quinta-feira, 5 de julho de 2018

Andreia Hall, professora da UA

“Um bom professor faz os olhos dos alunos brilharem, 
provoca-lhes um sorriso nos lábios e ilumina-lhes o caminho”

Andreia Hall

Andreia Hall é professora do Departamento de Matemática da Universidade de Aveiro. Atualmente, dá aulas na licenciatura em Educação Básica e no mestrado em Educação e Formação. O que mais a fascina na sua atividade é a “possibilidade de ajudar os outros no seu percurso de crescimento e aprendizagem”. A docente é também coordenadora do Circo Matemático da Universidade de Aveiro, iniciativa para tornar a Matemática uma ciência divertida. Andreia Hall deixa um conselho aos seus alunos: “Pensem bem nas qualidades que se esperam num professor e mudem de curso se não as reconhecerem em si próprio´"

Ler entrevista aqui 

Faltará muito?


Ainda não será esta semana... segundo rezam as crónicas. Eu sei que pode chover em Aveiro quando o sol brilha na praia. Ainda faltará muito para cenas como esta na Praia da Barra? Vamos ter fé, que o verão acabará por nos bater à porta. E se assim for, com que prazer lhe abriremos a porta da nossa alegria!

Flor que não dura


Flor do meu jardim

Flor que não dura
Mais do que a sombra dum momento
Tua frescura
Persiste no meu pensamento.

Não te perdi
No que sou eu,
Só nunca mais, ó flor, te vi
Onde não sou senão a terra e o céu.


Fernando Pessoa,

No "Cancioneiro"

O maior navio de sempre no Porto de Aveiro





NOTAS:

1. Para quem, como eu, viu nascer e crescer o Porto de Aveiro, com a estrutura das últimas décadas, é sempre um prazer ler notícias destas.
2. Pessoalmente, assisti, há 10 anos, ao primeiro maior navio de sempre no Porto de Aveiro.

Eu conheço aquela cara de qualquer lado

Uma saudação a todos os nossos emigrantes 
que passam férias este ano entre nós

Em férias, minhas ou de outros, há muitos encontros inesperados. Em qualquer esquina, há rostos que me levam a pensar: — Eu conheço aquela cara de qualquer lado. É o tal déjà vu, reação do cérebro, julgo eu, que o leva a processar a questão para chegar a uma conclusão sobre os tais encontros inesperados. 
Ontem aconteceu-me precisamente isso. Numa grande superfície, quando me sentei para ler uma revista sobre assuntos de história, o N. olhou-me tão fixamente que me levou  a questioná-lo sobre se me conhecia. Mesmo antes de lhe lançar a pergunta, disse-me: — É de… no Canadá! Respondi que não. E a esposa, à sua frente, que apenas tinha visto de costas, logo acrescentou: — Foi confusão, desculpe. 
O sol obrigou-me a mudar de lugar e agora, voltado para a senhora, tirei uma conclusão, fruto do tal processamento do meu cérebro, que, como todos os cérebros, deve funcionar como os computadores. Os psicólogos saberão explicar melhor o que se passou. 
De imediato, levantei-me e dirigi-me ao casal. — Estou cá a pensar que vos conheço mesmo. Por favor, digam-me: — Moram por aqui perto de Aveiro? E a resposta foi pronta e em simultâneo: — Somos da Gafanha da Nazaré e estamos cá de férias, pois vivemos no Canadá. 

Fernando Martins 

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Férias — Escrever


Escrever
por prazer, por gosto, para ver
escrever para escutar o que o barulho comum encobre ou confunde
incluindo o barulho das palavras
Lavar as palavras até que elas fiquem
completamente puras e redondas e lisas
ou então ir pelos caminhos abundantes
ou então refazer, refazer indefinidamente
para abordar um pouco mais o que falta e insistir
escrever para chegar àquele ponto
que comunica com o que está para além e aquém de toda a palavra.


Maurice Bellet
In Cahiers pour croire aujourd'hui, Novembro 1993)
Trad.: MLPV/JTM

terça-feira, 3 de julho de 2018

"A Vida no Campo" — Leitura saborosa


Li, com a serenidade possível, “A Vida no Campo”, de Joel Neto, escritor que tive o prazer de conhecer no Porto, no lançamento do seu mais recente livro, “Meridiano 28”. Escusado será dizer que foi um prazer enorme saborear uma prosa tão escorreita, ou não fosse o autor um escritor de referência no panorama da literatura atual do nosso país. 
Joel Neto deixou Lisboa para fixar residência nos Açores, de onde é natural, concretamente na Terceira, local privilegiado para, no silêncio que convida à reflexão, escrever os seus livros e as suas crónicas que tem publicado no Diário de Notícias. Interrompeu essa colaboração há dias, para a retomar, porventura em janeiro, em moldes diferentes. Lia-as regularmente e muitas delas fazem parte do livro “A Vida no Campo”. O “Arquipélago” e “Meridiano 28” estão à espera de leitura em estante cá de casa. Serão, garantidamente, grandes momentos de satisfação interior. 
Das referências que li ao livro “A Vida no Campo”, registo a do crítico literário Pedro Mexia, publicada o Expresso, cujas sugestões sigo quando posso. Aqui fica: 

«A escrita é concisa, cuidadosa, composta palavra a palavra, sob pressão, de uma tranquilidade melancólica, atenta às mutações, aos hiatos, ao que fica do que passa. (...) "A Vida no Campo" é um "poema à duração". Um elogio da transmissão geracional, das boas pessoas, dos objectos herdados, da felicidade pela agricultura, do viver habitualmente. A Terra Chã desenha-se como uma hipótese de salvação pela Humanidade comum.» 

PEDRO MEXIA