segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Centenário do nascimento de Agostinho da Silva

Comemorações
começam hoje As comemorações do centenário do nascimento de Agostinho da Silva, pensador que continua controverso e enigmático, arrancam hoje no Centro Cultural de Belém (CCB) com o patrocínio da Ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima. As celebrações incluem colóquios, exposições, publicação de livros a edição de um selo comemorativo, a abertura da cátedra "Agostinho da Silva" na Universidade de Brasília e o baptismo de um avião da TAP com o seu nome.
As iniciativas resultam de uma parceria dos governos de Portugal e do B rasil (onde o escritor esteve exilado) e a Associação Agostinho da Silva e incluem a projecção do documentário "Agostinho da Silva: um Pensamento Vivo" e a inauguração da mostra "Agostinho da Silva: Pensamento e Acção" em cidades portuguesas e estrangeiras.
A efeméride revela que o pensador e pedagogo continua uma figura controversa e enigmática, mesmo para os que com ele privaram.
Reconhecendo que a sua personalidade sempre o intrigou, o ensaísta Eduardo Lourenço afirmou que "não era parecido com ninguém, excepto com ele próprio" e lamentou que a sua obra ainda esteja "pouco estudada".
Por seu lado, o escritor Fernando Dacosta afirmou à Lusa que se vive "um tempo anti-Agostinho da Silva", pois "a sua filosofia e utopia" não têm eco junto dos governantes, apesar de Agostinho ter sido uma figura de "grande lucidez" .
Quanto a Nuno Nabais, professor de Filosofia em Lisboa, assegurou que "não existe um 'pensamento Agostinho da Silva'" e disse acreditar que o pensador "estaria a rir-se, ao ver-se objecto de comemorações oficiais".
O escritor Baptista-Bastos, por seu lado, declarou à Lusa que Agostinho da Silva - "um grande museu clássico com um perfume de modernidade" - representa "uma grande dose de utopia, de quimera e de esperança nas infinitas possibilidades do Homem".
O filósofo e pedagogo Agostinho da Silva nasceu no Porto a 13 de Fevereiro de 1906, esteve preso no Aljube devido a polémicas com o Estado Novo e a Igreja e optou por se exilar no Brasil, onde co-fundou as universidades federais de Paraíba e Santa Catarina e a Universidade de Brasília.
Quando morreu, em Lisboa, a 3 de Abril de 1994, Agostinho da Silva deixou uma obra vastíssima que inclui textos pedagógicos, ensaios filosóficos, novelas, artigos, poemas, estudos sobre História e cultura e as suas reflexões sobre a religião.
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Fonte: PÚBLICO on-line
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Nota: Para um conhecimento mínimo do pensador Agostinho da Silva, recomendo "A última conversa - AGOSTINHO DA SILVA", entrevista de Luís Machado, com prefácio de Eduardo Lourenço; e "Diálogos com AGOSTINHO DA SILVA - O Império Acabou. E agora?", um trabalho de Antónia Sousa. Obras publicadas por Editorial Notícias.

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