Luís Miguel Cintra, conhecido ator e encenador, recebeu hoje, em Fátima, o Prémio "Árvore da Vida — Padre Manuel Antunes", atribuído pela Igreja Católica a quem se destacou por um percurso ou obra assente no humanismo e na experiência cristã.
Na sua intervenção, sublinhou que lhe parece ser necessário «haver uma mudança se não quisermos que o mundo e com ele a nossa Igreja mais uma vez se recolham na oração e em tudo o que em si transporta, visto que a sociedade capitalista se tornou tão monstruosamente castradora de todas as liberdades, tão burocrática, que cada vez menos há lugar para repararmos uns nos outros».
Luís Miguel Cintra declarou-se comovido pelo prémio que recebeu, mas não deixou de pedir licença «para não aceitar a sua componente monetária».«Lembrem-se de que foram homens como nós que escreveram Jesus e tudo o resto, querendo na palavra, inscrever uma Revelação. Para que os Homens reconhecessem o Filho de Deus e quisessem seguir o seu mandamento. E cada dia me espanta como o escreveram, que pensamento claro, exposto, sem máscaras, tinham aqueles escritores», disse.
E mais adiante apontou: «Que a Igreja me perdoe mas creio que a situação política mundial é tão grave, que seria tempo de deixarmos de perder tempo com questões evidentemente abusivas da responsabilidade de cada cristão, todas as questões sexuais, em leigos e eclesiásticos, as excomunhões, perdões e autorizações, carreiras religiosas, acumulação de riquezas, privilégios e castigos e voltarmo-nos para o mundo. Nem que seja apenas respeitando quem, sem referência cristã, tem o amor aos outros que a vida pede a todos, construindo finalmente a fraternidade que ainda se não construiu, a partir das relações pessoais a solidariedade entre os povos. Descobrindo pouco a pouco que seja, com a prática de vida que os Evangelhos nos pedem, onde se aloja o cancro que está a minar a obra de Deus.»
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