Quantas Barragens?!
1. Há dias foi apresentado o Plano Nacional de Barragens. Sabemos que as necessidades de energia são muitas, sendo esta uma fatia fundamental de despesa habitual do país. Neste sentido, todo o esforço, tardio, é estratégico e por isso bem-vindo. Mas, serão três, quatro barragens? Cinco, já soaria a promessa exagerada! De forma alguma: a promessa é mesmo a construção não de sete ou oito, mas (números redondos) dez barragens! Claro, depois de dez estádios, dez barragens para 2020, é essa a última promessa, para produzir 7000 megawats nesse final da década de 20. (Bom, ao menos nestas barragens sabemos que, mais mês menos mês, ficarão cheias!...)
2. O discurso do 5 de Outubro elegeu, novamente, a “corrupção” como combate e (“inovadamente”) a EDUCAÇÃO como aposta decisiva. Sobre a primeira matéria, o Eng. João Cravinho, “aconselhadamente” agora emigrado, (em grande entrevista à Visão) continua a ver à distância o seu esforço da des-corrupção colocado na prateleira; quanto à educação, um forte apelo “cidadânico”, de empenho de pais e comunidade local desperta-nos para o sentido da hierarquia de prioridades, devendo-se destacar um sentido de exigência estimulante que (pro)mova a escola e a comunidade educativa como missão decisiva no “agarrar” os desmotivados, abandonados e auto-excluídos da escola. Que dramático o abandono escolar e a desqualificação dos portugueses que merecia a garantia de uma promessa para 2020!
3. Que democracia é esta que continuamente publicita e promete e tem ainda, “longemente”, por cumprir o que prometeu? (Os milhares de postos de trabalho?) É para levar a sério, ou será para não ligar?! Há dias falava-se que o “prometismo”, a forma elegante de fazer política, já chegou ao poder local… E ainda: porque é que os portugueses acreditam muitas vezes facilmente na proclamada “banha da cobra”?! Nos tempos em que estamos, é problemático (seja de que quadrante for) o prometer-se, como é sintomático da profundidade cívica (ou não!) o acreditar-se na promessa. Mas, já agora, quanto às dez barragens (sem derrapagens orçamentais!) previstas, para quê e para quem tanta energia, se a natalidade é o que é, a escola “idem aspas” e os cuidados de saúde são o que são?!
4. Será que continuamos a prometer ao lado?! As crianças, os doentes, idosos, desempregados, as pessoas com deficiências, os professores, escolas… também merecem uma promessa…! Sonhamos com o dia em que não se façam promessas, elas afastam-nos da autenticidade.
Alexandre Cruz
1. Há dias foi apresentado o Plano Nacional de Barragens. Sabemos que as necessidades de energia são muitas, sendo esta uma fatia fundamental de despesa habitual do país. Neste sentido, todo o esforço, tardio, é estratégico e por isso bem-vindo. Mas, serão três, quatro barragens? Cinco, já soaria a promessa exagerada! De forma alguma: a promessa é mesmo a construção não de sete ou oito, mas (números redondos) dez barragens! Claro, depois de dez estádios, dez barragens para 2020, é essa a última promessa, para produzir 7000 megawats nesse final da década de 20. (Bom, ao menos nestas barragens sabemos que, mais mês menos mês, ficarão cheias!...)
2. O discurso do 5 de Outubro elegeu, novamente, a “corrupção” como combate e (“inovadamente”) a EDUCAÇÃO como aposta decisiva. Sobre a primeira matéria, o Eng. João Cravinho, “aconselhadamente” agora emigrado, (em grande entrevista à Visão) continua a ver à distância o seu esforço da des-corrupção colocado na prateleira; quanto à educação, um forte apelo “cidadânico”, de empenho de pais e comunidade local desperta-nos para o sentido da hierarquia de prioridades, devendo-se destacar um sentido de exigência estimulante que (pro)mova a escola e a comunidade educativa como missão decisiva no “agarrar” os desmotivados, abandonados e auto-excluídos da escola. Que dramático o abandono escolar e a desqualificação dos portugueses que merecia a garantia de uma promessa para 2020!
3. Que democracia é esta que continuamente publicita e promete e tem ainda, “longemente”, por cumprir o que prometeu? (Os milhares de postos de trabalho?) É para levar a sério, ou será para não ligar?! Há dias falava-se que o “prometismo”, a forma elegante de fazer política, já chegou ao poder local… E ainda: porque é que os portugueses acreditam muitas vezes facilmente na proclamada “banha da cobra”?! Nos tempos em que estamos, é problemático (seja de que quadrante for) o prometer-se, como é sintomático da profundidade cívica (ou não!) o acreditar-se na promessa. Mas, já agora, quanto às dez barragens (sem derrapagens orçamentais!) previstas, para quê e para quem tanta energia, se a natalidade é o que é, a escola “idem aspas” e os cuidados de saúde são o que são?!
4. Será que continuamos a prometer ao lado?! As crianças, os doentes, idosos, desempregados, as pessoas com deficiências, os professores, escolas… também merecem uma promessa…! Sonhamos com o dia em que não se façam promessas, elas afastam-nos da autenticidade.
Alexandre Cruz