Dizem por aí que a foto do filho de Cristiano Ronaldo vale milhões de euros. Numa sociedade mercantilista, o endeusamento de pessoas tem destes fanatismos, em que se explora, até aos milhões, a alienação de gente que não tem mais em que pensar. Eu sei que cada um é livre de se deixar levar pelo retrato de um menino que, se calhar, ainda nem recebeu um beijo do pai. Da mãe ninguém sabe nada, nem sequer se conheceu o pai do filho. Mas isso é lá com eles.
Agora, meus caros, há que pensar nestas manobras publicitárias, que nos desviam dos verdadeiros interesses das nossas vidas reais, que nada têm a ver com fotografias de meninos de gente rica, mesmo que a riqueza venha da arte de dar pontapés na bola. Repito: cada um sabe de si, cultivando os valores que o enformam ou deformam. Mas continuo a pensar que seria mais importante para todos nós se valorizássemos, em vez dos artistas da bola, os sábios das ciências, os artistas sublimes, os homens e mulheres solidários que no mundo mitigam a fome a tantas crianças cheias de nada. Que riqueza seria para a solidariedade universal a oferta desses milhões, como outros, que valem a foto duma criança.