terça-feira, 21 de março de 2006

Um poema de Florbela Espanca

ÁRVORES DO ALENTEJO Horas mortas… Curvada aos pés do monte a planície é um brasido… e, torturadas, as árvores sangrentas, revoltadas, gritam a Deus a bênção duma fonte! E quando, manhã alta, o sol pesponte a oiro a giesta, a arder, pelas estradas, esfíngicas, recortam, desgrenhadas, os trágicos perfis no horizonte! Árvores! Corações, almas que choram, almas iguais à minha, almas que imploram, em vão, remédio para tanta mágoa! Árvores! Não choreis! Olhai e vede: – Também ando a gritar, morta de sede, pedindo a Deus a minha gota de água! : NB: Florbela Espanca, natural de Vila Viçosa, faleceu em Matosinhos em 1930, com 36 anos de idade.

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