Por Sandra Costa Saldanha
Realiza-se hoje a primeira edição do Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja. Fixado a 18 de outubro, dia de S. Lucas, padroeiro dos artistas, pretende constituir um lugar de reflexão e partilha do trabalho desenvolvido pelas dioceses portuguesas, mas também debater novas propostas de atuação, avaliar dificuldades e identificar os principais desafios enfrentados.
Dedicado ao tema "Património da Igreja: Conhecer e Fruir", promove um olhar atento sobre a necessidade de dinamização dos Bens Culturais da Igreja, como meio fulcral de partilha e fruição da experiência espiritual.
São várias as frentes a que se tenta corresponder para inverter a situação de inacessibilidade de muito deste património, assente nos diversos constrangimentos de o dar a conhecer. É prioritário devolver-lhe o sentido, dar-lhe uma nova vida, que compreenda uma valorização ativa, capaz de o colocar ao serviço de todos e em proveito da comunidade.
Ultrapassando a simples dimensão da peça musealizada, são antes ferramentas litúrgicas, indispensáveis ao exercício da missão pastoral. Só in loco assumem pleno seu sentido. É essa a sua especificidade, a chave diferen-ciadora, de leitura do objeto e da sua função, na capacidade que oferecem de uma experiência dinâmica. Favorecer as suas valên-cias catequéticas, incentivar o apreço pela transmissão e vivên-cia da fé, em suma, contextualizar o discurso e enquadrar a beleza das obras segundo a sua finalidade, são objetivos essenciais.
Mas há que o reconhecer: tem-se falhado objetivamente esta pretensão, descurado esta competência única, numa perspetiva de difusão da cultura cristã. Enquanto não houver investimento particular na matéria, os Bens Culturais da Igreja continuarão a ser reduzidos a mero instrumento de fruição estética. Não há que o lamentar, pois só à Igreja compete uma tal tarefa de inversão.