Obama, a força das ideias
1. Não há dúvidas que o passo histórico dado na eleição de Barack Obama merecerá grandes estudos. A democracia americana, com os seus valores e limites (como todas as democracias) dá uma grande prova de vitalidade. É verdade que a conjuntura se foi proporcionando para o refrão «we can, we change». São muitas, hoje, as revistas no escaparate que proporcionam o entender a vida de Obama e donde provém a sua força co-responsável como líder de ideias. Mesmo acima de toda a poderosa máquina do marketing político ou da lógica coisificante económica, a verdade é que as ideias estão vivas e deram uma enérgica resposta ao serem coroadas de êxito…
2. O retrato da vida da família de Obama e a sua eleição como 44º presidente dos EUA encarnam quase uma face mitológica. O triunfo dos simples do novo líder tocará semelhanças com o libertador Martin Luther King ou com o Kenedy que deixou órfã a América. A eleição da sabedoria deste homem afro-americano deixa antever que será seguido passo a passo, e mesmo com toda a legitimidade democrática da razão política, será sempre estreita a sua porta no patamar da emoção sociocultural… Obama soube tornear muitas questões; campanha é campanha, governar será diferente. Os seus primeiros discursos deixam transparecer um claro realismo, como quem diz que o caminho não será nada fácil. Este discurso faz baixar à terra a euforia dos seus apoiantes e quer ser promoção e empenho de todos…
3. A sua matriz intercultural, do ADN às ideias geradoras de pontes comunitárias, é um admirável sinal para os tempos de globalização. Este mundo, em ansiosa busca de regulação, não se compadece com o isolado unilateralismo que ficará como imagem de marca Bush. A «força das ideias» tem conduzido Obama e conduziu-o ao poder. O mesmo povo que havia eleito a «força das armas» aposta na mudança. Que nenhum «11 de» perturbe o «sonho» comunitário de Obama. O mundo saiba acolhê-lo!