Há dias, alguém me questionou sobre o meu silêncio face às notícias relacionadas com a política nacional, concretamente sobre os eventuais crimes atribuídos aos autarcas, mas não só. Respondi que o facto de serem acusados não os tornam culpados. Têm de ser julgados e só depois disso podemos pronunciar-nos. O problema está na Justiça portuguesa, muito lenta, provavelmente por falta de meios, que não posso confirmar. Haverá outras razões?
Realmente, para quem não conhece os meandros do poder judicial, é estranho verificar as demoras do resultado das decisões dos julgamentos. Até parece que, quem tem dinheiro, consegue sempre uma forma de escapar à Justiça, servindo-se das leis que ela própria estabelece.
NOTA: Há anos, quando andava pelos diversos concelhos do distrito de Aveiro, em tarefas profissionais, encontrei, na hora do café, um juiz meu amigo. Estranhei a sua presença por ali, porque o imaginava noutra localidade. Respondeu-me que teve o azar de ser colocado no tribunal daquela cidade, com trabalho acumulado de vários anos.
— Como assim? Há por aqui tantos crimes?
— Há imenso trabalho porque o colega que aqui esteve antes de mim gostava pouco de trabalhar. Preferia andar à caça de coelhos nas matas da periferia.
Hoje, julgo eu, não será assim. Mas como explicar as demoras dos julgamentos e das penas aplicadas?