a uma inteligência superior
Circulava, ao fim da tarde, de regresso a casa, numa rotunda movimentada, da Cidade Invicta, quando por obra do demo, deu um “beijinho”, num carro que lhe passava ao lado.
Às sete em ponto, é hora de ponta numa grande cidade e os automóveis são como formigas laboriosas a acarretar o grão para o formigueiro. Quantas vezes se fazem tangentes tão precisas e calculadas, pondo à prova a perícia do condutor, que e a rapidez e acrobacia de movimentos mais se assemelham a uma exibição de malabarismos de circo.
Neste particular, assistiu-se a uma secante, tendo-se excedido em mícrons do milímetro, os cálculos matemáticos.
A condutora teve ali, de imediato, a reacção cáustica e bem eloquente ao seu gesto inadvertido. O receptor do “ósculo”fez ali, publicamente e no meio do tráfego que transbordava das artérias, os “agradecimentos” efusivos de quem se sente afectado na sua privacidade de condutor independente. Os impropérios desferidos fustigaram mais que as bátegas da chuva numa noite de invernia. Não vou relatar o vocabulário usado, nem relembrar as emoções que ali vieram à flor da pele, pois ......é dever nosso poupar a língua de Camões a estes exercícios verbais.
Foi, verdadeiramente, um exemplo de pura intolerância e incompreensão, perante aquele toque suave, do roçar de um veículo noutro. Apenas refiro, a título de curiosidade que nem sequer ficaram gravadas na “pele” do parceiro, as marcas do “baton”!
Não quis inteirar-se das causas nem das motivações daquele desnorte, da condutora, que incautamente desferiu aquele “beijinho”. As preocupações, as amarguras de uma mãe, por breves instantes toldaram a vista, a atenção da condutora que deixou o carro perder-se no emaranhado dum trânsito caótico, à hora de ponta.
Vivemos num torvelinho de emoções, numa correria desenfreada para alcançar o quê? Corremos atrás do tempo, na ânsia desesperada de o agarrarmos....mas, esquecemos os outros, a sua realidade, a sua circunstância. Atropelamos os outros, a cada passo, a cada movimento, sem nos determos por segundos que seja, para tentarmos compreender a razão das coisas.
Desse desajuste, desse alheamento resulta uma grande erosão nas Relações Humanas, que se vão desvanecendo entre as pessoas. Os afectos são delapidados em nome dum individualismo estéril e cresce por aí, uma multidão de pessoas cheias de razão, mas solitárias e infelizes.
Preconiza-se uma maior interferência no mundo do outro, nas razões do outro, nas motivações que levam a determinados comportamentos e a determinadas atitudes.
A tolerância vem sempre ligada a uma inteligência superior, pois a vida demonstra como num exercício matemático, que só o ignorante é intolerante!
M.ª Donzília Almeida
13.11.09
Às sete em ponto, é hora de ponta numa grande cidade e os automóveis são como formigas laboriosas a acarretar o grão para o formigueiro. Quantas vezes se fazem tangentes tão precisas e calculadas, pondo à prova a perícia do condutor, que e a rapidez e acrobacia de movimentos mais se assemelham a uma exibição de malabarismos de circo.
Neste particular, assistiu-se a uma secante, tendo-se excedido em mícrons do milímetro, os cálculos matemáticos.
A condutora teve ali, de imediato, a reacção cáustica e bem eloquente ao seu gesto inadvertido. O receptor do “ósculo”fez ali, publicamente e no meio do tráfego que transbordava das artérias, os “agradecimentos” efusivos de quem se sente afectado na sua privacidade de condutor independente. Os impropérios desferidos fustigaram mais que as bátegas da chuva numa noite de invernia. Não vou relatar o vocabulário usado, nem relembrar as emoções que ali vieram à flor da pele, pois ......é dever nosso poupar a língua de Camões a estes exercícios verbais.
Foi, verdadeiramente, um exemplo de pura intolerância e incompreensão, perante aquele toque suave, do roçar de um veículo noutro. Apenas refiro, a título de curiosidade que nem sequer ficaram gravadas na “pele” do parceiro, as marcas do “baton”!
Não quis inteirar-se das causas nem das motivações daquele desnorte, da condutora, que incautamente desferiu aquele “beijinho”. As preocupações, as amarguras de uma mãe, por breves instantes toldaram a vista, a atenção da condutora que deixou o carro perder-se no emaranhado dum trânsito caótico, à hora de ponta.
Vivemos num torvelinho de emoções, numa correria desenfreada para alcançar o quê? Corremos atrás do tempo, na ânsia desesperada de o agarrarmos....mas, esquecemos os outros, a sua realidade, a sua circunstância. Atropelamos os outros, a cada passo, a cada movimento, sem nos determos por segundos que seja, para tentarmos compreender a razão das coisas.
Desse desajuste, desse alheamento resulta uma grande erosão nas Relações Humanas, que se vão desvanecendo entre as pessoas. Os afectos são delapidados em nome dum individualismo estéril e cresce por aí, uma multidão de pessoas cheias de razão, mas solitárias e infelizes.
Preconiza-se uma maior interferência no mundo do outro, nas razões do outro, nas motivações que levam a determinados comportamentos e a determinadas atitudes.
A tolerância vem sempre ligada a uma inteligência superior, pois a vida demonstra como num exercício matemático, que só o ignorante é intolerante!
M.ª Donzília Almeida
13.11.09