terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

UM ARTIGO DE ANTÓNIO REGO



A DIGNIDADE
DA IMPRENSA REGIONAL



Os jornais regionais são uma espécie de reserva ecológica da imprensa. Com o dom da proximidade, contam à comunidade de perto e de longe um pouco da sua vida e dos eventos mais significativos. Têm mesmo um tom familiar de quem sabe o que diz e conhece as pessoas de quem fala. Dir-se-á que têm os defeitos dos pequenos espaços circulares onde as narrativas da aldeia falam mais de pessoas que de ideias. Ou das ideias de apenas algumas pessoas. Mas quem está atento nota que algo mudou. A tecnolo-gia veio acelerar um processo de construção muito mais moderno. As fontes de informação multiplicaram as suas potenciali-dades, a região ganhou uma soberania e afirmação que desconcerta e interroga os que julgavam que apenas na grande imprensa se fabricam as ideias dum país.
É sabido que a Igreja teve um papel decisivo na criação e desenvolvimento da imprensa regional. Respondeu aos apelos da Igreja universal que foi acompanhando o nascimento e evolução dos media. No nosso país surgiu, na linha da Boa Imprensa, um grupo de jornais diários, semanários e mensais que durante muito tempo constituíram o grande veículo de circulação de ideias e informação nas dioceses e nas aldeias mais longínquas.
O poder político olhou muitas vezes com desconfiança para este vaivém de informações para os da terra e para os emigrados das grandes cidades do estrangeiro. Outras compreendeu essa função de unir uma família dispersa e alimentar uma chama pela terra que, por ser pequena, mais querida era. Foi nesse contexto e compreensão que surgiu o apoio à imprensa regional através do Porte Pago, ou seja, da difusão do próprio jornal. A partir de certa altura, porém (as flutuações do poder) iniciou-se a operação estrangulamento, com o intuito de apoiar os mais fortes e deixar cair os mais pequenos. A ideia parecia generosa, mas pretendia, na prática, favorecer a criação de alternativas a uma imprensa cristã já existente por outra que, com mais apoios oficiais, autárquicos e nacionais, que melhor reflectisse a voz dos donos. E os apoios alternativos então legislados que obrigavam os organismos do Estado a enviar 12 por cento da publicidade institucional para os meios de comunicação regional, ainda não chegaram. Isso mesmo o reconheceu o ministro dos Assuntos Parlamentares em Bragança, na celebração do 67º Aniversário do Mensageiro de Bragança. Por isso já valeu a sessão solene. Vejamos o que se segue.

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