“Francisco — Desafios à Igreja e ao Mundo” é o mais recente livro de Anselmo Borges, padre da Sociedade Missionária Portuguesa e Doutor em Filosofia pela Universidade de Coimbra, em cuja Faculdade de Letras é Professor. O Prefácio é de Artur Santos Silva e merece ser lido antes de entrar no trabalho meticuloso, oportuno e esclarecedor do autor, sobre a personalidade marcante do Papa Francisco que, dia a dia, não se cansa de lançar desafios à Igreja e ao mundo, sempre na perspetiva da construção de uma sociedade mais fraterna e mais justa. Este trabalho de Anselmo Borges, cujas crónicas semanais, publicadas no Diário de Notícias, edito no meu blogue Pela Positiva, há uns 12 anos, mostra à evidência o pensar e o agir do Papa Francisco, que veio do outro lado do mundo para acabar com a sonolência na Igreja que amamos, e que, por isso, em muitas áreas, ficou parada no tempo. Não haverá temas, desafios, propostas, conselhos, exemplos, ralhetes, sorrisos, tristezas, mágoas, sofrimentos, alegrias e a fé desafiante do Papa que tenham sido ignorados pelo autor de “Francisco — Desafios à Igreja e ao Mundo”.
A leitura deste livro entusiasmou-me sem nunca me cansar. Cada página contém matéria desafiante e estimulante para prosseguir, mas diversas vezes fui levado a reler para ficar mais esclarecido. Todos os textos, curtos, estão ricamente documentados por dezenas e dezenas de citações dos mais eminentes filósofos, teólogos, pensadores, biblistas, académicos, e outras figuras proeminentes da cultura contemporânea e doutras era, sem esquecer os Doutores da Igreja, os clássicos, sejam crentes e não crentes, cristãos de várias correntes e ateus ou agnósticos.
Artur Santos Silva diz, logo a abrir o Prefácio, que «Este é um livro altamente inspirador para as gerações que vivem os tempos conturbados dos nossos dias», e logo a seguir salienta que «Muito admira Anselmo Borges, para além das suas qualidades pessoais, pela sua capacidade de mobilizar e gerar conhecimentos, pela liberdade com que aborda as grandes questões da sociedade em que vivemos», procurando «ajudar-nos a responder às nossas mais profundas dúvidas e interrogações».
Santos Silva refere, citando Frederico Lourenço: «No cerne do seu valor ético, a mensagem de Jesus continua hoje tão válida, tão certeira e tão urgente como era há 2000 anos.»
Sobre Francisco, Anselmo Borges frisa na Apresentação que Francisco «é um Papa cristão, que antepõe o Evangelho ao Direito Canónico, que gosta das pessoas, as ama e serve, as anima, lhes dá esperança e confiança, como Jesus fez». E adianta: «Sendo um papa cristão, no sentido autêntico da palavra — que segue Jesus, para quem Jesus é determinante na vida e na morte —, a sua urgência maior, ad intra, é tentar converter os católicos, a começar pelos cardeais, bispos, padres, a cristãos, num discipulado evangélico, abandonando o clericalismo eclesiástico e seguindo o caminho de Jesus.»
O livro “Francisco — Desafios à Igreja e ao Mundo” está ordenado em quatro capítulos: De Bento XVI a Francisco, Sexualidade e Família, Pessoa, Ética e Política e Para uma Igreja do Século XXI. São 439 páginas, edição da Gradiva.
Fernando Martins