sábado, 25 de julho de 2009

A Igreja e o social (2)

O amor é o princípio
de toda a acção humana
individual e colectiva
O amor é o princípio de toda a acção humana individual e colectiva. Evidentemente, não pode existir sem a justiça, embora a supere. Mas o amor e a justiça têm de ser iluminados pela verdade, sendo esta luz da verdade simultaneamente a da razão e da fé. "Só com o amor - "caritas" -, iluminado pela luz da razão e da fé, é possível conseguir objectivos de desenvolvimento com um carácter mais humano e humanizador", segundo o princípio: "Se não for do Homem todo e de todos os homens, não é verdadeiro desenvolvimento." A partir deste fundamento, a encíclica, lembrando que "a Igreja, estando ao serviço de Deus, está ao serviço do mundo em termos de amor e de verdade", acusa os desvios e problemas dramáticos do desenvolvimento, ao mesmo tempo que avança com princípios e propostas. Assim, previne para o risco de confiar todo o processo do desenvolvimento apenas à técnica, segundo a mentalidade tecnicista, que "faz coincidir a verdade com o factível". Critica as posições neoliberais, cujo único objectivo é o lucro. Contra a pretensão de o Homem encontrar, sozinho, a solução dos problemas, afirma: "A razão, por si só, é capaz de aceitar a igualdade entre os homens, mas não consegue fundar a fraternidade" e, por isso, "a sociedade cada vez mais globalizada torna-nos mais próximos, mas não mais irmãos." Como admitir que a riqueza mundial cresça em termos absolutos, mas aumentem também as desigualdades? Encontra-se corrupção e ilegalidade nos países ricos e também nos países pobres. "Há formas excessivas de protecção dos conhecimentos por parte dos países ricos" e "as ajudas internacionais desviaram-se frequentemente da sua finalidade por irresponsabilidades tanto nos doadores como nos beneficiários". É um equívoco pensar que a economia de mercado precisa de uma quota de pobreza e de subdesenvolvimento para funcionar melhor. Os organismos internacionais de ajuda deveriam perguntar-se pela eficácia real dos seus aparelhos burocráticos de alto custo. As organizações sindicais nacionais não podem ignorar os trabalhadores dos países em vias de desenvolvimento. Para o seu correcto funcionamento, a economia precisa da ética, "uma ética amiga da pessoa". O comércio mundial tem de ser justo. O desenvolvimento tem de respeitar a ecologia ambiental, humana e social, pensando também nas gerações futuras. No quadro da interdependência global, impõe-se que nos tornemos seus protagonistas e não vítimas, sendo urgente uma nova síntese humanista para um humanismo integral e uma globalização orientada pela relacionalidade, comunhão e participação de todos, no vínculo indissolúvel de solidariedade e subsidiariedade. É neste contexto que aparece a proposta mais sublinhada por todos: "Perante o imparável aumento da interdependência mundial e também face a uma recessão de alcance global, sente-se intensamente a urgência da reforma tanto da Organização das Nações Unidas como da arquitectura económica e financeira internacional, para que seja possível uma real concretização do conceito de família de nações. De igual modo sente-se a urgência de encontrar formas inovadoras para pôr em prática o princípio da responsabilidade de proteger e dar também uma voz eficaz nas decisões comuns às nações mais pobres. Isto revela-se necessário precisamente no âmbito de um ordenamento político, jurídico e económico que incremente e guie a colaboração internacional para o desenvolvimento solidário de todos os povos." Para conseguir o governo da economia mundial, o desarmamento, a segurança alimentar e a paz, a salvaguarda do meio ambiente e a regulação dos fluxos migratórios, "urge a presença de uma verdadeira Autoridade política mundial", "que deverá ser reconhecida por todos, gozar de poder efectivo para garantir a cada um a segurança, a observância da justiça, o respeito dos direitos". Anselmo Borges In DN

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Crianças austríacas entre nós, depois da segunda grande guerra


Quem me ajuda a recordar?

O Presidente da República, Cavaco Silva, está de visita oficial à Áustria, onde recebeu homens e mulheres que, depois da segunda grande guerra de 1939-1945, foram acolhidas por famílias portuguesas. Na altura, fugiam à miséria provocada pela guerra. Segundo se diz, foram cerca de cinco mil. A responsável pela vinda das crianças foi a Cáritas Portuguesa, criada, na altura, para responder a esse desafio. As notícias da visita do Presidente da República referem que algumas dessas “crianças”, agora na casa dos 70 anos, manifestaram a sua alegria por este encontro, com o País que as acolheu. Recordo-me, perfeitamente, do dia da chegada de um grupo dessas crianças à Gafanha da Nazaré, concretamente, junto à Escola da Ti Zefa, que eu frequentava. O prior da freguesia, o Padre Bastos, é que orientava a distribuição. Ele próprio ficou com uma menina, que o visitou há poucos, em Trofa do Vouga, tanto quanto sei. Recordo algumas famílias que receberam as crianças austríacas. Contudo, não publico hoje o que sei, na esperança de que alguns conterrâneos me possam ajudar. Fico a aguardar.

 FM

FÉRIAS EM TEMPO DE CRISE: Ovos-moles e não só

Quem quiser conhecer a cidade de Aveiro, não pode deixar de saborear os seus famosos ovos-moles, agora com qualidade garantida pela UE. Mas também se recomendam as enguias de escabeche e até a caldeirada num dos restaurantes da Beira-Mar, o velho bairro, tão típico, com as suas tradições. E, pelo que me dizem, ainda há por ali umas tascas onde se podem provar sardinhas fritas e outros petiscos, bem regadas com um bom tinto.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ler para crescer

Maria José Nogueira Pinto escreveu no Diário de Notícias uma crónica sobre a importância da leitura, sublinhando, a abrir, que "O Plano Nacional de Leitura decidiu encorajar os avós a lerem histórias aos netos". Vale a pena ler.

FÉRIAS EM TEMPO DE CRISE

Oração pelas férias Dá-nos, Senhor, depois de todas as fadigas um tempo verdadeiro de paz. Dá-nos, depois de tantas palavras o dom do silêncio que purifica e recria. Dá-nos, depois das insatisfações que travam a alegria como um barco nítido. Dá-nos, a possibilidade de viver sem pressa, deslumbrados com a surpresa que os dias trazem pela mão. Dá-nos a capacidade de viver de olhos abertos, de viver intensamente. Dá-nos de novo a graça do canto, do assobio que imita a felicidade aérea dos pássaros, das imagens reencontradas, do riso partilhado. Dá-nos a força de impedir que a dura necessidade esmague em nós o desejo e a espuma branca dos sonhos se dissipe. Faz-nos peregrinos que no visível escutam a melodia secreta do invisível. José Tolentino Mendonça

Rádio Terra Nova em Praga?

Um amigo teve a gentileza de me enviar esta foto, onde se pode ver bem, em letras gordas, TERRANOVA. E diz: "Com que então têm uma delegação em Praga e não dizem nada à malta?"
Referia-se ele, naturalmente, à nossa Rádio Terra Nova, que tem os pés, por ora, bem assentes na Gafanha da Nazaré, embora possa ser ouvida em Praga, como em todo o mundo, afinal. Mas, já agora, a ideia de delegações da RTN noutras paragens não será viável? Julgo que o sonho até é bonito. Mas como foi possível que um comerciante, tão longe, se tenha lembrado de utilizar o nome da nossa rádio para promover a sua loja? Mistérios!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

António Guterres, em entrevista ao PÚBLICO, clama por mais atenção para os refugiados

António Guterres,
Alto-comissário das Nações Unidas
para os Refugiados, afirma:
"A mesma comunidade internacional que se sentiu obrigada a gastar centenas de milhares de milhões para salvar o sistema financeiro devia também sentir-se obrigada a salvar as pessoas que estão neste grau desesperado de necessidade."
Leia toda a entrevista no PÚBLICO online, de hoje, no 2.º Caderno, páginas 4, 5, 6 e 7