O calcanhar do Chelsea
1. Factos são factos. O famoso treinador saiu e um novo treinador entrou. Nada de especial nestas lides do futebol comércio (escândalo com espectáculo), não fosse todo o historial de vitórias inéditas a par da estratégia mediática sempre no fio da navalha, mantendo (em polémicas ou não) cada dia a chama acesa. Assim, muito mais que um simples treinador, este caso envolve tudo o que se poderá considerar como comunicação, inteligência e emoção pública, num país onde o futebol é a própria metáfora original da nação inglesa.
2. O milionário presidente russo do clube londrino é que não compreendeu o jogo onde se meteu. Talvez melhor fosse que o seu jogo económico também fosse mais “limpo” (pelo que parece a sua fortuna petrolífera não lhe permite voltar à justiça da Rússia). A certa altura, quem só sabe lidar com milhões de dinheiro acaba por nada entender do que são as emoções mediáticas, não sabendo ler como actuar. É o caso. Os adeptos adoram (é isso mesmo, é mau, mas é verdade, “adoram”) o treinador que por sua vez sabe lidar com eles e com todos; o treinador que se demite. É o fim!
3. E o futuro? É incrível mas é mesmo assim, o treinador “special” que sai continua a somar milhões, ora no bolso próprio ora na algibeira dos apostadores da (e do) capital. O treinador que entra, aflito, diante de adeptos que querem o seu “pescoço”, aguarda pelos golos dos jogadores que já não querem jogar à bola. Até onde irá o jogo do presidente do clube ex-campeão? Mais que o treinador, o presidente mudo concluirá que em todo este processo ele escolheu ser a vítima favorita dos adeptos. Quanto mais José Mourinho se mostra “livre”, mais Avram Grant (novo treinador) treme e mais ainda o riso do presidente Abramovich se converterá em fuga. Enquanto é tempo e os adeptos deixarem!
Alexandre Cruz