segunda-feira, 29 de junho de 2009

Férias em tempo de crise

Dois livros como sugestão de leituras
Penso que o conhecimento do nosso passado, que tanto nos enche de orgulho, deve ser intensificado. Só amamos verdadeiramente o que conhecemos bem. O ilhavense Senos da Fonseca escreveu uma obra, “ÍLHAVO - Ensaio Monográfico”, com diversas pesquisas, estudos e informações, sobre terras ilhavenses, que merece ser mais lida. Também dois gafanhões, da Gafanha da Encarnação, Maria Donzília Almeida e Oliveiros Louro, publicaram recentemente “Língua e Costumes da nossa Gente”, que nos convida a recordar cenas da infância do nosso povo mais velho. Afinal, são dois livros que podem ajudar a passar umas boas horas ou dias das nossas férias.

Um poema de Orlando Figueiredo

VIAGEM 

Sabes o caminho não sabes os passos 
Como uma criança 
os teus olhos buscam 
a rota dos pássaros 
no céu 
Cabeça erguida 
sorvendo o vento 
no deserto 
Não sabes os passos 
apenas a rota dos pássaros 
no céu 
a estrada aberta pelos veleiros 
entre azul e neblina 
Não sabes os passos 
sabes o caminho do vento 
O deserto é o orvalho das noites 

Orlando Jorge Figueiredo 25 de Junho 2009

domingo, 28 de junho de 2009

Dia um tanto ou quanto desagradável para o meu gosto

Maria Filomena Mónica mostra
um sentido crítico muito apurado
O dia está um tanto ou quanto desagradável para o meu gosto. Isto é, não me aconselha a sair de casa. Aliás, é aqui que sinto a intimidade do meu mundo muito especial. Se não dá para sair, dá para ler e ouvir música. O livro que me ocupou um tempinho, e que vai continuar a ser lido, numa perspectiva de viajar com a autora, tem por título “Passaporte – viagens 1994-2008” e foi escrito pela socióloga Maria Filomena Mónica. Para já, fui com ela ao “Islão Ibérico”, revisitei “Lisboa”, fui a “Fátima fora de horas”, participei numa “Viagem ao fim da pátria” e andei com ela pela terra dos seus avós. As outras viagens ficarão para um dia destes. Permitam-me que sublinhe o poder descritivo e a cultura multifacetada de Maria Filomena Mónica, sempre com o sentido crítico muito apurado. Porque não quero ocupar, de forma alguma, o lugar dos críticos, apenas refiro que é um livro que se lê com gosto. O leitor, quer queira quer não, sai normalmente enriquecido com obras destas: recorda factos, passa pela história já um pouco esquecida e aprende muito do que ela revela e descobre por onde viaja. Com naturalidade, com conhecimentos que escapam ao comum dos mortais, com saber, com olhar atento. O leitor pode não concordar com a visão que ela tem do mundo, com as apreciações críticas por vezes contundentes, mas, no fundo, dá sempre gosto ler Maria Filomena Mónica. FM

FÉRIAS EM TEMPO DE CRISE: Importa descobrir o nosso concelho

Costa Nova em tempo de férias

FÉRIAS ECONÓMICAS: Não há nada como aproveitar o que a terra oferece

Para umas férias económicas em tempo de crise, não há nada melhor do que aproveitar o que a terra oferece, tanto em termos de festas dedicadas aos padroeiros das paróquias, como no âmbito das organizadas pelas autarquias e instituições culturais, recreativas ou desportivas, com larga aceitação junto das populações. O nosso concelho, como é sabido, tem quatro freguesias, as quais abrangem seis paróquias, estando garantido que haverá festejos em todas elas. Depois, a Câmara Municipal não deixará, à semelhança do que tem acontecido nos anos anteriores, de oferecer ao povo diversos espectáculos, uns mais populares e outros de nível artístico mais elevado. Para todos os gostos, diga-se de passagem. Mas Ílhavo tem muito mais para dar. Importa, pois, descobrir o nosso concelho em tempo de férias. Permitam-me que sugira visitas ao Museu Marítimo de Ílhavo e ao Museu da Vista Alegre, que nos dão o prazer de apreciar raridades nem sempre conhecidas do nosso povo. O Centro Cultural da sede do concelho continua a programar espectáculos dignos da nossa melhor atenção, para todas as idades e para todos os gostos. Há festivais de Folclore que são, normalmente, excelentes motivos para recordarmos o viver dos nossos antepassados. E poderão ser, ainda, um forte estímulo para a nossa juventude, de todas as idades, se dedicar ao estudo do nosso passado histórico, com tantas estórias para contar e para divulgar. Se quiser dedicar um dia à cidade maruja, não deixe de apreciar alguns edifícios de Arte Nova e diversos recantos das nossas paisagens naturais. No mês passado sugeri a frequência da Praia da Barra e hoje viro-me para a da Costa Nova. A primeira mais para os gafanhões e a segunda mais para os ílhavos, por razões criadas ao longo dos tempos e que nem sempre se compreendem muito bem. Lembro ainda que o Jardim Oudinot deve continuar a ser visita obrigatória para toda a gente das terras ilhavenses, com programação a condizer com o Verão que já nos aquece, e de que maneira! Fernando Martins

José Tolentino Mendonça: É utópico pensar radicalmente a sociedade do dom e da colaboração

Entrevista publicada na RevistaÚNICA do EXPRESSO :

(Foto de Tiago Miranda)

"É PRECISO OUVIR O SILÊNCIO DO MUNDO"

"Num dia de denso calor, no fresco jardim da York House, em Lisboa, o madeirense José Tolentino Mendonça, 43 anos, padre e poeta, mas sobretudo, um pensador livre, parou o tempo para falar de utopia. Um homem que admira os místicos, escreve sobre sensualidade e sabores na Bíblia e gosta de cidades. Em Nova Iorque, observa a multidão "numa coreografia de Pina Bausch". Nos mosteiros, escuta a profundidade do silêncio. Esta entrevista é atravessada por essa luminosidade."
Ler toda a entrevista aqui

sábado, 27 de junho de 2009

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 137

BACALHAU EM DATAS - 27
:

Iate Nazareth

I CONGRESSO NACIONAL
SOBRE A PESCA DO BACALHAU
Caríssimo/a:
1920 - «A imprensa ilhavense referia que, no início dos anos 20, os navios franceses estavam já equipados com telefonia sem fios, como podiam contar com um navio-hospital.» Oc45, 86
1921 - «O governo nomeou em 1921 uma comissão com o fim de estudar e propor um conjunto de medidas que conduzissem ao desenvolvimento da pesca do bacalhau.» HPB, 69
«O governo decretou a criação da Junta de Fomento da Pesca, na Póvoa do Varzim, dotada de meios para fomentar a construção de novas embarcações. Mas tal medida não trouxe qualquer alteração significativa.» HPB, 71
«A partir de 1921 a frota bacalhoeira volta a compor-se por mais de 35 embarcações.» Oc45, 86
«Em 1921, Aveiro tinha 11 navios da pesca do bacalhau. O ano foi excelente. “A Gafanha está a abarrotar e nos secadouros já não sabem onde o hão-de arrumar”. Nos finais de 1921, os periódicos locais anunciam a venda de um lugre de 500 t, “acabado de lançar à água, de magnífica construção”. Mas entretanto perguntava: “Para onde vai tanto bacalhau? Escondem-no para o venderem pelo preço que querem, com lucros fabulosos à custa do povo faminto e desgraçado? Na época das colheitas sempre os preços baixam, mas o bacalhau, esse, em vez de descer sobe?”» HPB, 76
1922 - «Localizados na zona norte da Ria de Aveiro, uma zona conhecida por actividades de construção naval ligadas à construção de barcos moliceiros, também aqui foram construídos alguns lugres para a pesca de bacalhau, principalmente pela mão do mestre José Maria Lopes de Almeida, natural de Pardilhó, nos Estaleiros do Bico da Murtosa. Em 1922, este mestre já havia construído nessa paragem, um lugre de madeira para a pesca do bacalhau, o MARIA DA CONCEIÇÃO, para a Sociedade Construtora Naval, L.da, Bola Vilarinho & C.a, L.da, armadores da praça de Aveiro, bem como o hiate LIGEIRO. Não foi executada naquelas instalações outra construção de grande tonelagem até 1945.» Oc45, 115
1923 - «Em 8 e 9 de Outubro, realiza-se em Aveiro o I Congresso Nacional sobre Pesca de Bacalhau, promovido pela Associação da Classe dos Armadores de Navios de Portugal.» Oc45, 86
«Além do iate NAZARETH, com todos os seus pertences, a Parceria de Pesca, L.da, anuncia, a sequência da decisão de dissolução, a venda dos armazéns, utensílios de seca, etc..» Oc45, 86
« ASSISTÊNCIA SANITÁRIA: À semelhança do que se passou com os franceses ao longo dos tempos, também entre nós a assistência dispensada aos nossos pescadores da Terra Nova começaria com um navio afecto à Armada Portuguesa. Primeiro o cruzador CARVALHO ARAÚJO, mais voltado para os estudos hidrográficos do que para a assistência médica propriamente dita, zarpou para a Terra Nova numa viagem embrionária de apoio à nossa gente, em 1923; depois, o GIL EANES...» HDGTM, 43 Apesar de vida intensa, em 1922, nos Estaleiros do Bico da Murtosa, das perguntas da imprensa, da dissolução de uma sociedade, do surgir da assistência médica, saliento hoje o PRIMEIRO CONGRESSO NACIONAL SOBRE PESCA DO BACALHAU, EM AVEIRO, EM 1923! É salutar fazer paragens dando espaço à meditação e reflexão! Manuel

Imagem de Deus e do Homem

"A glória de Deus é o Homem vivo"
Independentemente do que se pense sobre a concepção de Deus como mera projecção do Homem, penso que mesmo os crentes não terão dúvidas de que a imagem de Deus será decisiva para a imagem que têm de si mesmos, do Homem e do mundo. Talvez nada possa prejudicar tanto o ser humano como uma imagem malsã de Deus. Por isso, nunca se agradecerá suficientemente àqueles e àquelas, crentes e ateus, que ousaram, até ao sacrifício da própria vida, purificar a imagem de Deus. De facto, é preferível ser ateu a acreditar num deus que humilha o Homem, o escraviza ou diminui aos seus próprios olhos. Uma imagem malsã de Deus envenena a imagem do Homem e vice-versa. Cá está! Durante séculos, foi pregado um deus irado e mesquinho. Era tal a sua ira que precisou da morte do Filho para ser aplacado e reconciliar-se com a Humanidade. E, devido ao pecado cometido por Adão e Eva, mandou todos os males ao mundo, incluindo a morte. Durante quanto tempo se pregou que foi por causa de terem comido o fruto proibido - uma maçã, segundo a imaginação popular? Perante a arbitrariedade de um deus assim, o que podia esperar-se senão ateísmo? Não se tratava de um deus mesquinho e invejoso da alegria dos seres humanos? E não criou esta ideia personalidades atormentadas, torturadas, com a obsessão de não ofenderem um deus que tudo proibia? Ainda recentemente, uma jovem estudante me atirou: "quando penso na Igreja, só vejo proibições, como se a alegria estivesse envenenada".~ Mas, depois, foi-se para um outro extremo, não menos pernicioso. Começou-se a pregar um Deus que é amor, mas sem se perceber o que é o amor. Prega-se então um deus "bonzinho", que nada exige, que não impõe regras nem limites, que permite tudo. No fundo, um deus que não é nada. De facto, um deus que tudo permite e nada exige ainda ama? Sabemos o que acontece aos filhos com a imagem de pais irados. E que lhes acontece, quando os pais tudo permitem e nada exigem? Quando os pais não impõem regras nem limites, os filhos ainda acreditam que lhes têm amor de verdade? Afinal, onde reside o equívoco? A imagem de um deus irado estará na base de personalidades torturadas, azedas e violentas; a imagem do deus "bonzinho" estará na base de personalidades anárquicas, desestruturadas, sem auto-estima e igualmente destruidoras. Assim, o que é preciso compreender é que Deus não impõe mandamentos arbitrários, pelo culto de si e para ser tiranicamente obedecido. É igualmente um erro pensar que os homens e as mulheres ofendem Deus directamente. Como pode um ser finito ofender Deus? Pelo menos segundo a compreensão do cristianismo, Deus não se revelou por causa dele e da sua glória, mas por causa dos seres humanos e da sua felicidade, de tal modo que só o que ofende os homens e as mulheres o pode ofender a ele. O que Deus exige é por causa do Homem. O único interesse de Deus é o Homem. Como escreveu Santo Ireneu, "a glória de Deus é o Homem vivo", isto é, o Homem plenamente realizado em todas as dimensões. De tal modo Deus ama o Homem que quer que tenha um desenvolvimento íntegro de toda a sua pessoa. Não pode desenvolver-se apenas numa dimensão, pois precisa de um crescimento holístico. Deus quer que o Homem vá tão longe no seu ser quanto pode ser. É necessário sublinhar este desenvolvimento harmónico da pessoa toda, que é o que Deus quer. A pessoa deve desenvolver-se no seu ser físico - também é preciso cuidar da saúde, por exemplo -, no seu ser intelectual - é preciso esforçar-se por entender a realidade, entender-se a si mesmo e a sociedade -, no seu ser emocional - cada vez estamos mais despertos para a importância das emoções positivas e negativas na existência humana -, no seu ser social - os outros também existem e sem tu não há eu -, no seu ser artístico - sem beleza, não há salvação -, no seu ser moral - é preciso aprender a distinguir entre bem e mal e a saber julgar do bem e do mal - no seu ser espiritual - não é o Homem, constitutivamente, o ser do transcendimento sem fim, até ao Infinito? Anselmo Borges

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