domingo, 18 de março de 2007

Um artigo de Anselmo Borges, no DN



Dezanove de Março:
o Dia do Pai





O génio de Kant não estaria num dos seus momentos mais altos, quando, num texto célebre, pôs esta pergunta na boca de Deus: "Não conseguimos libertar-nos deste pensamento, mas também não podemos suportá-lo: que um ser, que nos representamos como o supremo entre todos os possíveis, de certo modo se diga a si mesmo: 'Eu sou de eternidade em eternidade, fora de mim não existe senão o que existe por minha vontade; mas então donde venho eu?' Aqui, tudo se afunda debaixo dos nossos pés."
Há realmente uma pergunta vertiginosa, que constitui um abismo para a razão humana: qual é o Fundo sem fundo donde vem tudo o que vem à luz e se manifesta? Mas essa é uma pergunta do Homem e para o Homem, não de Deus e para Deus. Deus não pergunta, porque é Deus. O animal não pergunta, porque é animal. A pergunta é própria do Homem, e a razão é que ele é ao mesmo tempo finito e abertura ao infinito. Perguntar é constitutivo do Homem, e a pergunta radical é precisamente: qual é o Fundo sem fundo donde vem tudo o que vem à luz e se manifesta? Porque ao mesmo tempo que se manifesta esconde-se - revela-se e oculta-se simultaneamente.
Na tentativa de balbuciarem algo sobre o Mistério último da realidade, a fé e a teologia cristãs falam de Deus como comunhão de diferentes - Pai, Filho e Espírito Santo -, sendo o Pai o Princípio sem princípio, a Fonte originária, Criador de tudo o que existe e Mistério abissal, invisível e inexprimível. Ele diz-se no Filho, que é o Verbo, a Palavra do Pai, e o Espírito Santo é o Amor que une o Pai e o Filho.
Pai é alguém que está na origem de, algo ou alguém que é força criadora do novo.
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