quarta-feira, 13 de julho de 2022

Raul Brandão andou pela Ria de Aveiro

 Neste número do nosso jornal propomos a leitura de um livro de Raul Brandão — Os Pescadores — que visitou e passeou pela Ria de Aveiro em 1922, escrevendo, com sensibilidade e arte, sobre o que viu, sentiu e soube apreciar. Valorizou o trabalho do homem "que junta a terra movediça e a regulariza" e "semeia o milho na ria", sublinhando que "Ninguém aqui vem que não fique seduzido, e noutro país esta região seria um lugar de vilegiatura privilegiado". E acrescenta: "É um sítio para contemplativos e poetas... É um sítio para sonhadores e para os que gostam de se aventurar sobre quatro tábuas, descobrindo motivos imprevistos."
Raul Brandão fala dos campos verdes da Gafanha, das mulheres vestidas de escuro, "com grandes molhos de erva à cabeça" e da Costa Nova com os seus palheiros, mas também da arte xávega e do mar impetuoso que rebenta sobre o areal, com "os homens e bois que saem a correr do vagalhão de espuma... ", acrescentando que "Foi diante de um quadro assim que Ferdinand Denis exclamou, assombrado: — Que estranho país é este onde os bois vão lavrar o próprio oceano?!"
Quando passou na Gafanha conheceu a ti Ana Arneira, "com cuja amizade me honra", como faz questão de sublinhar. "O homem foi para o Brasil há muitos anos (— É o rei dos homes!...), ficou ela e os filhos por criar. Criou-os todos. Netos, doenças, lutos."

Fernando Martins

Nota: Sugestão de leitura para os leitores do TIMONEIRO

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