por toda a criação e pelo ambiente, nossa casa comum. Corremos o risco de dirigir o nosso olhar para onde Deus não está. Enquanto o tempo é tempo e a história tiver a marca da finitude, é na humanidade de cada pessoa e na relação de todas entre si que Ele se esconde para nos dar a alegria da surpresa do encontro amigo e da aliança de amor.
Maria é a garante da maravilha de Deus humanado. Nela, a aliança de amor é tão vinculante que dá um novo rumo ao noivado com José e constitui a família humana e legal de Jesus. É esta maravilha que a Igreja celebra em tempo de Natal e coloca como pórtico do Ano Novo que desponta como aurora promissora, como agenda aberta e limpa a preencher com abundantes gestos de amor em prol de cada pessoa e da humanidade. (Lc 2, 16-21).
O Papa Francisco na mensagem «A cultura do cuidado como percurso de paz» para o Dia mundial da Paz que, hoje, celebramos: “Deve ser recordado também o respeito pelo direito humanitário, sobretudo nesta fase em que se sucedem, sem interrupção, conflitos e guerras. Infelizmente, muitas regiões e comunidades já não se recordam dos tempos em que viviam em paz e segurança.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, e valei-nos nos esforços e acordos que somos chamados a fazer para a construção da paz, obra artesanal de todos os dias, alicerçando a firmeza das nossas convicções em Jesus Cristo, vosso filho, o príncipe da paz.
“Cada um de nós é chamado a ser um artífice da paz, unindo e não dividindo, extinguindo o ódio em vez de o conservar, abrindo caminhos de diálogo em vez de erguer novos muros”. FT (Todos Irmãos) nº 284.
Com as bênçãos da Santa Mãe de Deus, caminhemos na esperança, cuidemos da PAZ. Feliz Ano Novo 2021!
Pe. Georgino Rocha