sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Notas do meu diário - Fonte de S. Martinho


I
Tive sêde, e vim beber
À fonte de S. Martinho;
Desde então para te ver,
Não procuro outro caminho.

II
Mas, ao ver-te, a sêde passa,
já não tenho de beber,
Pois a sêde que eu sentia,
Era apenas de te ver...

A Fonte de S. Martinho, em S. Pedro do Sul, tem uma réplica, segundo creio, no espaço hoteleiro onde estou hospedado. Consulta feita, ela existe, realmente, em zona de certo modo escondida, e terá sido construída em 1943. Seja como for, é facto que S. Martinho também tem capela junto às ruínas romanos, em maré de restauro e preservação.

D. Afonso Henriques em S. Pedro do Sul







Dom Afonso Henriques é muito venerado em São Pedro do Sul, particularmente nas Termas mais frequentadas de Portugal, com 35% dos aquistas lusos a preferi-las no cômputo do termalismo português.
Não escasseiam informações turísticas na zona pedestre com notas histórias, que são outras tantas referências da vida das águas quentes (cerca de 70.º) com cheiro a enxofre,  desde há mais de dois mil anos a curar ou a aliviar quem sofre.
Não será de estranhar que uma pastelaria lhe preste uma singular homenagem com a presença do nosso primeiro rei a ocupar um lugar de destaque. Logo à entrada, uma estátua do rei, sentado mas com olhar arguto, olha de soslaio quem entra, com cara de poucos amigos, ao jeito de quem pretende fiscalizar quem vem à cata de doces de todo o país, para acompanhar um saboroso café, tomar um refresco ou acalmar os nervos ou o estômago com um chá quentinho.
Lá dentro, o rei Afonso, o primeiro de seu nome, com sua filha Teresa e seu filho Sancho, que lhe haveria de suceder, podem ser apreciados por todos os clientes, lendo o documento  que Dona Teresa exibe. 
O serviço é pronto e eficaz, acolhedor e asseado, e dá gosto estar por ali a ver quem chega, na perspetiva de encontrar gente conhecida, o que não aconteceu durante toda a semana. 

Georgino Rocha - Elogio à esperteza criativa

DOMINGO XXV


Hoje, no Evangelho, Jesus apresenta aos discípulos uma história surpreendente, escandalosa, desconcertante, provocadora. Um homem rico é gravemente lesado pelo administrador a quem confiou a gestão dos bens. Descoberta e denunciada a fraude, é despedido, mas ele inventa uma saída engenhosa que lhe dá garantias de ter quem o contrate no futuro e revela capacidades que merecem o elogio do proprietário.
Os ouvintes hão-de ter pensado: Como é possível felicitar quem rouba, é corrupto, usa as piores “artes” para assegurar o futuro? Seguindo a bela narração de Lucas, vamos aprofundar o alcance da parábola do administrador infiel, assim conhecida. Lc 16, 1-13
Jesus, na maioria das suas parábolas, mais do que ensinar pretendia provocar, abalar as convicções de crentes acomodados, passivos, quase em letargia. Ouvem e percebem a novidade da mensagem anunciada, mas não se dispõem a pô-la em prática, a fazê-la vida. A de hoje é típica, tem este propósito declarado. 
O elogio à esperteza é feito por um proprietário rico, a um seu administrador desonesto. E surge na narração de uma parábola de Jesus sobre o uso dos bens materiais. Visa despertar o entusiasmo dos discípulos para procederem de igual maneira. E aponta, claramente, para a urgência de, perante situações de risco e de crise, saber encontrar soluções criativas e sensatas.
Os adversários de Jesus riem-se dos seus ensinamentos sobre o dinheiro, considerado por eles como uma bênção de Deus, um sinal da sua providência, uma garantia de predestinação. Quase absolutizavam a sua posse e ostentação. Sem olharem muito à licitude dos meios para o alcançar. E assim, a gente humilde mais empobrecia, enquanto uma minoria, alavancada numa interpretação deficiente da Escritura Sagrada, enriquecia cada vez mais.
Jesus recorre a várias formas didáticas para contestar esta interpretação e restituir aos discípulos e, por eles, a todos nós, a autêntica função dos bens materiais, designadamente do dinheiro. Serve-se de diálogos directos, de ditos sentenciosos, de parábolas-retrato que reproduzem situações de vida conhecidas.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Notas do meu diário – Uma passagem por Santa Cruz da Trapa

AO  POVO - Os filhos e amigos de Santa Cruz da Trapa - 1926
A Lita junto à Cruz no Largo do Calvário



Homenagem da Freguesia de Santa Cruz da Trapa ao saudoso santacruzense Agostinho Valgode

Centro Cultural - Biblioteca César Rodrigues 

Homenagem à Casa do Povo
Poema no Largo do Calvário

Poema no Largo do Calvário

Hoje foi dia de passar por Santa Cruz da Trapa, terra que conheci há uns 40 anos, aquando da nossa ligação, em tempo de férias, a Serrazes. Quase a não reconhecemos, mas disso já estamos habituados. O Turismo alertou-nos para uma curiosidade a ter em conta: O povo quer que a sua vila seja conhecida como terra de poetas, havendo já dois livros publicados a partir de recolhas ou seleção; e como prova desse interesse, no largo há poemas para sublinhar essa pretensão. 
Há décadas, quando por ali cirandámos, demos um saltinho a São Cristóvão de Lafões. O mosteiro  em ruínas, com existência lavrada por volta de 1123, teria sido mandado edificar por D. João Peculiar, que veio a ser Bispo do Porto e Arcebispo de Braga, onde está sepultado. Este D. João Peculiar foi uma personalidade marcante e conselheiro de D. Afonso Henriques. Foi a Roma para convencer o Papa a reconhecer D. Afonso como rei. Tal reconhecimento estaria, como esteve, na base da fundação do Reino de Portugal. 
Quis colher informações, mas o Centro Cultural Casa do Povo e a Biblioteca César Rodrigues estavam encerrados, antes do meio dia de hoje. Um transeunte deu-nos  como provável razão o período  de férias. Paciência... ficará para a próxima visita, se tal vier a acontecer.

Fernando Martins

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Notas do meu diário - O Vouga vai ficar limpo e asseado

o rio em plena caminhada 

Rio assoreado, presentemente

Os homens teimam e vão conseguir limpar o Vouga

1. O rio Vouga nasce na serra da Lapa, em Quintela, Sernancelhe, Viseu. Um fio de água que nasceu a sonhar com o oceano atlântico, mar que me habituei a ver desde tenra idade. Isto aprendia-se na escola primária e ficava para a vida. Hoje não tem grande interesse, que o mundo das juventudes atuais tem mais que fazer. Com um clique, os telemóveis dizem tudo em segundos.

2. Depois, na sua passagem, batizou com as suas águas virgens terras que ainda hoje se orgulham do seu padrinho: Sernada do Vouga, Sever do Vouga, Macinhata do Vouga, Pessegueiro do Vouga, Mourisca do Vouga, Valongo do Vouga, Arrancada do Vouga, Lamas do Vouga e nem sei que mais. Contudo, no seu caminhar, ora manso ora agitado, vai adotando outros filhos que lhe perpetuam a existência. São os afluentes: Águeda, Caima, Mel, Gresso ou Branco, Lordelo, Mau, Sul, Teixeira e Zela. Aqui, em Sever do Vouga, mora o Sul. Daí o nome desta ridente cidade. 

3. Com os anos e com os tempos de fogos as cinzas e outros detritos, mas também com diabruras de gentes descuidadas e da natureza por vezes madrasta... o rio ficou assoreado. Fechadas comportas, represas ou sistemas semelhantes que nem ousei indagar, o homem, com a sua teimosia e visão de futuro, que o turismo termal a isso obriga, vai torná-lo limpo e asseado. Todos merecemos e precisamos disso. 

F. M.

A saúde é coisa preciosa

ESCRITO NA PEDRA 


"É coisa preciosa, a saúde, e a única, em verdade, que merece que em sua procura empreguemos não apenas o tempo, o suor, a pena, os bens, mas até a própria vida; tanto mais que sem ela a vida acaba por tornar-se penosa e injusta" 
Michel Eyquem de Montaigne 
(1533-1592), ensaísta e escrito


No PÚBLICO de ontem 

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Notas do meu diário - Estávamos mesmo a precisar de sair

Com toda a calma do mundo 
O calor aperta 
Sem pressas 
Estávamos mesmo a precisar de fugir de alguma monotonia da vida. Deixámos para trás os ares marinhos para podermos respirar as tranquilidades serranas. Os ares do oceano e da laguna, que nos acompanham desde o desabrochar para a existência terrena, voltarão quando descermos das serranias, em São Pedro do Sul, rumo ao mar, com o rio Vouga a tiracolo. 
Quando nos afastámos da ria, uma boa hora depois uns chuviscos refrescaram o ar, mas o sol, fulcro de vida e doce companheiro, que acompanhamos desce o seu nascer até se esconder no oceano,  à tardinha, voltará à ribalta onde quer que estejamos. E as férias verdadeiramente começaram. 
Não há projetos de almoço nem de jantar, não há horários a cumprir, não há gatos a correr nem cães a ladrar à roda da nossa residência de todos os dias, desde há 54 anos, não há jardim nem árvores para regar (outros o farão), não há galinhas a cacarejar, não há campainha nem telefone a tocar... Eu e Lita estamos por aqui. E disso darei nota ao sabor do vento que passa, mansinho até ver.

F. M.

Nota: Reeditado em 18-09-2019, pelas 18h14

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