P´ra que tentaste subir
tão alto, mulher vaidosa?
quem sobe assim vai cair
na lama mais vergonhosa...
Meu amor, vê se te ajeitas
a usar meias modernas,
dessas meias que são feitas
da pele das próprias pernas.
De te ver fiquei repeso,
em vez de ganhar, perdi;
quis prender-te, fiquei preso,
e não sei se te prendi.
Que feliz destino o meu
Desde a hora em que te vi;
Julgo até que estou no céu
Quando estou ao pé de ti.
Vemos gente bem vestida,
no aspeto desassombrada;
são tudo ilusões da vida,
tudo é miséria dourada.
Para não fazeres ofensas
E teres dias felizes,
não digas tudo o que pensas,
mas pensa tudo o que dizes.
Sem que o discurso eu pedisse,
Ele falou; e eu escutei,
Gostei do que ele não disse;
Do que disse não gostei.
dessa falsa sociedade
que, baseada nos mitos,
pode roubar à vontade.
Esses por quem não te interessas
produzem quanto consomes:
vivem das tuas promessas
ganhando o pão que tu comes.
Não me deem mais desgostos
porque sei raciocinar...
Só os burros estão dispostos
a sofrer sem protestar!
Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba.
António Aleixo
NOTA: Se repararem, aqui ao lado esquerdo há o registo das mensagens mais vistas no meu blogue. Na lista figura, como curiosidade, a procura das quadras de António Aleixo. Por isso, aqui publico mais algumas.