MÃES DE MUITOS FILHOS
Conheci em França uma instituição chamada “Missão Possível”. Propõe-se prevenir a delinquência juvenil através da ajuda escolar. É evidente que esta ajuda pressupõe a criação de um clima de acolhimento e de amor, de respeito por si e pelos outros, de disciplina e hábitos de trabalho, de cuidado e de alegria em ter ordem na vida e êxito nos projectos pessoais.
Pais, que já desistiram de ser educadores, pedem a ajuda da instituição; o estado, porque sabe que nunca será bom educador, recorre à mesma; a sociedade, se acredita que ainda é possível salvar a gente nova quando esta perdeu o rumo, apoia a “Missão Possível”. Mas também batem à sua porta professores, polícias, gente da justiça. A fundadora foi uma magistrada que tocou na miséria e na lama de muita gente nova, acreditou e não cruzou os braços.
Lá e cá, um problema preocupante, que não se pode dramatizar nem ignorar. Uma telenovela portuguesa de grande audiência, mostra a dedicação e o carinho, sem horas nem condições, da Irmã Benedita, mãe única, por opção, de filhos e filhas de muitos pais e de diversas idades.
Não faltam, entre nós, mães e pais assim, que não geraram filhos, mas o são de muitos e de modo permanente, vivendo uma realidade, não uma telenovela. Na Obra da Rua, no Frei Gil, na Obra de Nossa Senhora das Candeias, e por aí adiante… Às vezes, mais penalizados, que apoiados. Estão nisto, porque amam, acreditam e sabem que dão a vida por uma missão possível, mesmo se a sociedade os ignora e o estado os penaliza.
A. Marcelino
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Fonte: Correio do Vouga