quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Maria, a Mãe do Deus Menino


ANÚNCIO DOS PASTORES 
PROVOCA ADMIRAÇÃO
Georgino Rocha

O campo dos pastores, nome da localidade por onde deambulavam os guardas dos rebanhos nas cercanias de Belém, é a zona escolhida pelo anjo do Senhor para anunciar o nascimento de Jesus que havia ocorrido numa manjedoura do curral de animais. A aparição do enviado de Deus e o anúncio que lhes faz provocam uma reacção de medo, de sobressalto, de sã curiosidade. 
Sempre assim é. O homem surpreendido nas suas rotinas teme a novidade que vem e o interpela. Praticamente todas as pessoas chamadas a uma missão passam por momentos semelhantes. Desinstalar-se e lançar-se a uma nova aventura, confiar e aceitar as consequências imprevisíveis, sentir-se envolvido, apesar da sua “pequenez”, exige realmente um coração grande, uma disponibilidade a toda a prova, uma capacidade de “aguentar” o presente onde emerge o futuro da decisão tomada.


O anjo do Senhor sossega-os e transmite-lhes a Boa Notícia “que será uma alegria grande para todo o povo”. E dá-lhes os sinais que identificam esta boa notícia. Serenos e confiantes, desafiam-se uns aos outros: Vamos a Belém, vamos ver o que aconteceu. Um novo ritmo começa na sua vida. É a vontade de acertar pelo ritmo de Deus, de aceitar o tempo da salvação em curso, de marcar a vida por outro “relógio”. Apressadamente, partem à procura dos sinais indicados. Não dispõem de GPS, nem de qualquer outro guia seguro. Procuram na escuridão da noite, conduzidos pelo brilho das estrelas e, sobretudo, pela luz interior que lhes acendeu a feliz notícia. Quantos de nós deixamos acender esta luz da consciência informada que nos guia e facilita a tomada de decisões éticas coerentes!?
Encontram o que lhes havia sido anunciado: o Recém-nascido na manjedoura, sob o olhar contemplativo de Maria, sua Mãe, e acompanhado de José, o homem justo encarregado de ser o guardião de ambos. Confirmados no anúncio recebido e cheios de alegria, narram o que lhes havia acontecido. Tudo batia certo. Até a sinfonia do coro angélico que, em suaves harmonias, cantava a glória nos céus e a paz na terra.
A sua narrativa provoca encanto e admiração. Todos os ouvintes se maravilhavam. Pela simplicidade do relato, pela novidade do acontecido, pelo feliz testemunho dos pastores, pela exacta coincidência dos factos. E não era para menos, vindo de quem vem tão auspicioso anúncio: homens marginais à sociedade, desprezados e sem “cotação” pública. A eles, o anjo do Senhor confia o primeiro anúncio de tal maravilha. Que o será para todo o sempre. Também a nós é confiado este anúncio. Que fazemos desta confiança sem reservas?
A paz surge como sinal perpétuo e luminoso desta maravilha. paz que provém da intervenção de Deus na história e que, benevolamente, confia aos homens de boa vontade. Grande responsabilidade que, anualmente nos é recordada de forma solene pela Igreja Católica, a partir da feliz iniciativa de Paulo VI. E o mundo bem precisa de valorizar todos os esforços dos construtores da paz. A guerra, os conflitos, as tensões, as “ feridas” a sangrar, a legião das vítimas, o “mundo cão” aí estão falar mais alto. 
A paz manifesta-se, como em Belém, no reconhecimento do Deus-Menino e do amor que lhe dedicam Maria e José, na harmonia do universo, na fraternidade da humanidade simbolizada nos pastores, na convergência dos magos, homens da ciência e da investigação, e na reorientação dos bens materiais para o indispensável uso humanizado. O papa Francisco dedica a sua mensagem de Ano Novo à “Fraternidade, fundamento e caminho para a Paz”. Rica. bela e oportuna mensagem, a que vale a pena dedicar toda a atenção.
Maria, a Mãe do Deus Menino, a senhora da paz, nos ensine a guardar no coração estas maravilhas e a imitar a audácia dos pastores que anunciam, sem medo, o que tinham visto e ouvido.

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