Participei ontem à noite no espectáculo inaugural do Centro Cultural de Ílhavo, com Dulce Pontes numa actuação em que mostrou “O coração tem três portas”. A cantora e compositora, bem acompanhada por sete músicos, sentiu que em Ílhavo tem muitos admiradores. A sala de espectáculos do Centro Cultural de Ílhavo, inaugurado recentemente, esteve cheio e, tanto quanto sei, foram muitos os que não tiveram lugar no auditório que tem capacidade para 500 pessoas.
Dulce Pontes, que foi legitimamente apresentada como artista de referência nacional e com larga aceitação internacional, mostrou que sabe cativar o público, ora apresentando canções mais elaborados, ora mais populares. Todas elas, diga-se de passagem, com arranjos musicais bem à altura da sua voz, capaz de chegar onde a artista quer, tal é a sua amplitude e potência.
Gostei de voltar a ouvir, com toda a dimensão e sensibilidade que Dulce Pontes soube imprimir-lhes, belas melodias de Zeca Afonso, que, pelo mérito do seu criador, ocupam já um lugar de relevo entre os mais expressivos clássicos da música portuguesa, com nível para chegar fora de portas, se houver artistas, como há, com vontade e ousadia para lhes emprestarem os seus talentos. Dulce Pontes está a fazê-lo, tal como a nossa Jacinta o faz, ou não fosse ela uma cantora de jazz de referência, premiada recentemente ao nível Europeu.
FM