sábado, 17 de dezembro de 2011

O que é que verdadeiramente queremos?



Os trabalhos mais felicitantes
Anselmo Borges



O que é que verdadeiramente queremos? Ser felizes, não? Mas, quando começamos a tentar definir o que é a felicidade, essa definição não se encontra. É um não sei quê, que tem a ver com alegria, realização, bem-estar, vida preenchida, bem-aventurança. De qualquer forma, é o contrário de infelicidade e desgraça.
Kant foi dizendo que a felicidade é "a satisfação de todas as nossas tendências e inclinações", ao mesmo tempo que preveniu que isto não é senão "um ideal da imaginação". De facto, a felicidade coincide com o Sumo Bem na plenitude, de que nesta Terra apenas poderemos encontrar antecipações. Tendemos para ser de modo pleno, precisamente para a eudaimonia, a felicidade, como lhe chamou Aristóteles, e que Andrés Torres Queiruga caracterizou como aquele "estado no qual, sem contradições, se realizariam todas as potencialidades, se manifestariam todas as latências e se cumpririam todos os desejos e aspirações que habitam o coração humano, individual, colectivo e cósmico". Mas a felicidade perfeita não é deste mundo. Há instantes de felicidade, aqueles instantes tocados pela eternidade e que anulam o tempo.
Aliás, para a felicidade, são necessárias muitas condições: saúde, prazer, algum dinheiro, amigos, um trabalho realizante, uma família estável, um projecto de vida, a acção, a justiça, o conhecimento, o reconhecimento. Claro, o amor. A religião, na medida em que se refere ao sentido, e sentido último, pode ser decisiva. Santo Agostinho dizia a Deus: "O nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Ti."
De todo o modo, ao contrário do pensamento corrente, não é o ter que decide da felicidade. Neste sentido, é significativo que a famosa revista "Forbes" tenha publicado os resultados de um estudo levado a cabo pela National Organization for Research, da Universidade de Chicago, segundo o qual, entre os trabalhadores mais felizes do mundo, se encontram os padres e pastores protestantes, os bombeiros, os fisioterapeutas, os escritores...
A ordem é exactamente esta: clérigos (sacerdotes católicos e pastores protestantes), bombeiros, fisioterapeutas, escritores, educadores do ensino especial, professores, artistas, psicólogos, agentes financeiros, engenheiros de operações.
Segundo os estudiosos, o que une estas profissões tão diversas é a baixa remuneração e a ligação e entrega aos outros. A confirmar esta opinião está que são as profissões com menos contacto humano que trazem mais insatisfação. Assim, entre os dez trabalhos menos felicitantes e até mais odiados, encontram-se postos de direcção e salários elevados: directores de tecnologias da informação, directores de vendas e marketing, produtores/managers, peritos de Web, técnicos especialistas, técnicos de electrónica, secretários jurídicos, analistas de suportes técnicos, maquinistas, gerentes de marketing.
Nestes tempos de tantas dificuldades para tantos, estes resultados dão que pensar.
Já agora, tendo apresentado estas duas listas de top 10, permita-se-me mais uma lista com 10, mas, desta vez, com os dez mandamentos das relações humanas, segundo Alejandro Córdoba. Tornariam a nossa vida mais fácil: 1. Fala com as pessoas. Nada há tão agradável e estimulante como uma palavra de saudação cordial. 2. Sorri para as pessoas. 3. Chama as pessoas pelo seu nome. Para quase todas, a música mais suave é ouvir o seu próprio nome. 4. Sê amigo e prestável. Se queres ter amigos, sê amigo. 5. Sê cordial. Fala e age com toda a sinceridade: tudo o que fazes fá-lo com gosto. 6. Interessa-te sinceramente pelos outros. Recorda que sabes o que sabes, mas que não sabes o que outros sabem. 7. Sê generoso a elogiar e cauteloso a criticar. Os líderes elogiam. Sabem animar, dar confiança e elevar os outros. 8. Aprende a captar os sentimentos dos outros. Em toda a controvérsia, há três ângulos: o teu, o do outro e o do que só vê o seu com demasiada certeza. 9. Preocupa-te com a opinião dos outros. São três as atitudes de autêntico líder: ouvir, aprender e saber elogiar. 10. Ama e depois age. É transversal a todos os anteriores e é a maneira mais eficaz de dar testemunho e evangelizar.

No DN

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