quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Rui Pinto - Como descalçar este par de botas?

Rui Pinto volta ao Twitter: 
“Há ainda muita coisa que os portugueses 
merecem saber”


A Justiça Portuguesa tem agora em mãos um caso muito bicudo. Rui Pinto, com ou sem razão, afirma que “Há ainda muita coisa que os portugueses merecem saber”. O problema é que ele garante que conhece casos criminosos que descobriu fraudulentamente. E agora? Agora não os poderá divulgar porque vai agravar a pena a que está sujeito. E a Justiça nada pode fazer porque não o pode imitar nem tem meios para investigação. A não ser que um juiz decrete e dê liberdade ao Rui Pinto ou a um seu semelhante para agir, em nome da luta contra a corrupção. As escutas telefónicas não são autorizadas pelos juízes? E não houve escutas à margem das leis? Quem vai e de que forma descalçar este par de botas?
Eu tenho muita dificuldade em aceitar crimes de qualquer ordem e nunca concordarei com a devassa pública da vida de qualquer cidadão. E aquando das escutas telefónicas sempre me repugnou que alguém pudesse ouvir e registar o que os cidadãos conversam ao telefone. Mas também não compreendo como é que há negócios à vista de todos envolvendo milhões e milhões de euros que, ao abrigo de paraísos fiscais,  passam impunes durante tanto tempo.

Fonte: PÚBLICO 

Para não esquecer Aleixo

Vinho que vai p'ra vinagre
Não retrocede o caminho
Só por obra de milagre
Pode de novo ser vinho

Vós que lá, do vosso império
Prometeis um mundo novo
Calai-vos que pode o povo
Querer um mundo novo, a sério!

Aquele que trabalha e come,
Não come o pão de ninguém.
Mas quem não trabalha e come,
Come sempre o pão de alguém!

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Evocando um escritor que muito apreciei


António Alçada Baptista nasceu neste dia do ano 1927. Oriundo da Covilhã fixou-se em Lisboa onde desenvolveu intensa atividade cultural, em especial depois de pôr de lado a advocacia. Começou a escrever com notoriedade na década de 70 do século passado. E eu comecei a lê-lo nessa altura, graças à fama que o seu primeiro livro, “Peregrinação Interior – Reflexões sobre Deus”, suscitou no mundo  livreiro. 
Aquele primeiro livro despertou em mim imensa curiosidade por abordar um tema, “reflexões sobre Deus”, que sempre me entusiasmou. O  mesmo aconteceu com os demais que escreveu e que li com avidez. Depois, não mais deixei de o ler e reler, chegando a recomendá-lo  a bons amigos, alguns muito jovens. Para além dos livros, que ocupam um lugar especial nas minhas estantes, não perdia as suas crónicas, dispersas por revistas e jornais e, se bem me lembro, também na rádio e na televisão. 
Apreciava neste escritor o sentido intimista da vida, graças ao dom que possuía de grande memorialista que sobressaía na sua escrita. As suas personagens tornaram-se próximas na minha vida. E ainda viajei com Alçada Baptista sentado e debruçados sobre os seus romances,  com tal realismo que ainda hoje me encantam com a força da sua simplicidade  e originalidade. 
Lembro, por exemplo, que no Dia de Portugal, Camões e das Comunidades, de que foi o principal orador, em Chaves, defendeu a alteração da letra do Hino Nacional, porque não fazia sentido “lutar contra os canhões”, e noutra livro entendeu que a conhecida oração, “Salve Rainha”, precisava de ser alterada, porque este mundo não é um “vale de lágrimas” nem “um desterro”. 

Nesta data, em que evoco o nascimento de um escritor que tanto me entusiasmou, ocorreu-me oferecer aos meus leitores uma história retirada de um dos seu livros. Aqui fica. 

«O meu querido Raul Solnado quis ser simpático com o filho de um amigo, um rapaz de 23 anos. Achou que se devia interessar pelas suas preocupações. Disse-lhe: 
— Então, rapaz, tens lido alguma coisa? Gostas de ler? 
Ele pensou só um bocadinho e respondeu: 
— Evito.»

Rua Francisco Xavier entrou em obras


A Rua Francisco Xavier entrou hoje em obras. Diz assim o aviso da CMI: 

«A Câmara Municipal de Ílhavo vai dar início, hoje, dia 29 de janeiro, à execução das obras de reparação da conduta de águas residuais da Rua Francisco Xavier, na Gafanha da Nazaré. 
A empreitada tem a duração de 2 meses, a partir desta data, e um investimento de 74.800 euros, permitindo restabelecer as condições adequadas à circulação naquele importante arruamento. 
Neste sentido, a Rua Francisco Xavier terá a circulação rodoviária condicionada ou suspensa, indicando-se, no local, percursos alternativos, em especial através dos arruamentos envolventes ao troço sujeito às obras, sendo ainda garantidos acessos provisórios às habitações.» 

A partir do que li e esperava há muito, penso que teremos de refletir um pouco sobre os arruamentos das nossas terras. É evidente que eles são fundamentais à vida de toda a gente. Imaginem o que seria se não possuíssemos facilidades de ligações uns com outros, dentro ou fora da nossa freguesia! O caos seria catastrófico. Imaginem também os estragos que provocam os arruamentos esburacados e de pisos irregulares nas viaturas que passam, quantas vezes apressadas! 
A estrada Francisco Xavier é a primeira ligação entre o centro da Gafanha da Nazaré e as demais Gafanhas do concelho de Ílhavo. Isto quer dizer que esta rua, em especial, devia merecer das nossas autarquias um cuidado especial.  Deixá-la cair na situação de Pavimento Degradado é muito grave. A meu ver, claro. 

F. M. 

NOTA: Foto da CMI

Filarmónica Gafanhense - Concerto na Igreja Matriz

2 de fevereiro 
16 horas 


A Orquestra Filarmónica Gafanhense vai apresentar um concerto no dia 2 de fevereiro, às 16 horas, na Igreja Matriz, para todos os amantes da música, a rainha das artes, na opinião de muitos. Todos estamos convidados a participar.
Este convite é um desafio a cada um dos gafanhões, e não só, para se deleitarem com a harmonia da nossa filarmónica, que passa por fase de grande crescimento aos mais diversos níveis. E se dirigentes, maestro, professores e executantes se têm esforçado para nos oferecerem boa música e posições de relevo, cabe-nos a obrigação e o gosto de os aplaudirmos.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

AMOUR - Um filme para meditar...



Ontem, na RTP2, revi o filme Amour, de Michel Haneke, contemplado com vários prémio. Vi-o na altura do seu lançamento por sugestão da notoriedade que alcançou. 
Nos papéis principais, distinguiram-se Jean-Louis Trintignant, nascido em 1930 e, ao que suponho, ainda vivo, e Emmanuelle Riva (1927-2017). 
Tal como da primeira vez, gostei do filme. Marido e esposa eram professores de piano já retirados do ensino, mas com memórias que marcavam os seus quotidianos. A esposa, atingida por doença grave, provavelmente um AVC, acamada e dependente do marido, vai definhando, olhar perdido e sem futuro. Perde o gosto pelo que a rodeia, mas ainda consegui pedir a um ex-aluno, pianista, que visitou o casal, que interpretasse  uma melodia dos primeiros tempos da aprendizagem. E a indiferença recai, inevitavelmente, sobre a professora. 
O marido, com uma serenidade impressionante, é o seu apoio de todas horas, dia e noite. O agravamento da doença exige profissionais assíduos. E a filha única visita os pais, mas leva como temas de conversa os seus problemas do dia a dia. Soluções não estão nos seus propósitos. Há mais que fazer...
Deixo o final dramático para quem quiser e puder ver o filme. Os dramas são terríveis. É o dia a dia de um casal de idosos no fim da sua existência terrena. Tal como decerto os temos nas sociedades atuais. Solidão, abandono, sofrimento, desespero  e morte.

Fernando Martins

SNS - Uma grande aposta da nossa democracia


O Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi uma grande aposta da nossa democracia. Importa dizê-lo para que tomemos a peito a obrigação  de o divulgar, sublinhando o que tem de meritório. Haverá falhas e algo a melhorar, como em qualquer serviço público ou privado. Utilizo-o quando preciso, embora tenha alternativas no privado, mas não posso deixar de reconhecer que, como português, me orgulho desta extraordinária conquista de Abril. 
Vem isto a propósito do atendimento de que tenho beneficiado nos últimos tempos para tratar de um problema oftalmológico dispendioso e urgente. A visão é importantíssima, todos o sabemos, mas nem sempre apreciamos as pessoas cegas que são capazes de viver o dia a dia normal, adaptando-se às circunstancias com recurso a diversas tecnologias, podendo ver a vida com os olhos de outras sensibilidades e sentidos. 
Tenho um amigo no Facebook, arqueólogo, historiador, escritor e guia turístico que me deu, nas férias, em São Pedro do Sul, uma excelente lição de história e de adaptação às circunstâncias. Só descobri que era cego quando alguém pretendeu ajudá-lo a mudar de sala. E de vez em quando lá está a manifestar o seu interesse sobre o que se escreve no FB. 
Voltando ao SNS, que hoje me atendeu e tratou no Hospital de Águeda, quero salientar o acolhimento, a atenção, a simpatia e os cuidados dos médicos, enfermeiros, técnicos e demais funcionários de serviço, sentindo, da parte de todos, a assunção plena, das suas tarefas profissionais e humanas. O meu bem-haja. 

Fernando Martins