SÓ MAIS CINCO MINUTOS, AVÔ!
Caríssima/o:
Neste início de um novo ano, o tempo não tem estado muito de feição para admirar a paisagem com a nossa bicicleta; porém, as nuvens escuras e as garroas caindo impiedosas convidam-nos para amenas cavaqueiras onde a boa disposição e o sorriso aberto e franco devem ser presença constante. Claro que o nosso reumatismo encosta-se à frescura dos netos e das netas e, mesmo que as pernas já estejam enferrujadas, outras motivações nos puxam para a frente.
A efabulação, o conto e a poesia são frequentes e abundam no reino da bicicleta, sendo difícil, por vezes, descortinar o limite entre o real e o imaginário.
Encontrei este escrito e pensei compartilhá-lo, conservando o seu modo de dizer:
«No parque, uma senhora sentou-se ao lado de um homem.
Ela disse:
- Aquele ali é meu filho, o de camisola vermelha deslizando no escorrega.
- Um bonito garoto - respondeu o homem. E completou:
- Aquela de vestido branco, pedalando na bicicleta, é minha neta.
Então, olhando o relógio, o homem chamou a sua neta:
- Joana, vamos! Está na hora de voltarmos!
- Mais cinco minutos, avô...Por favor!!!. Só mais cinco minutos!
O homem concordou e Joana continuou pedalando sua bicicleta, para alegria de seu coração. Os minutos passaram, o avô levantou-se e novamente chamou a neta:
- Hora de irmos, agora?
Mas, outra vez Joana pediu:
- Mais cinco minutos,avô. Só mais cinco minutos!
O homem sorriu e disse:
- Está certo!
- O senhor é certamente um avô muito paciente - comentou a mulher ao seu lado.
O homem sorriu e disse:
- O irmão mais velho de Joana foi morto no ano passado por um motorista bêbado,quando andava de bicicleta perto daqui.
Eu nunca passei muito tempo com o meu neto e agora eu daria qualquer coisa por apenas mais cinco minutos com ele.
Eu prometi não cometer o mesmo erro com Joana. Ela acha que tem mais cinco minutos para andar de bicicleta...
Mas, na verdade, eu é que tenho mais cinco minutos para vê-la brincar...»
Manuel