domingo, 3 de abril de 2005

A globalização está a dar cabo de nós

No seu espaço habitual do suplemento "Economia & Internacional" do "Expresso", Nicolau Santos afirma que a globalização está a dar cabo de nós, garantindo que "não há milagre de produtividade que consiga reduzir o diferencial do custo de mão-de-obra entre a Europa e a China". E sublinha, a seguir, que o inevitável "é a concentração da riqueza num cada vez menor número de megaempresas e o avanço da pobreza e da insegurança profissional à escala planetária". Depois de contar a história económica do Japão, que passou quase do pleno emprego no pós-guerra para uma situação em que 40 por cento dos japoneses ocupam, presentemente, um posto de trabalho a tempo parcial ou a termo certo, Nicolau Santos afirma que a globalização vai fazer com que "a esmagadora maioria das nossas empresas têxteis desapareça, deixando no desemprego de 75 a 100 mil trabalhadores nos próximos cinco anos". Refere, por outro lado, que o movimento da integração europeia "vai tornar-nos o Alentejo da Europa, desertificado e pouco interessante, com os nossos melhores quadros e os nossos filhos a emigrarem para centros urbanos europeus bem mais compensadores do ponto de vista profissional, social e cultural". No entanto, Nicolau Santos frisa que ainda há soluções para evitar esta catástrofe, soluções essas que passam por algumas empresas nacionais dominarem sectores estratégicos e por haver incentivos a investimentos estrangeiros em investigação e desenvolvimento entre nós. Mais: por estimular o orgulho dos empresários nacionais em manterem as empresas nas suas mãos, por fazer compreender aos sindicatos que não pode estar em jogo os aumentos salariais, mas saber se ainda teremos um emprego daqui a cinco anos. Numa perspectiva positiva, temos de olhar, de facto, para a evolução do mundo económico, matriz do progresso a nível de bem-estar social. A economia, hoje, está na base de tudo, podemos mesmo dizê-lo. Mesmo acima das políticas governamentais, que pouco poderão fazer para além do estímulo e da criação de estruturas de apoio ao desenvolvimento empresarial, sempre no respeito pelo princípio da defesa dos mais frágeis da sociedade, como é próprio de uma democracia solidária. F.M.

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