TODOS DIFERENTES, TODOS IGUAIS
Um dia, ao fazer uma visita ao interior de um Hospital Psiquiátrico, o seu Director depara com esta cena bizarra: um doente, ali internado, transportava um carrinho de mão, de pernas para o ar. Interpelado sobre as razões da sua atitude, respondeu, prontamente: - É que... se eu o voltar ao contrário, carregam-no com tijolos.
A interpretação do facto ficará a cargo de cada um, não me competindo a mim, entrar em divagações.
Vem isto a propósito de muitos cidadãos com quem nos cruzamos no nosso dia-a-dia, por qualquer particularidade no seu comportamento, serem rotulados de “anormais”, com toda a displicência e arrogância. Não encontrei, ainda, a bitola para classificar as pessoas, medindo-lhes as capacidades intelectuais e outras, o que talvez permitisse estabelecer claramente a barreira entre a normalidade e a insanidade mental. Quando ouço os peritos na matéria, fico cada vez mais perplexa, pois em vez de me ajudarem a “rotular” as pessoas, fico com a sensação que a loucura anda por aí a espreitar em pessoas que se intitulam de muito sãs!
As entidades oficiais adoptaram a política de inclusão dos cidadãos deficientes, no meio da grande massa dos alunos ditos normais, numa perspectiva de desenvolvimento, da aceitação do outro e da tolerância.
Se aprofundarmos bem esta questão, veremos que anda por aí muita gente com “pancas” bem declaradas, sob a capa de respeitáveis cidadãos. Chamar anormal a uma pessoa comum, apenas porque não se rege pelos parâmetros da maioria iluminada, é algo de muito perigoso e até arriscado. Chovem de cima os exemplos de anormalidade, em todos os campos de acção, sendo o político aquele donde são recrutados os maiores exemplares.
Se a imoralidade, o despudor, a par com a violação dos valores e princípios que deveriam nortear a vivência em sociedade, grassam em campo aberto, quem sou eu para olhar o meu próximo com olhos discriminadores?
Prefiro quedar-me com a frase feita: Todos diferentes, todos iguais.
M.ª Donzília Almeida
03.12.09