domingo, 12 de fevereiro de 2006

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Religião e 'cartoons' - caricaturar caricaturas
No momento em que escrevo ainda não é possível saber todas as consequências das caricaturas de Maomé nas relações com o mundo islâmico. Por outro lado, é evidente a dificuldade que há em pronunciar-se sobre um assunto tão amplo e polémico em espaço tão limitado.
Para salvaguardar a transcendência divina, a Bíblia impõe o mandamento de Deus "Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egipto, da casa da servidão. Não haverá para ti outros deuses na minha presença. Não farás para ti imagem esculpida nem representação alguma do que está em cima, nos céus, do que está em baixo, na terra, e do que está debaixo da terra, nas águas. Não te prostrarás diante dessas coisas e não as servirás.
"A controvérsia sobre as imagens no cristianismo durou séculos e a chamada crise iconoclasta desembocou por vezes em perseguições violentas. Foi com o concílio de Niceia II (787) que, com base na encarnação do Verbo, foi reconhecida a possibilidade da representação de Cristo e a veneração das imagens. Mesmo assim, há, neste domínio, diferença entre os católicos, pródigos em imagens, os protestantes, reservados, que se limitam à cruz, e os ortodoxos, que são mestres na arte dos ícones.
Régis Debray fez notar com humor que o ano de 787 marca a data de nascimento de Hollywood, observando de modo fino que "uma cultura que honra as imagens honra também as mulheres. Velha constante das civilizações, que atravessa os tempos e as latitudes! Os que bombardeiam estátuas são os mesmos que lapidam as adúlteras. Quem fecha os museus mantém as mulheres fechadas. A inversa também é verdadeira em toda a parte onde a imagem tem direito de cidadania, a mulher tem o direito de participar".
Entre os muçulmanos, nem sempre foi interdita a imagem do Profeta. Depois, enquanto os teólogos sunitas proibiram qualquer representação humana do Divino, os xiitas reservaram a interdição a Maomé.
Pela sua própria natureza, o Sagrado é inviolável, não pode ser profanado, deve-se-lhe respeito incondicional.
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