O Pe. Miguel na traineira da Procissão pela Ria de Aveiro, que ele implementou |
Evoco hoje, com emoção, a partida para o seio de Deus, há seis anos, de um bom amigo, o Pe. Miguel Lencastre, que foi coadjutor da nossa terra entre 13 de Junho de 1970 e 30 de Setembro de 1972, assumindo a paroquialidade entre Abril de 1973 e Outubro de 1982. Faleceu no Brasil, portanto, em 13 de Janeiro de 2014, depois de doença que a medicina não conseguiu debelar.
O Padre Miguel Lencastre era, por natureza, uma pessoa disponível para todos, independentemente das cores políticas, sociais e religiosas de cada um. Bom conversador e excelente amigo, tinha no seu espírito o sentido da aliança com Jesus Cristo, Nossa Senhora e seu Santuário, mas também com as famílias e entre as pessoas.
Conheci o Pe. Miguel enquanto braço-direito do Pe. Domingos e depois como pároco, exercendo o seu ministério com espírito renovador e, por isso, inovador, apostando, fortemente, na unidade paroquial com iniciativas que aproximassem os lugares da freguesia, tornando as pessoas solidárias. Quem não recorda as Minifeiras Populares, que decorriam no salão da igreja matriz, e a sua capacidade para liderar projetos que conduziram à construção das igrejas da Praia da Barra, Chave e Cale da Vila, sem esquecer as suas múltiplas tarefas que implementaram a entrada de Schoenstatt na nossa terra e na diocese de Aveiro, de onde saíram ramificações para outras dioceses.
Porque me quero fixar mais no homem e presbítero que me abriu os olhos da mente ao sentido da Igreja Católica, lembro inúmeras conversas que mantivemos sobre o espírito da mensagem evangélica nas mais variadas partes do mundo, unidas tão-só pela espiritualidade que nos leva a amar o outro, independentemente das suas ideias políticas, sociais, culturais e religiosa, princípios que mantenho no dia a dia da minha vida.
A sua ação entre nós, tão multifacetada ao nível cultural como abrangente ao nível social e religioso, deixou marcas indeléveis em muitos dos que com ele conviveram em ambientes humanos, onde a fraternidade ditava leis enriquecedoras.
No seio maternal de Deus, o Pe. Miguel não se esquecerá de nós.
Fernando Martins