A celebração eucarística
é sempre uma riqueza a defender,
para bem do povo crente
"As celebrações prolongam-se demasiado, rompe-se o seu equilíbrio e unidade, atropelam-se momentos importantes, queima-se tempo necessário para o silêncio…
Uma celebração eucarística não é um cabide onde cada um dependura coisas a seu gosto, nem uma assembleia com vários pelouros de gente independente. Tem presidência responsável, regras de culto público, ministérios ao serviço da assembleia. Não tem o rigor de uma cerimónia militar, mas não dispensa a ordenação correcta de um acontecimento respeitável. A Igreja quer que ela seja festiva, mas não a qualquer custo.
Não é fácil extirpar abusos. Sei isso, por experiência. Quando me vi surpreendido, já no altar, por intervenções inesperadas e, na sacristia, chamei a atenção para isso, vi reacções de desagrado. Quando, terminada a celebração quis encontrar-me com o grupo coral para dizer o que, por dever, me competia, ouvi: “O senhor manda no altar, no coro mandamos nós”. Quando pedi a um coro que escolhesse cânticos que o povo cantasse, foi-me respondido: “Na igreja só tem direito a cantar quem faz parte do coro e vem aos ensaios”. São os tais pelouros que se foram constituindo por falta de formação e ganharam força ao verem e ouvirem o que se faz nas missas da televisão e da rádio, quando não mesmo por ali mais perto.
A celebração eucarística é sempre uma riqueza a defender, para bem do povo crente."
António Marcelino
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