Reflexão de Georgino Rocha
para a missa de Santa Maria, Mãe de Deus
Os pastores acorrem ao “portal de Belém”, o curral onde nasce Jesus, e encontram um cenário absolutamente normal para uma família “em trânsito”. - Lc 2, 16-21. Observam o recheio envolvente e o seu olhar concentra-se nas pessoas e nas atitudes.
Em Jesus, Deus abençoa-nos, isto é, manifesta e diz o bem que nos quer, a vida que nos deseja, o tempo que nos oferece, o futuro que nos prepara, a aliança que connosco celebra. E quem acolhe esta bênção pode abençoar porque reconhece que Deus está na origem de todo o bem; que está presente nas pessoas e nas famílias; que destina a todos e a cada um os bens criados e transformados pela tecnologia. Abençoar alguém é desejar-lhe que tome consciência da presença de Deus na vida, na família, nos projectos, nos sonhos em realização.
No início do Ano Novo, que o bom Deus nos dê a sua bênção, olhe com bondade o nosso coração e lhe conceda sabedoria para entender a vida como doação confiante. Que este ano não nasça envelhecido, mas surja com gérmenes de esperança a brotar em todos e encontre pessoas à altura do tamanho dos desafios com que nos debatemos e reclamam solução urgente em nome da dignidade humana. A exemplo de Maria, a mãe de Jesus.
"Já não escravos, mas irmãos" - clama o Papa Francisco na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, 2015. E com ele, todos os que escutam as aspirações profundas do coração humano, sentem a beleza da dignidade e da autonomia e verificam "o flagelo generalizado da exploração do homem pelo homem, flagelo que "fere gravemente a vida de comunhão e a vocação a tecer relações interpessoais marcadas pelo respeito, a justiça e a caridade. Tal fenómeno abominável, que leva a espezinhar os direitos fundamentais do outro e a aniquilar a sua liberdade e dignidade... Já não escravos, mas livres".