O 25 de Abril ofereceu-nos essa liberdade, quer alguns queiram quer não queiram. Sem ele, a sociedade em que vivemos seria muito mais pobre. Infelizmente, por razões que não importa abordar, aqui e agora, há muitos portugueses nostálgicos do passado. Talvez por memória curta. Daí as palavras e os gestos contra a democracia e contra as liberdades conquistadas em Abril de 1974.
Houve erros no percurso desde essa data? Claro que houve, como haverá sempre, porque a sociedade perfeita, feita à medida do pensar de cada um, não passa de uma utopia. As utopias, como toda a gente sabe, não passam de metas, impossíveis de alcançar.
Os Capitães de Abril resolveram não participar nas cerimónias oficiais. Eu acho que foi pena, mas respeito as suas decisões. Gostaria, portanto, que não se tivessem demarcado das festas oficiais, mas também gostaria que, com serenidade, apontassem saídas concretas e exequíveis para se ultrapassar a crise em que vivemos. A hora do diálogo deve ser uma constante em todos os momentos. Muito mais em momentos de dificuldades extremas, com tantos portugueses a passar fome, sem trabalho e sem futuro.
Queria ainda dizer, sobretudo aos nostálgicos de tempos que já lá vão, que não alinho com os que passam a vida a clamar que o Salazar faz falta. Eu nem quero imaginar a possibilidade remota de viver numa sociedade fechada, do "orgulhosamente sós", de tiranias, de pobreza, de analfabetismo, de PIDE, de exploração de trabalhadores, de perseguições, de guerras fratricidas, de opressões. Eu quero viver numa sociedade livre, democrática, de participação cívica, de progresso, de paz. Ainda nos falta muito? Lá chegaremos. Em liberdade.
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