Em período nenhum da nossa história, pelo que sei, se praticaram tantos e tão grandes ataques e desconsiderações em relação à família, como no tempo presente. Ainda há muita gente entre nós a viver de um ódio inconsistente e doentio, que colou valores fundamentais a sistemas políticos transitórios. A trilogia Deus, Pátria e Família continua a ridicularizar-se, como reminiscência de uma realidade fascista a abater.
Sem qualquer discernimento crítico sobre o que poderia ter sido exagerado e redutor nos referidos sistemas e o que constituía preocupação por defender e promover realidades e valores a respeitar e fontes inspiradoras a defender para segurança e bem da vida pessoal e comunitária, abriu-se caminho ao “bulldozer” arrasador de tudo o que parece a alguns ser património nefasto de um passado recente, que se quer renegar, mas acerca do qual não se procurou aprofundar nem a sua história, nem o seu sentido.
O ódio e a incultura, pela cegueira que comportam, são sempre inimigos da sociedade.
Os novos corifeus do poder político, que dizem emanado de um povo que não ouvem nem respeitam, e os do poder intelectual, narcisistas, que pararam no século das luzes, dizem-se, na sua maioria, em relação a Deus, agnósticos, à Pátria, estrangeiros, à Família, indiferentes. Tomam posturas cegas ao dizerem que só lhes interessa quem concorda com eles, não se importam, perante interesses pessoais e ideológicos, de negar hoje o que afirmaram ontem, ou de se manifestarem, com manha e hipocrisia, de acordo com tudo e com todos, se deste modo esperam tirar maior proveito.
As ideologias esvaziaram-se, a palavra já não é de honra, o povo é o seu grupo de apoiantes, a verdade e os valores universais relativizaram-se, quem diverge é inimigo, quem apoia espera favores, quem pensa está fora da realidade, quem não pensa é promovido… A vida política entrou em descrédito, os arrivistas invadem a rua e não só a rua, o programa da terra queimada vai alastrando, multiplica-se o número dos dogmáticos entre os que sempre reagiram a dogmas, o projecto é de mais jogos e menos pão, renasce o ditado de que “com bolos se enganam os tolos”. Parece que o céu se foi fechando, o sol deixando de iluminar, aumentando o clamor do “salve-se quem puder”.
Instala-se, assim, um clima que fere de morte instituições básicas e mata o interesse das pessoas sérias em relação ao serviço público à comunidade.
A visão parece catastrófica. Porém, nunca a esperança se desvanece em quem acredita que a morte já foi para sempre vencida. Mais se trata de um grito que convida a acordar, a agir, a ler a realidade com os ventos perigosos que traz no seu seio, do que de um pregão de desgraça, que convida a desistir, fugir da convivência, ou mesmo a emigrar.
Uma situação cheia de consequências, que gera preocupação e suscita repulsa, está à vista na destruição programada da família. À revelia da Constituição, do bem senso e do respeito pelos outros, deixou de ser considerada fundamento da vida em sociedade e espaço indispensável da dignificação e humanização dos seus membros, mormente dos mais indefesos, sejam eles crianças ou idosos. Os legisladores, apoiados numa votação favorável, por demais garantida, voltaram-se para a presumível solução e satisfação de casos e interesses individuais, para o caso de muitos deles, os seus próprios interesses.
Haja em vista o que acontece em relação ao divórcio. A pretexto de uma solução possível, ainda que sempre manca, de alguns problemas graves que, infelizmente, não faltam, as leis que aí temos denunciam que a família é uma ilusão e um prejuízo, a que não vale a pena dar qualquer atenção. Até se beneficia com isso. Ante os devaneios de quem casou, sabe-se lá porquê, sem dar sentido de responsabilidade ao acto, põe-se-lhe ali à mão, ao lado do “pronto-a-vestir”, o “divórcio na hora”. Favor a quem não quer lutar e castigo a quem diz que família é coisa séria. Voltarei a este tema, que o pano dá. Mas, ao menos, temos um Portugal mais moderno e mais considerado fora de portas!...
António Marcelino
Sem qualquer discernimento crítico sobre o que poderia ter sido exagerado e redutor nos referidos sistemas e o que constituía preocupação por defender e promover realidades e valores a respeitar e fontes inspiradoras a defender para segurança e bem da vida pessoal e comunitária, abriu-se caminho ao “bulldozer” arrasador de tudo o que parece a alguns ser património nefasto de um passado recente, que se quer renegar, mas acerca do qual não se procurou aprofundar nem a sua história, nem o seu sentido.
O ódio e a incultura, pela cegueira que comportam, são sempre inimigos da sociedade.
Os novos corifeus do poder político, que dizem emanado de um povo que não ouvem nem respeitam, e os do poder intelectual, narcisistas, que pararam no século das luzes, dizem-se, na sua maioria, em relação a Deus, agnósticos, à Pátria, estrangeiros, à Família, indiferentes. Tomam posturas cegas ao dizerem que só lhes interessa quem concorda com eles, não se importam, perante interesses pessoais e ideológicos, de negar hoje o que afirmaram ontem, ou de se manifestarem, com manha e hipocrisia, de acordo com tudo e com todos, se deste modo esperam tirar maior proveito.
As ideologias esvaziaram-se, a palavra já não é de honra, o povo é o seu grupo de apoiantes, a verdade e os valores universais relativizaram-se, quem diverge é inimigo, quem apoia espera favores, quem pensa está fora da realidade, quem não pensa é promovido… A vida política entrou em descrédito, os arrivistas invadem a rua e não só a rua, o programa da terra queimada vai alastrando, multiplica-se o número dos dogmáticos entre os que sempre reagiram a dogmas, o projecto é de mais jogos e menos pão, renasce o ditado de que “com bolos se enganam os tolos”. Parece que o céu se foi fechando, o sol deixando de iluminar, aumentando o clamor do “salve-se quem puder”.
Instala-se, assim, um clima que fere de morte instituições básicas e mata o interesse das pessoas sérias em relação ao serviço público à comunidade.
A visão parece catastrófica. Porém, nunca a esperança se desvanece em quem acredita que a morte já foi para sempre vencida. Mais se trata de um grito que convida a acordar, a agir, a ler a realidade com os ventos perigosos que traz no seu seio, do que de um pregão de desgraça, que convida a desistir, fugir da convivência, ou mesmo a emigrar.
Uma situação cheia de consequências, que gera preocupação e suscita repulsa, está à vista na destruição programada da família. À revelia da Constituição, do bem senso e do respeito pelos outros, deixou de ser considerada fundamento da vida em sociedade e espaço indispensável da dignificação e humanização dos seus membros, mormente dos mais indefesos, sejam eles crianças ou idosos. Os legisladores, apoiados numa votação favorável, por demais garantida, voltaram-se para a presumível solução e satisfação de casos e interesses individuais, para o caso de muitos deles, os seus próprios interesses.
Haja em vista o que acontece em relação ao divórcio. A pretexto de uma solução possível, ainda que sempre manca, de alguns problemas graves que, infelizmente, não faltam, as leis que aí temos denunciam que a família é uma ilusão e um prejuízo, a que não vale a pena dar qualquer atenção. Até se beneficia com isso. Ante os devaneios de quem casou, sabe-se lá porquê, sem dar sentido de responsabilidade ao acto, põe-se-lhe ali à mão, ao lado do “pronto-a-vestir”, o “divórcio na hora”. Favor a quem não quer lutar e castigo a quem diz que família é coisa séria. Voltarei a este tema, que o pano dá. Mas, ao menos, temos um Portugal mais moderno e mais considerado fora de portas!...
António Marcelino