ÁRVORES DO ALENTEJO
Horas mortas… Curvada aos pés do monte
a planície é um brasido… e, torturadas,
as árvores sangrentas, revoltadas,
gritam a Deus a bênção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol pesponte
a oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
esfíngicas, recortam, desgrenhadas,
os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
almas iguais à minha, almas que imploram,
em vão, remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
– Também ando a gritar, morta de sede,
pedindo a Deus a minha gota de água!
:
NB: Florbela Espanca, natural de Vila Viçosa,
faleceu em Matosinhos em 1930, com 36 anos de idade.
Sem comentários:
Enviar um comentário